Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mudanças no jornalismo da Rede Globo

Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.


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Comunique-se


Quinta-feira, 27 de março de 2008


TELEVISÃO
Marcelo Tavela


Latgé é o novo diretor da Globonews


‘Luiz Cláudio Latgé assume na quinta-feira (27/03) a direção da GloboNews. A mudança foi comunicada aos jornalistas de toda a Rede Globo em mensagem assinada por Carlos Henrique Schroeder, diretor-geral de jornalismo da emissora. Latgé assume ‘com a missão de manter a qualidade do jornalismo que ali é produzido, mas, fundamentalmente, de preparar ainda mais o canal para um momento histórico em que as fontes de informação, graças à internet, se multiplicam’, escreveu Schroeder.


A direção de jornalismo em São Paulo, cargo ocupado anteriormente por Latgé, será de responsabilidade de Cristina Piasentini, que já assumiu a posição interinamente em outra oportunidade. ‘O jornalismo local de qualidade é o ponto de contato mais íntimo que uma emissora tem com o seu telespectador, e, aprimorá-lo será, portanto, um de seus objetivos constantes’, determinou Schroeder sobre as funções de Cristina.


Rosa Magalhães, que ocupava a direção da GloboNews, será deslocada para a área de desenvolvimento de novas mídias da Central Globo de Jornalismo. ‘Com o advento da TV Digital, os celulares e outros equipamentos portáteis ganham nova dimensão, e o desafio de Rosa será justamente este: levar o jornalismo da TV Globo aonde quer que nossos telespectadores estejam’, finaliza Schroeder.’


 


 


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 27 de março de 2008


VENEZUELA
Folha de S. Paulo


Justiça nega a RCTV volta de concessão


‘O Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela julgou ontem improcedente a medida cautelar da rede privada de televisão RCTV contra a não-renovação de sua licença pelo governo Chávez. Com a não-renovação, a emissora, oposicionista, encerrou suas transmissões em sinal aberto em maio de 2007, tendo voltado ao ar, apenas via cabo, em julho.’


 


CARTÕES CORPORATIVOS
Folha de S. Paulo


Tempestade na CPI


‘O VAZAMENTO de informações sigilosas a respeito dos gastos da gestão FHC injetou boa dose de combustível na Comissão Parlamentar de Inquérito dos Cartões Corporativos, cujos trabalhos até agora vinham sendo emperrados pelo espesso governismo da maioria de seus membros. Mas não era esse o único fator a dificultar as investigações da comissão.


Até recentemente, o próprio PSDB não se arriscava a grandes impulsos de apuração no delicado campo das despesas pessoais de chefes do Executivo. Sem dúvida, porque a prudência, como se diria em Paris, ‘est de rigueur’.


Veio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, contudo, o lance dramático, o gesto radical e jacobino, ainda que tardio, capaz de liberar o oposicionismo tucano na CPI. Fernando Henrique autoriza a divulgação de seus dispêndios sigilosos.


Por que só agora? É que a tormenta de indignação gerada pelo famoso dossiê dos gastos cardosianos exigia do PSDB que abandonasse qualquer atitude defensiva. Menos mal.


A teatralidade evidente dos oposicionistas não deixa de ser mais bem-sucedida, do ponto de vista político, que a constrangedora canastrice do governo Lula, negando até o limite do mambembe seu interesse em ‘levantar’ os dados sigilosos do seu antecessor. Fracassado o fugaz sainete do ministro da Justiça, Tarso Genro, em torno de um suposto pedido do Tribunal de Contas da União para conhecer os gastos de FHC, veio o emocionante telefonema de Dilma Rousseff, a mãe do PAC, agora acusada de madrinha do dossiê, à ex-primeira-dama Ruth Cardoso.


Nem por isso amainou essa verdadeira tempestade em copos de champanhe. Investigue-se o vazamento; quebrem-se todos os sigilos, passados e presentes; governo e oposição têm mais o que fazer, decerto, do que comparar os respectivos gastos de copa e cozinha. E, se de suas mútuas picuinhas emergir algum escândalo de peso, pelo menos a comédia terá valido o seu ingresso.’


 


Lucas Ferraz


PSDB pede que procurador-geral apure vazamento de dados sobre gastos de FHC


‘O PSDB entrou ontem com uma representação na Procuradoria Geral da República para que o órgão apure quem são os responsáveis pela elaboração e pelo vazamento do dossiê com informações sobre os gastos do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) com contas tipo B nos anos de 1998, 2000 e 2001.


Baseado na reportagem publicada na revista ‘Veja’ do fim de semana, que revelou o vazamento do dossiê, o partido pede, na representação, a apuração ‘de possíveis crimes e atos ímprobos’. Além de gastos do ex-presidente e de sua mulher, Ruth Cardoso, o suposto dossiê enumera ainda despesas realizadas por assessores -há insinuações sobre o desvio de recursos públicos para a campanha de reeleição de FHC.


‘Houve violação do sigilo funcional e do segredo profissional’, afirmou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), um dos membros da CPI dos Cartões Corporativos. ‘São responsáveis pelo vazamento, além da Casa Civil, a Secretaria da Presidência, os ministérios da Justiça e do Planejamento, além da Controladoria Geral da União.’ A Casa Civil abriu um sindicância interna para apurar o vazamento.


