Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Líderes ‘predadores’ criticam jornalistas

O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, amplamente criticado por abusos de direitos humanos e má administração, condenou a mídia esta segunda-feira (6/8) no Diálogo Internacional Langkawi, evento que reuniu, na Malásia, líderes do Sudeste Asiático e África para discutir a erradicação da pobreza. ‘A imprensa e os jornalistas são sempre motivados pelo senso de honestidade e objetividade? Ou eles são influenciados por seus próprios pontos de vista?’, provocou Mugabe, na única sessão da conferência de três dias a qual os repórteres tiveram acesso. O evento é realizado de dois em dois anos e foi plataforma para que diversos líderes destilassem críticas à imprensa.


Sob a administração de Mugabe, a inflação no Zimbábue chegou a 5.000% e o índice de desemprego, a 80%. O país está no 140º lugar de uma lista de 160 de países predadores da liberdade da imprensa, elaborada em 2006 pela organização Repórteres Sem Fronteiras. Na semana passada, Mugabe assinou uma lei permitindo que agentes de segurança monitorem linhas de telefone, e-mail e internet. Para o governo, a medida é vista como uma maneira de prevenir o crime e fortalecer a segurança nacional, enquanto grupos de defesa dos direitos humanos temem que a nova norma gere ainda mais censura à mídia.


Capacitação


Já Yoweri Museveni, presidente de Uganda – outro líder cujo relacionamento com a imprensa não foi fácil no passado –, expressou preocupações com a qualidade da educação recebida pela maior parte dos jornalistas. ‘Como alguém que não tem capacitação suficiente pode educar outras pessoas?’, questionou, referindo-se a eventos históricos que são, por vezes, erroneamente explicados por profissionais de imprensa. O governo de Museveni manteve rígido controle das notícias durante o período eleitoral no começo deste ano e um correspondente internacional chegou a ser expulso do país. Na lista da RSF, Uganda ocupa o 116º lugar.


Desvios


Para o rei de Suazilândia, Mswati II, assuntos frívolos desviam os jornalistas da tarefa de educar os leitores. O líder ganhou destaque na imprensa quando escolheu uma adolescente para ser sua 13º esposa em uma cerimônia com 50 mil virgens, em 2005. O rei, último monarca absoluto da África subsaariana, reclamou que temas importantes não são discutidos na grande mídia. Desde 1973, partidos políticos são proibidos no reino, que está na 127º posição no ranking da RSF. Informações de Clarence Fernandez [Reuters, 6/8/07].