Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mario Vitor Santos

‘O iG publica hoje em manchete que o Banco do Brasil comprou 49,99% do capital do Banco Votorantim. Só não comprou mais, ou seja, só não comprou o controle do banco porque, segundo a reportagem do iG, os gestores do Votorantim resistiram a que o banco passasse a ser gerido sob ‘regime estatal’. Certo. Que a Votorantim e seu banco desejem dar uma versão para o negócio é quase uma obrigação deles. Embora o compromisso com verdade devesse antes de tudo nortear qualquer anúncio de negócios, o que quase nunca ocorre.

Mas o que cabe ao iG? Ir a fundo nessa história. O que afinal ocorreu? O que levou o Banco Votorantim, ramo do que é considerado o maior grupo privado brasileiro, a precisar ser vendido? O grupo, aliás, está assim em condições de ser apresentado como campeão das resistências à estatização? Quando a reportagem econômica brasileira, a do iG em especial, vai se libertar das estratégias de comunicação das empresas e começar a encarar as verdades? O que está havendo é uma estatização gigante em certas áreas da economia. Isso precisa ser anunciado como tal e submetido a exame. Trata-se de um socorro a empresas privadas? Sob que argumentos? Quais as questões e interesse envolvidos?

Em lugar de questionar e descer aos fatos mais relevantes, o iG e boa parte dos veículos, diverte-se em questionar quem é maior se o Banco do Brasil ou o Banco Itaú. Ora, o tema é muito mais sério do que um mero fla-flu de bancos. Envolve grandes erros e decisões polêmicas a respeito das quais o país precisa ser bem informado, para debater e evoluir de acordo com o interesse público. Isso só ocorrerá se houver jornalismo distanciado, investigativo, objetivo, imparcial e independente.

Gaza: perseguir a notícia onde ela estiver, 8/1

Concorrentes do iG veicularam nos últimos dias entrevistas com o jornalista palestino Sameh Habeeb, que está impedido de sair de sua casa, na região leste da faixa de Gaza, vivendo um pesadelo em meio aos constantes bombardeios que o ameaçam juntamente com a sua família (mais 14 pessoas, espremidas numa casa de três cômodos). Sameh tem 23 anos e se descreve como um ‘ativista da paz’.

Sameh também descreve a situação no blog independente Gaza Strip – The Untold Story (em inglês) e publica fotos da realidade palestina do conflito em sua página no Picasa.

Os relatos, colhidos por telefone a partir do Brasil podem ser acessados aqui e na rádio Band News FM. É a demonstração de que é possível chegar aos diversos lados dos conflitos em Gaza. Basta ousar um pouco.

Enquanto isso, o iG privilegia apenas informações vindas por meio de agências que, por sua vez, baseiam-se em fontes oficiais, principalmente do lado israelense.

Caso encerrado: a ferramenta de busca agora funciona, 8/1

Em resposta ao post de anteontem, ‘Nova busca não resolve’, o responsável técnico pelo novo iGBusca, William Wanderley da Silva, envia a seguinte mensagem:

‘A sua observação ‘com sistema desenvolvido pelo Google, o iG parece que ainda não ajustou essa ferramenta em pontos imprescindíveis’, realmente é bem pertinente. A questão de termos as matérias mais recentes com prioridade nos resultados, não só é importante, mas também foi o fator diferencial na nossa escolha pelo produto’.

Silva prossegue: ‘Em seguida ao lançamento, tivemos um problema com esta configuração e por isso o resultado orgânico estava ordenado de acordo com o ranking padrão do Google. Este problema foi solucionado.’

Agradeço pela gentileza e atenção da equipe de Tecnologia da Informação do iG. Refeito o teste com os termos ‘Israel’ e ‘Santa Catarina’, o problema realmente foi sanado. O progresso é evidente no serviço para os internautas. A ferramenta, porém, ficaria ainda melhor se mostrasse o horário de atualização das notícias, como já acontece, aliás, no próprio Google Notícias.