Além de Sampaio, participaram da conversa com o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, que durou pouco mais de 20 minutos, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), a senadora Marisa Serrano (MS), que preside a CPI dos Cartões, e o líder do partido na Câmara, José Aníbal (SP). Os tucanos alegaram que os dados revelados foram considerados sigilosos pelo próprio governo.


Por meio da assessoria de imprensa, Antônio Fernando disse que vai analisar o pedido para ver, inclusive, se a Procuradoria Geral da República é o órgão competente para realizar a investigação. ‘Estou otimista’, disse Sampaio. ‘Não é perfil do procurador retardar tal tipo de pedido.’ Os outros tucanos foram mais comedidos.


Não há prazo para o órgão decidir se haverá investigação.’


 


TEATRO
Celso Frateschi e Juca ferreira


Incentivo ao teatro?


‘O TEATRO no Brasil celebra o seu dia internacional unido na insatisfação quanto aos mecanismos de financiamento e dividido quanto às possíveis soluções desses impasses. Entre as soluções, tramita no Congresso um projeto de lei que cria a Secretaria Nacional de Teatro para apressar o fluxo de pedidos de financiamento via renúncia fiscal, que seria ainda mais facilitado por mecanismo semelhante à Lei do Audiovisual, que permite o abatimento de até 125% (sic) sobre o valor financiado.


Seguindo a máxima de que não devemos propor o novo sem entender o velho, sob o risco de o novo já nascer envelhecido, sugerimos a análise da eficiência e da eficácia dos mecanismos vigentes, uma vez que a nova proposta baseia-se nos mesmos princípios da Lei Rouanet, que todos querem mudar.


O principal objetivo da Lei Rouanet é estimular a economia da cultura, proporcionando aos cidadãos brasileiros maior acesso à cultura produzida em nosso país. No entanto, antes da lei, as temporadas de nossos espetáculos tinham de seis a oito seções semanais. Hoje são duas a três seções por semana. Por que percebemos essa radical redução?


Muitos alegam que não há mais público para longas temporadas. Se isso é verdade, como parece, é mais um motivo para questionarmos o mecanismo atual. Ao cabo de quase duas décadas de aplicação da Lei Rouanet, a atividade teatral diminuiu, pelo menos em termos relativos. O número de produções cresceu, mas elas estão cada vez mais concentradas na região Sudeste. Como explicar o aparente paradoxo?


Quase todos os recursos da Lei Rouanet para o teatro são aplicados na montagem do espetáculo e na manutenção de uma temporada cada vez mais curta. Por quê? Não seria porque o empresário, que visa o lucro -e é natural que seja assim-, foi induzido a produzir cada vez mais montagens, ao perceber que o seu lucro não vem da bilheteria, o que seria desejável numa economia saudável, mas está embutido no processo de produção?


Se a razão de ser do espetáculo não é mais o público, que sentido pode existir nesse teatro?


O teatro movimenta um número cada vez maior de recursos da Lei Rouanet: R$ 44.376.571 em 2000 e R$ 107.967.652 em 2007. O preço do ingresso é cada vez mais caro, chegando a custar um salário mínimo -e aí chegamos no limite de um espetáculo, financiado com dinheiro do cidadão, ter o ingresso mais caro que o salário de quem o subsidia.


Pode-se alegar que o teatro não se auto-sustenta economicamente e que sempre precisará de subsídios.


Um exemplo de que isso nem sempre é verdade é o caso de um proponente que, em cinco anos, captou mais de R$ 40 milhões. As montagens foram sucessos retumbantes e geraram lucros significativos. Não obstante, a companhia sempre requisitava, a cada montagem, mais recursos. O último pedido, negado pelo Conselho Nacional de Incentivo Cultural, chegava a R$ 27 milhões.


Isso sugere que o teatro pode dar lucro e que tal lucro pode estar sendo aplicado em outros setores da economia. Recentemente um empresário teatral carioca disse ao jornal ‘O Globo’ que ‘o teatro é um ótimo negócio’. O teatro, ao menos para alguns, não é inviável economicamente.


Com a Lei Rouanet, os orçamentos públicos para a área de cultura escassearam, com exceção do federal e de raros casos estaduais e municipais. A distorção chega ao ponto de TVs públicas, orquestras sinfônicas, o Sistema S e até a Funarte precisarem se utilizar da Lei Rouanet.


Alguns produtores argumentam que os mecanismos vigentes protegem a produção dos humores do orçamento público, mas os valores aprovados para captação crescem ano a ano, e os valores captados, que dependem dos orçamentos das empresas, tiveram uma queda em 2007.


O teatro não é apenas uma atividade econômica. É uma forma de expressão e de construção de conhecimento, que engrandece o cidadão na sua humanidade e sociabilidade. É uma arte pública e possui na sua própria essência o ato político da cidadania. É um exercício de liberdade que expõe, pela representação, o homem em suas relações, num ato ao mesmo tempo individual e coletivo.


Comemoramos o Dia Internacional do Teatro com velhas angústias e velhas e novas esperanças, mas com ânimo renovado para o debate e para a busca de soluções mais estruturantes para a atividade, que atendam o teatro não apenas como atividade econômica, mas também na sua dimensão simbólica e, principalmente, como direito do cidadão.


