Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Líder da insatisfação

Hoje, dia 1º de setembro de 2010, passei o dia com uma sensação de desânimo misturada com raiva e revolta. Não bastasse ter que ver Tiririca no programa eleitoral na noite anterior e ler o texto do Gilberto Dimenstein considerando, entre outras coisas, a candidatura do humorista como atestado de idiotice ampla, geral e irrestrita, pela manhã liguei para a Telefónica para mudar meu plano de minutos, pois está caro. Pronto. Estraguei o dia por completo.

A atendente da empresa de telefonia disse que para o meu caso o plano disponível sairia mais de R$ 64,00 por mês (só a base da conta, fora os custos de ligações etc., cobrados à parte). Mais caro que o plano que eu atualmente possuo. Muito estranho, pois há um mês, mais ou menos, um outro atendente me ofereceu um plano de valor bem menor, cerca de R$ 29,90 por mês. A moça disse que se eu não aceitava, ela poderia cancelar a linha. Eu disse: ‘Então tá, cancela.’ E a linha caiu.

Liguei novamente e passei o número do protocolo para outra moça que me atendeu. Daí, ela começou a fazer as mesmas perguntas da moça anterior: nome, CPF etc. Eu disse: ‘Mas isso não está aí, protocolado?’ E ela respondeu: ‘Não. Não tem nenhum protocolo com o número que a senhora informou.’ Para não discutir, resolvi desligar. Falei que então tudo bem, que deixasse pra lá.

Procon já manifestou repúdio à empresa

Essa não foi a primeira vez que o atendimento da Telefónica deixou muito a desejar, para não dizer que causou indignação. Eu fui mais uma das tantas (e tontas) pessoas no estado de São Paulo que deu azar e ‘fez o trio’ da Telefónica: telefone fixo, TV a cabo e speedy. Na época, tinha que formatar meu computador quase toda a semana por conta do speedy. Foram muitas ligações, uma verdadeira guerra repleta de batalhas ganhas com muito suor e gritos via telefone com os atendentes dessa empresa de origem espanhola.

Nesta mesma quarta-feira (1/09), transcorridas muitas horas depois que falei com a empresa espanhola, vejo uma notícia no portal do Estadão na internet cujo título é: ‘Telefónica reafirma compromisso com o Brasil’. A nota diz que o presidente da companhia, Cesar Alierta, esteve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília. No encontro, o espanhol reafirmou o interesse da sua empresa pelo mercado brasileiro e manifestou sua admiração pelo desenvolvimento econômico e social do país. Além disso, prestou contas ao presidente Lula, destacando investimentos de cerca de 37 bilhões de euros realizados nos 12 anos de atuação do grupo espanhol no Brasil. Isso significa, segundo a própria Telefónica, que ela é a empresa privada que mais investimentos fez no Brasil ao longo da última década.

Tal fato, merecia ser comemorado. Porém, a espanhola Telefónica, que engoliu o mercado paulista de telefonia – fruto de uma privatização não desejada pela maioria da clientela e que vem oferecendo serviços aquém do que estávamos acostumados –, desponta também na liderança do ranking de reclamações do Procon. Este órgão, inclusive, já manifestou seu repúdio a estas transações, alegando que a Telefónica é quem deve responder e fazer acordos com seus clientes, antes que um organismo público tenha que se manifestar. E a imprensa não se ocupa de cobrar esses atentados aos cidadãos.

Trata os clientes como idiotas

Anos atrás, depois que consegui desligar o meu Speedy – 12 meses de prazo cumpridos, era um contrato –, recebi uma ligação da empresa querendo saber por que eu não havia optado por outro plano, mais em conta. Não era o caso de plano mais barato; não estava satisfeita com o serviço; e fim. Continuaram ligando, fazendo pesquisas. Haja paciência.

Hoje, tenho internet a cabo da TVA. É muito boa. Funciona. A TV a cabo também. Mas isso se deve ao fato de que a Net, aqui no bairro que moro, esgotou as assinaturas novas. Ou seja, a Telefónica tomou conta do pedaço. Ou é ela, ou é ela. Não tem opção. Já o Tiririca, a gente pode escolher: votar ou não.

Quanto à TVA, nada a reclamar, porém já está mostrando as mangas e agindo como sua suposta nova proprietária. Desde que a Telefónica adquiriu a TVA, o atendimento está ficando parecido com o que a gente tem quando o assunto é linha fixa residencial. Ou seja, a empresa espanhola, trata seus clientes como idiotas que são obrigados a engolir seus serviços, suas cobranças enfadonhas (mais de 10 ligações mudas no celular em um dia), seus atendentes temperamentais, alegando que pode cobrar, que é seu direito.

Mas, e nós, clientes pagantes, que direito temos? Linhas cruzadas, números que caem errado, números que se disca e vão pra lugar nenhum. Contas confusas. Fim da cobrança de assinatura de R$ 35,00 reais para atuais R$ 54,90? Nada mudou. Só o valor cobrado é maior, para o bem da Telefónica: líder de clientes insatisfeitos.

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Jornalista, SP