Homepage: o iG fica para trás, 7/1

Ano novo pede novidades. Ao contrário de dois concorrentes, o iG não apresentou mudanças em sua capa. A sensação é de que 2009 começou com ar de 2008 em sua homepage. O iG deveria estudar, por exemplo, mudanças que conferissem à capa as seguintes características:

1. Mais leveza visual

Muitas imagens, banners mal colocados, excesso de animações comprometem o equilíbrio gráfico e a navegação na capa do portal. É perfeitamente possível ter indicações para todo o conteúdo iG na capa. Basta, por exemplo, adotar chamadas menores, talvez promover a volta das abas, e estudar a criação de um menu mais destacado e funcional.

2. Mais beleza

As fontes e o excesso de cores deixam a página do iG com uma aparência ‘escandalosa’. Mais sobriedade pode tornar a visualização mais agradável.

3. Criar mais espaço

Há um ajuntamento desordenado na capa. A falta de espaço entre os vários áreas e quadros de conteúdo, ferramentas, anúncios, menus, estão tornando a página um amontoado de letras e imagens. A sensação de caos é prejudicial tanto ao conteúdo publicitário como jornalístico.

Talvez seja o caso de estudar um aumento do espaço de rolagem da capa. E expressar melhor uma ordem racional. A apresentação visual deve estar a serviço da construção da identidade de um veículo que se fortaleça ao longo do tempo, ou seja, que seja sério, tenha os olhos postos também no futuro, que expresse anseios maiores, que seja também um retrato do país e de suas idéias e projetos.

4. Ferramentas mais funcionais e trabalho em equipe

As mudanças na capa dependem de decisão, esforço e convergência entre as diversas áreas, envolvendo jornalismo, comercial e, obviamente, muita tecnologia.

iG subestima internauta, 7/1

A seleção e a apresentação dos conteúdos (notícias, fotos e temas) na capa do iG muitas vezes expressa uma atitude rotineira, burocrática e de subestimação dos interesses e da inteligência do internauta. A atitude mais comum na edição é destaque repetitivo às notícias sobre ‘famosos’. Assim, o portal se omite de publicar material mais variado e informativo, e que, além disso, também pode ampliar a audiência.

Além de insistentes referências a ex-participantes do Big Brother, as ‘celebridades’ tomam conta das chamadas do ‘Minha Notícia’ (o canal que deveria ser destinado ao jornalismo participativo do iG). O mesmíssimo assunto ocupa as chamadas da área de ‘Famosos’, logo abaixo da anterior, na capa.

Destaque da capa para o Minha Notícia e para o canal de Famosos

Imediatamente abaixo, o vídeo destacado – desde ontem – é sobre uma ‘galinha boa de taco’. O galináceo ejeta um ovo que encaçapa uma bola de sinuca. O que é isso? Preguiça, falta de condições ou de orientação? Além da audiência fácil, o que pode justificar a permanência desse vídeo na capa? Não faltam vídeos de esportes (com Ronaldo Fenômeno treinando no Corinthians, por exemplo), ou sobre o conflito em Gaza e tantos outros temas, muito mais interessantes e informativos do que uma cena evidentemente armada de uma galinha que joga sinuca.

Internauta absorve erros do iG,7/1

Recebi a seguinte mensagem do internauta Luciano Costa:

‘Vi um post recente seu sobre as principais reclamações que você recebeu. Achei triste ver que são, principalmente, reclamações quanto a serviços do portal iG e quase nada sobre conteúdo do noticiário. Creio que essa área merece grande atenção e, se não está sendo comentada, os leitores podem estar absorvendo erros de coberturas (que você relata bem) sem reparar.’

O leitor ainda comenta e critica a cobertura sobre os conflitos em Gaza:

‘A cobertura da imprensa será sempre pró-Israel. Nenhuma comunidade no mundo tem a influência financeira e midiática desse ‘país’. Digo entre aspas porque Israel é uma aberração por si só, sua criação foi um grande erro injustificável. Deveríamos, então, criar Estados para cada minoria indefesa, como eram os judeus à época da criação de Israel? Ou se basear na Bíblia para reger a geopolítica mundial? Criar um estado para os curdos, para os bascos, etc? Sem contar a total desproporção na reação de Israel, que revida uma morte com 300 e ataca principalmente civis.

Os EUA, por sua vez, atacam o Hamas, eleito democraticamente. para os americanos, a democracia é o sistema perfeito de governo. Mas só quando ganha o candidato que a eles interessa. Caso contrário, é guerra ou golpe de Estado.

Gostaria que você ficasse atento para denunciar sempre essa tendência pró-Israel, injustificável.’’