CELSO FRATESCHI , 56, ator, diretor e autor de teatro, professor de arte dramática da USP (licenciado), é presidente da Funarte (Fundação Nacional de Arte). Foi secretário municipal de Cultura de São Paulo e diretor do Departamento de Teatros da secretaria (gestão Marta Suplicy).


JOÃO LUIZ SILVA FERREIRA , o Juca Ferreira, 59, sociólogo, é secretário-executivo do Ministério da Cultura.’


 


Valmir Santos


Reencontro com Nelson


‘Nos anos 90 ou nesta década, era comum deparar com Antunes Filho ensaiando ou dirigindo tragédias gregas. Fincou pé na possibilidade de um ator brasileiro capaz de trazer à luz Eurípides ou Sófocles sem os estereótipos da representação do gênero, a começar pela voz.


Ao retornar agora a Nelson Rodrigues (1912-1980), quase 20 anos depois, ele monta um dos mais potencialmente trágicos textos da dramaturgia nacional, ‘Senhora dos Afogados’, lançada em 1947.


‘Aqui, a tragédia grega pode até ser um antimodelo para mim: acho que encontrei o equilíbrio entre um drama que às vezes beira o trágico, mas se permite as estocadas de humor.


O Nelson Rodrigues tem um pouco o espírito de porco, ele vai e cutuca, mas, se bobear, vira dramalhão’, diz o diretor do Centro de Pesquisa Teatral, que fica no Sesc Consolação, em São Paulo. É no teatro anexo àquele prédio, o Sesc Anchieta, que o CPT e o grupo Macunaíma estréiam amanhã um dos espetáculos mais aguardados do ano. Antunes, 78, está entre os criadores que ajudaram a desconstruir as convenções pornográficas ou melodramáticas em torno da obra do autor, principalmente no período dos anos 80. Já assinou cinco espetáculos, de 1965 a 1989, incluindo adaptações.


Apesar da bagagem, diz que encontrou mais dificuldades para ‘navegar’ no seu novo Nelson -metáfora pertinente à sedução das águas na peça, ‘mar que não devolve os corpos e onde os mortos não bóiam’, como diz uma das personagens.


Pai e filha


Dificuldades não só estéticas, mas conceituais. Fica entusiasmado ao partilhar lampejo que experimentou no processo com a equipe de ‘Senhora dos Afogados’. ‘É a tragédia da esterilidade’, afirma.


Ou seja, o percurso da mulher que assassina as irmãs pela ambição de ser a filha única -e mulher de seu pai, já que empurra o próprio noivo para a mãe, que também morre- tem como desfecho a impotência.


Misael, o pai, morre no colo de Moema, a filha. Ela evita acariciar o corpo. ‘As mãos dela não têm mais utilidade. Matou tudo e todos para ter e não teve, não conseguiu, falhou’, diz Antunes.


Segundo ele, essa atmosfera lembra o espanhol Federico García Lorca em ‘Yerma’, que dirigiu em 1962, no TBC. ‘Ao contrários das personagens gregas, em ‘Senhora dos Afogados’ não há a dimensão do sofrimento perpétuo. Morreu, acabou. É mixo, é brasileiro. É a tragédia brasileira.’


Essa dimensão também alcança o coro de vizinhos que testemunha e, às vezes, interage com os sofrimentos da família Drummond no casarão à beira-mar. Do cais, ouvem-se o lamento e a reza das prostitutas. Ao inconsciente coletivo (Jung) com o qual lida há tempos, o diretor conjuga o inconsciente estruturalista (Lacan) em busca do que acredita síntese tupiniquim dessas ‘figuras espectrais’.


‘Viração’


‘Os personagens do coro são capachos, o brasileiro sufocado pela sociedade patriarcal, hipócrita. O coro não tem a nobreza, ele está se virando, não teve vez. É o pessoal da ‘viração’, que desabafa contando piadas, tirando um sarro do sapato do outro ou quebrando um telefone público quando ninguém está vendo’, ilustra o diretor.


‘Os vizinhos e as mulheres do cais são versões modernas das Erínias, deusas da vingança e do castigo, que nas tragédias gregas atormentavam os protagonistas. Mas são versões degradadas, que nada têm de sobrenatural’, diz a pesquisadora Leyla Perrone-Moisés no programa da peça.


O projeto artístico de Antunes quer falar de civilização brasileira. ‘Não adianta melhorarmos o nível econômico se não tivermos um nível cultural bom. Vira pão e circo’, afirma.


‘Estou com o saco cheio de ter Pelés. Não pode ter um ali, outro lá, tem que ser todos, tem que dar uma assistência social e uma assistência cultural a todos’, diz.


Como artista, ele se diz ‘sufocado, desesperado com a sociedade de consumo’. E a ação social que Antunes diz almejar, a partir do que constata, é por meio da arte. Ainda neste ano, gostaria de ministrar o curso ‘O Olho do Espectador’, dois dias de encontro, com três horas cada um, no qual falaria aos participantes sobre o trabalho do ator e do encenador, para início de conversa. ‘O diretor massacra a platéia.


