Os funcionários do diário francês Libération entraram em greve no início da semana para protestar contra um plano de corte de 52 postos de trabalho. O sítio do jornal também parou com as atualizações de notícias. Na página principal, apenas um comunicado, datado de terça-feira (22/11), anunciando que o jornal está ‘en grève’.
Fundado em 1973 por notáveis como Jean-Paul Sartre e ainda bandeira da esquerda francesa, o Libé tem perdido cerca de US$ 580 mil por mês e viu sua circulação despencar 12% no último ano para 135 mil exemplares diários.
No projeto de ‘corte de 15% dos postos efetivos do diário’, 14 cargos seriam terceirizados e os outros 38 seriam simplesmente eliminados. Na redação, 28 empregos seriam cortados.
No começo do ano, o jornal aceitou uma injeção de US$ 24 milhões do banqueiro Edouard de Rothschild, que agora é proprietário de 38,8% do capital da companhia. Jornalistas envolvidos na greve suspeitam que os cortes de empregos tenham sido instigados por ele.
Saídas para a crise
Não é só o Libé que passa por maus bocados. A imprensa francesa em geral está em crise, com a queda da circulação e da receita publicitária nos últimos anos. Le Monde e Le Figaro estrearam há pouco tempo novas fórmulas para tentar conquistar os leitores.
O próprio Libé havia anunciado em outubro seus planos de reforma para dar maior destaque à versão online e concentrar reflexões e análises mais profundas na edição impressa. Pelos planos, as redações do impresso e do sítio seriam unidas, num conceito chamado pelo jornal de ‘bimídia’. O diário ainda promete uma reforma gráfica para o início do ano que vem. Informações de Jon Henley [The Guardian, 22/11/05] e El País [22/11/05].