Eu já massacrei, com imagens, com sons, os atores gritando. Isso anestesia o público. Queria mostrar o que é um ator bom, o que é um ator estereotipado.’


SENHORA DOS AFOGADOS


Quando: estréia amanhã; sex. e sáb., às 21h, e dom., às 19h; até 27/7


Onde: teatro Sesc Anchieta (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 0/xx/11/3234-3000)


Quanto: R$ 5 a R$ 20′


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


A maioria


‘No terceiro destaque na home page da Folha Online ao longo da tarde, ‘Quase 12 milhões de brasileiros deixam as classes D e E em um ano’. E no segundo destaque na home do portal G1, também à tarde, ‘Classe C tem mais brasileiros do que D e E’. Foi um levantamento da financeira Cetelem, nada estatal, parte do grupo francês BNP Paribas, em parceria com o Instituto de Pesquisa Ipsos.


Noutras palavras, abrindo texto de Karen Camacho na Folha Online, ‘as classes mais baixas da população deixaram de ser maioria no Brasil’.


A COMANDANTE


Na manchete da Reuters Brasil ao longo do dia, ‘Dilma adota discurso político em inauguração de obras do PAC’. Foi em Canal do Jordão, em Pernambuco, e a ministra-chefe da Casa Civil seria ‘citada em praticamente todos os discursos como uma ‘mulher arretada’, ‘guerreira’ e ‘comandante’. Lula, também no palanque, proclamou, ‘vamos fazer o sucessor’, destaque no UOL.


No mesmo UOL, embaixo, oitava chamada no meio da tarde, ‘CPI rejeita convocar Dilma para explicar suposto dossiê’. Já para a manchete da Veja On-line, ‘Convocação de Dilma é barrada por governistas’.


CHÁVEZ E O BRASIL


Hugo Chávez, também em Recife, defendeu uma ‘Otan’ para a América do Sul, o conselho de defesa do ministro Nelson Jobim, como destacou o portal Terra. Afirmou que ‘era o plano de Bolívar’.


Mas o que repercutiu mais on-line, a começar do UOL, foi sua declaração de que a economia brasileira pode até superar a dos EUA. ‘É a maior latino-americana e poderá ser a maior do continente’.


MCCAIN E O BRASIL


Nas manchetes dos portais, no início da noite, ‘John McCain diz que o Brasil deveria integrar o G8’. Com ironia, o UOL registrou em sobretítulo, ‘País do futuro?’.


Em campanha, o republicano defendeu o G8 como ‘um clube das principais democracias de mercado’, que ‘deveria incluir Brasil e Índia e excluir a Rússia’. Evitou incluir ou excluir a China, ditadura e também fora do G8.


A EXTERMINADORA


Maureen Dowd, do ‘New York Times’, voltou a atacar Hillary Clinton, ‘The Terminator’, por persistir.


Mas o ciclo noticioso, ontem na campanha americana, já havia se transferido para a resposta dada por Hillary às pressões, em entrevista com podcast no site da ‘Time’. Ela reafirmou que continua e defendeu suas chances. Ao fundo, com eco nos sites de intenso foco eleitoral, como o Politico, pesquisa Gallup apontou que quase um terço dos eleitores de Hillary vota McCain, se ela não for candidata. E líderes democratas já falam em ‘desastre’.


VALE & CESP


O ‘Wall Street Journal’ destacou os ‘dois acordos multibilionários’ de fusão e aquisição, M&A na sigla em inglês para o setor, que ‘desmoronaram na terça-feira’. A saber, a negociação da Vale para comprar a Xstrata e a privatização da Cesp.


Os dois acontecimentos ‘lançam sombra’ sobre outros eventuais acordos e apontam para ‘declínio global em M&A’. O ‘WSJ’ arrisca que ‘o foco’ do setor pode agora mudar para a Ásia e seus fundos soberanos.


CONTRAPESO


Uma resposta ao ‘fracasso’ nos negócios de Vale e Cesp foi a fusão, anunciada antes do esperado, entre Bovespa e BM&F. Foi o que o ‘Jornal Nacional’ levou ontem à escalada, em manchete retumbante. E foi o que o correspondente do ‘Financial Times’ destacou, no dia.


Por outro lado, Bloomberg e outras agências despacharam a previsão da associação dos bancos de investimento de que neste ano o setor de M&A será ‘quente’, pode bater ‘recorde’, por aqui.


NO RIO


‘Treze casos novos por hora, 54 mortos, os números da dengue se agravam no Rio.’ Pelo terceiro dia, o ‘JN’ abre com a doença, voltando fogo contra prefeito e governos estadual e federal. Concentrou-se em mortos e crianças, num quadro de cidade em crise, a exigir salvação.’


 


INTERNET
Kátia Brasil


Vídeo na rede desafia decisão do TRE-AM


‘Depois que o Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas alegou falta de provas para arquivar ação que acusava três políticos do PMDB de compra de votos, o Ministério Público Eleitoral colocou ontem em seu site (www.pram.mpf.gov.br) link para um vídeo em que dois dos suspeitos parecem pedir votos em troca de tratamento dentário na clínica Fundação Prodente, em Manaus.


O vídeo, gravado durante a campanha de 2006 e periciado pela Polícia Federal, foi a principal prova da denúncia formalizada pelo Ministério Público.


A ação apontava abuso de poder econômico e político e pedia a inelegibilidade do deputado estadual Nelson Azêdo e dos vereadores Nelson Amazonas (filho do deputado) e Ari Moutinho da Costa Filho (filho do corregedor do TRE, desembargador Ari Moutinho).


Na segunda-feira, no julgamento, o TRE disse que o CD com o vídeo não constava dos autos do processo, que foi arquivado por falta de provas.


O Ministério Público afirma que o CD sumiu do processo e pediu investigação da polícia. Também anunciou que vai recorrer ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).


‘A decisão foi injusta’, afirmou o procurador eleitoral Edmilson Barreiros. ‘Não enxergou provas cabais e deu valia a um ato criminoso’, disse.


No vídeo, os suspeitos citam o governador Eduardo Braga e o senador Gilberto Mestrinho, ambos do PMDB e então candidatos à reeleição -Mestrinho foi derrotado. No julgamento do TRE, todos os acusados foram absolvidos por 3 votos a 2.


Por meio da assessoria, o TRE disse que não houve sumiço do CD, e sim que o Ministério Público não juntou aos autos essa gravação.


Nelson Azêdo e Nelson Amazonas não foram localizados. Ari Moutinho Filho confirmou que esteve na clínica, mas disse que foi para uma reunião.’


 


Folha de S. Paulo


Brasil já tem 22 milhões de internautas residenciais


‘O número de internautas residenciais brasileiros cresceu 4,5% em fevereiro, em relação a janeiro deste ano. No último mês, 22 milhões de pessoas no país navegaram na rede ao menos uma vez, em casa, contra 21,1 milhões de janeiro, segundo o Ibope/NetRatings.


‘Além do recorde, vivemos o maior ‘boom’ de crescimento desde o início das medições no país’, disse Alexandre Sanches Magalhães, gerente de análise do Ibope.


Em relação a fevereiro do ano passado, houve crescimento de 56,7% nos acessos.


A categoria com maior aumento na audiência foi ‘Educação e Carreira’ (14,4%), com 10,8 milhões de internautas residenciais. A seção tem sites de educação ou ligados à busca de empregos e foi alavancada principalmente por portais de universidades, que costumam ter apelo no início do ano letivo, segundo o Ibope.


Na segunda posição, estão os sites institucionais (10,3%), seguidos dos portais de notícias (9,3%). Segundo Magalhães, o crescimento dos endereços corporativos indica que ‘estamos observando a transferência do contato cliente-empresa para as páginas da internet’.


O Brasil se mantém com os usuários que mais tempo ficam conectados, passando, em média, 22 horas e 24 minutos on-line por mês. Houve queda de 48 minutos na comparação com janeiro.


No terceiro trimestre, 39 milhões de pessoas acessaram a web de qualquer ambiente no país.’


 


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Jornal domina noticiário na internet e ganha leitor


‘Apesar das novas fontes para acesso à informação, com a internet, hoje os americanos consomem mais o que é produzido pelas redações da mídia tradicional, ‘particularmente de imprensa’, do que antes.


A conclusão é do relatório The State of the News Media 2008, o estado da mídia noticiosa, lançado nesta semana pelo Projeto para a Excelência em Jornalismo, que surgiu na Universidade Columbia e hoje é vinculado ao instituto Pew.


‘On-line, por exemplo’, argumenta o relatório, ‘os dez principais sites de notícias, em sua maior parte de marcas tradicionais, estão mais para uma oligarquia’ do que para a democratização via internet prevista por obras como ‘A Cauda Longa’ (ed. Campus, 2006), de Chris Anderson.


Nos jornais dos EUA, ‘as perdas em circulação, ainda que não estejam se acelerando, prosseguiram’ em 2007, mas a ‘audiência total, incluindo os sites, está em alta’. E ‘há mais sinais de inovação do que antes’, nas redações.


Confiáveis


Sobre a audiência on-line, o relatório reproduz cálculo da Associação de Jornais da América, para visitantes únicos mensais: no terceiro trimestre de 2007, resultado 3,7% superior a igual período de 2006.


De modo geral, diz o relatório, ‘o número de americanos que se informam on-line está crescendo, e muitos deles estão indo para marcas estabelecidas confiáveis’.


No ranking dos dez sites de notícias de maior audiência nos EUA, que o relatório reproduz do instituto Nielsen, a liderança é do Yahoo News, que tem parceria com mais de 400 jornais diários.


E o maior crescimento no ano foi do Google News, agora em oitavo na lista e que fechou parceira com cerca de 600 jornais diários.


As marcas tradicionais na relação são CNN, NBC, ABC e CBS, originárias da televisão, e ‘The New York Times’, ‘USA Today’ e a rede Gannett, originárias da imprensa.


Em contraste, sublinha o State of the News Media 2008, ‘apesar da proliferação dos blogs, dados sugerem que a maioria dos americanos ainda não os aceitam como fontes significativas de informação’.


O relatório reproduz pesquisa do instituto Zogby, em 2007, em que os blogs apareceram no final da lista de fontes ‘importantes’ para notícias, com 30%, ‘muito atrás de sites (81%), televisão (78%), rádio (73%), jornais (69%) e revistas (38%)’.


Ficavam atrás também de ‘amigos e vizinhos’, que 39% dos norte-americanos consideram importante fonte de informação.


O grande problema


O Projeto para a Excelência em Jornalismo avalia que a questão é outra. ‘Mais e mais, o grande problema a ser enfrentado pela mídia tradicional é menos ‘onde’ as pessoas obtêm informação e mais ‘como’ pagar por ela: é a realidade emergente de que a publicidade não está migrando para os sites junto com o consumidor.’


Foi o que o relatório ouviu de ‘publishers’ americanos, falando em ‘dificuldade de mudança’ nas áreas comerciais dos próprios jornais e nas agências de publicidade.


O crescimento do faturamento com publicidade nos sites de notícias, segundo o TNS Media Intelligence, citado no relatório, diminui ano a ano. Segundo o Interactive Advertising Bureau, o crescimento da publicidade on-line, de modo geral, vem diminuindo.’


 


MÍDIA
Folha de S. Paulo


Acionistas aprovam fusão de Thomson e Reuters


‘A aprovação dos acionistas para a aquisição da agência de notícias Reuters pela Thomson pode formar maior provedora mundial de informações financeiras.’


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Globo vai produzir conteúdo para celular


‘A Globo começará até o final do ano a produzir conteúdo para telefones celulares. A rede avalia que haverá uma ‘explosão’ nas vendas de telefones receptores de TV digital, a serem lançados nos próximos meses.


A expectativa é baseada em pesquisa, feita em São Paulo, que mostrou que 80% do público estaria disposto a comprar celulares receptores de TV.


Para Octavio Florisbal, diretor-geral da Globo, a emissora precisa o quanto antes produzir conteúdo específico para celulares e miniTVs digitais.


Florisbal aposta em um conteúdo de curta duração, porque o telespectador de celular e miniTV não terá muito tempo para se dedicar ao aparelho, pois estará em trânsito.


Inicialmente, a Globo planeja produzir programetes dirigidos a esse público, mas exibidos nos intervalos da programação convencional _portanto, acessíveis por todos os telespectadores. Seriam boletins noticiosos e ‘pílulas’ de programação, entre a ‘Sessão da Tarde’ e a novela das seis, para quem está voltando para casa.


A programação para celulares será inicialmente nos intervalos da convencional porque a legislação não permite que uma rede transmita um sinal para telefones e outro, diferente, para televisores fixos, embora isso seja possível tecnicamente.


‘No futuro, se a legislação permitir, podemos fazer para os celulares programação totalmente diferente’, diz Florisbal.


GRADE A Globo definiu sua grade de programação a partir da semana que vem. As novidades são ‘Dicas de um Sedutor’ às quintas (depois de ‘A Grande Família’), ‘Casos e Acasos’ às sextas (após ‘Globo Repórter’) e ‘Faça Sua História’ aos domingos (depois do ‘Fantástico’). ‘Toma Lá Dá Cá’ segue às terças (após ‘Casseta’). Outro programa novo, ‘Guerra e Paz’, continua em produção, mas sem data de estréia. ‘Profissão Repórter’ terá uma edição por mês.


DELEGAÇÃO A Globo anunciou ontem que terá 200 profissionais na cobertura das Olimpíadas de Pequim _130 irão do Brasil. Serão ao todo 18 repórteres, com Pedro Bial encabeçando o ‘elenco’. A emissora terá duas equipes munidas de transmissores móveis para entradas ao vivo.


URUCA 1 Nos últimos dias, o telejornal ‘Aqui Agora’ (SBT) foi apresentado por apenas dois profissionais (Joyce Ribeiro e Luís Bacci), e não por quatro. Um deles, Herberth de Souza, foi demitido após dar um soco em um produtor. Já Christina Rocha, com conjuntivite viral, teve de se afastar.


URUCA 2 Christina Rocha foi a terceira vítima de inflamação na conjuntiva no ‘Aqui Agora’. E olha que o programa está no ar há apenas três semanas.


EM ALTA Com Ana Maria Braga na casa do ‘BBB’, o ‘Mais Você’ (Globo) registrou anteontem média de 12 pontos, o dobro da Record no horário. Nas últimas semanas, o programa vinha marcando oito pontos.’


 


Mônica Bergamo


‘Não vou sair batendo de porta em porta’


‘Na ‘geladeira’ desde o ano passado e a nove meses do fim do contrato com o SBT, o apresentador Carlos Massa, o Ratinho, diz preferir rezar ‘a missa das 7h ‘ a apresentar o ‘Aqui Agora’ -recentemente, surgiram notícias de que ele poderia comandar a atração. Ratinho diz à coluna não acreditar que Silvio Santos renovará seu contrato com a emissora.


FOLHA – Você foi mesmo cotado para o ‘Aqui Agora’?


RATINHO – Se mandar eu rezar missa das 7h às 8h, eu rezo. Mas não quero ir pro ‘Aqui Agora’. É um programa parado, chato, morno. Sabe água morna que não dá nem pra fazer chá?


FOLHA – Mas você está na ‘geladeira’ do SBT. Como se sente?


RATINHO – Me sinto gelado. Mas o Tarcísio Meira fica quatro anos na ‘geladeira’ da Globo e, quando volta pra novela, é sucesso. Quero renovar com o SBT, mas voltar para fazer o ‘Ratinho Livre’ [que ele fez na Record, entre 1997 e 1998], um programa desorganizado, extrovertido, que é só isso que eu sei fazer. Mas o Silvio ainda não percebeu isso. Já apelei muito porque precisava me destacar. Não quer mais baixaria, nem DNA? Tudo bem, vamos focar no humor. Mas acho que o Silvio não vai me dar outra oportunidade.


FOLHA – Tem conversado com ele?


RATINHO – Não falo desde dezembro. Se não me chama, é porque não deve ter nada para falar. Também não vou procurar ninguém.


FOLHA – Ter uma retransmissora do SBT [a Rede Massa, do Paraná] é um entrave para negociar com outra emissora?


RATINHO – O ideal seria que a rede do Carlos Massa retransmitisse o Ratinho, mas isso não é um problema [caso mude de emissora]. Quando meu contrato acabar [em dezembro deste ano] vou ficar no meu escritório aguardando propostas. Não vou sair batendo de porta em porta de emissora, não.


FOLHA – O que costuma ver na TV?


RATINHO – Gosto de filmes, jornais e novelas, principalmente as das 18h. Curto trama de época. As melhores são as do Walter Negrão. Não gosto muito das do Walcyr Carrasco porque ele bota gente brigando por comida, um pedaço de bolo, isso não é real. Ele deve ter passado necessidades na infância.’


 


Laura Mattos


Justus desiste de programas de TV


‘O publicitário Roberto Justus anunciou anteontem ter desistido de se tornar um produtor de programas de TV. Ele havia acabado de abrir uma produtora, a Brainers, e tratado pessoalmente da contratação milionária de Milton Neves. Também acertara com Augusto Liberato que utilizaria seus estúdios em Alphaville.


Neves deixou a Record para assinar com Justus, que fechou acordo para produzir o ‘Terceiro Tempo’ e outro programa diário para a Band. O acerto, segundo Neves, previa até que o pastor R.R. Soares deixaria de ocupar o horário nobre da rede para dar espaço a seu programa. Justus falou sobre o fim do projeto em entrevista coletiva sobre o lançamento de ‘Aprendiz 5 – O Sócio’, cujo vencedor terá participação na Brainers.


Ao ser questionado pela Folha se o vencedor do programa da Record iria trabalhar na criação de programas para concorrentes, Justus respondeu: ‘Estou parando a produtora de TV. Teria que me dedicar muito e percebi que poderia haver conflito de interesses e desconforto com a Record e com meu trabalho como publicitário’.


Sobre a contratação de Milton Neves, respondeu que ‘nada impede que ele negocie diretamente com a Band’. Além disso, a produtora pode continuar com outros sócios. Hélio Vargas, ex-diretor da Record, era seu sócio no negócio.


Procurada pela Folha, a assessoria de imprensa afirmou não ter sido informada sobre a saída de Justus da produtora.


Milton Neves afirmou à Folha que ‘soube por cima do desacerto entre Justus e a Band’.


‘Eu sou contratado da Brainers por dois anos. O Justus me tirou pessoalmente da Record, e a Band já estava com chamadas no ar da estréia do ‘Terceiro Tempo’ no dia 30. Se não der certo, vou ser o apresentador sem programa com o maior salário da televisão’, disse.


Neves afirmou também que está doente, com gripe forte, e que não teria condições de estrear o programa no dia 30.


‘Aprendiz’ celebridades


‘Aprendiz 5 – O Sócio’ estréia na Record em 6 de maio. Desta vez, os candidatos não irão propor um negócio, e sim concorrer a entrar como sócio na Brainers, que, segundo Justus, apesar de não atuar como produtora de TV, continuará como ‘incubadora de negócios’. Para o próximo ano, a Record avalia a possibilidade de trazer para o Brasil o ‘Aprendiz’ com celebridades, que está no ar nos EUA. Justus disse que poderá continuar no comando.’


 


 


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 27 de março de 2008


O ESTADO DA MÍDIA
Eugênio Bucci


Cyberutopias e jornalismo


‘O relatório The State of the News Media de 2008 (www.stateofthenewsmedia.org), divulgado este mês, traz uma radiografia, quer dizer, uma tomografia computadorizada do estado da imprensa nos Estados Unidos. Conduzido pelo Project for Excellence in Journalism, é vasto, quase exaustivo. Se publicado em livro, teria mais de 700 páginas. Ao mesmo tempo, é detalhista e analítico. O diretor do Project for Excellence in Journalism, Tom Rosenstiel, é a pessoa certa no lugar certo, como demonstra um dos livros que escreveu em parceria com Bill Kovach, The Elements of Journalism (New York: Three Rivers Press, lançado em 2001 e atualizado em 2007). A partir de centenas de conversas com profissionais e estudiosos da imprensa, essa obra procura identificar e definir os elementos essenciais do jornalismo em tempos de transformação. O relatório The State of the News Media, publicado anualmente desde 2004, parece perseguir a mesma pergunta e o mesmo método.


Em 2008, o estudo noticiou com destaque o incremento da liderança das redações convencionais no ambiente da internet: ‘Em que pese a existência de novas fontes, as pessoas consomem mais as notícias que as redações da velha mídia produzem.’ O cenário é interessante. Os dez sites noticiosos de maior audiência, em sua maioria extensões de marcas já consagradas na televisão ou na chamada ‘imprensa escrita’ – como CNN, com 29,1 milhões de visitantes únicos por mês em 2007, ou The New York Times, com 14,7 milhões -, exercem praticamente uma ‘oligarquia’, nos termos do relatório, dentro da rede. No jornalismo online, a concentração de audiência é ainda maior do que a verificada na mídia convencional. Os dez maiores sites respondem por 29% do total, enquanto os dez maiores jornais impressos representam apenas 19% do mercado. Essa concentração segue em crescimento, contrariando as previsões de que o aumento exponencial do número de portais, blogs e sites estilhaçaria o domínio de marcas tradicionais. Chama a atenção o avanço do New York Times, cuja audiência (em visitantes únicos por mês) deu um salto da ordem de 20% entre 2006 e 2007.


Diante desses dados, o que dizer das profecias que garantiam que a indústria e o mercado perderiam centralidade? Estavam todas furadas? Bem, ao menos em parte, estavam furadas, sim. É verdade que os cenários continuam indefinidos. A transição em que nos encontramos tende a perdurar e não se deve esperar que as coisas se imobilizem. De agora em diante, ao contrário, é bem possível que a idéia de transição vire um componente da idéia de estabilidade, ou seja, o sujeito – bem como as instituições – será cada vez mais desafiado a se localizar, a encontrar um equilíbrio mais ou menos estável, num mundo em movimento permanentemente, arranjado segundo configurações mutáveis e mutantes. Surpresas virão por aí. Ainda assim, é possível concluir com alguma segurança que os grandes títulos, a despeito dos vaticínios, não morrerão tão cedo.


Os dados recentes mostram que não há incompatibilidade entre os jornais tradicionais e as ‘novas mídias’. Há contradições, muitas vezes, mas não incompatibilidades. Apesar de esse debate ter enveredado por discursos utópicos e melodramáticos, em que os blogs ficam com o papel de mocinhos e tudo o que seja convencional representa o vilão, os fatos indicam uma complementaridade entre uns e outros. Um dos mais inteligentes estudiosos das redes interconectadas, Yochai Benkler, autor de The Wealth of Networks – How Social Production Transforms Markets and Freedom (Yale University Press, 2006), descreve de modo desapaixonado o processo pelo qual as novas tecnologias habilitam indivíduos e pequenos grupos a se converterem em, como dizem, ‘provedores de conteúdo’, baseados em relações de trabalho voluntárias e solidárias, não mediadas pelo mercado. Nascem daí fenômenos como a Wikipedia, um sucesso na web que contou com colaboração voluntária de, segundo Benkler, 50 mil co-autores. Ocorre que essas redes, se não se subordinam ao mercado, tampouco revogam o mercado: elas o modificam – para melhor. Elas o civilizam.


O mesmo se pode dizer com relação ao jornalismo. Por mais voluntariosas que sejam, as redes de voluntários não o revogam, mas podem ajudar a melhorá-lo. A demanda por notícias e análises confiáveis e independentes, em ambientes de debate que abriguem grandes contingentes de cidadãos, permanece acesa e viva. A necessidade de fóruns amplos e comuns é estrutural. O espaço público não pode prescindir de referenciais de alta visibilidade e fluxos intensos, que façam as vezes de nós de entroncamento do trânsito das idéias. É aí que entram as velhas redações jornalísticas, não porque são velhas, mas porque são jornalísticas. Num mundo em que o cidadão, finalmente, aprendeu a desconfiar da arrogância do (mau) jornalismo, as redações são chamadas a vincular credibilidade e inovação. Mais ainda, precisam demonstrar capacidade de liderar num ambiente em que a participação do público – muitas vezes como autor, mais que como consumidor das notícias – é a regra. Não por acaso, segundo apontou o The State of the News Media, um dos destaques do ano de 2007 é justamente o ambiente de alta inovação das redações americanas.


Inovar quer dizer inovar tecnologicamente e eticamente. E inovar eticamente quer dizer reencontrar, em novas bases, princípios aparentemente antigos, como independência e respeito ao cidadão – respeito que inclui diálogo horizontal. Para isso apenas a imprensa livre – pública ou comercial, não importa, mas livre de verdade – é capaz de dar respostas adequadas. As redações, velhas ou novas, inovam quando reinventam a função pública do jornalismo. Parece uma trama complicada, mas alguns já conseguiram.


Eugênio Bucci, formado em Jornalismo e Direito pela Universidade de São Paulo, doutor em Ciências da Comunicação da USP, escreve quinzenalmente para o Observatório da Imprensa na internet’


 


TECNOLOGIA
Jessica Guynn


Empresas limitam uso de eletrônicos


‘Los Angeles Times – Como terra natal da tecnologia, o Vale do Silício tem mais cacarecos per capita do que qualquer outro lugar do planeta. Mas, mesmo lá, estar sempre conectado online pode ser um ponto negativo.


Frustrados com trabalhadores distraídos plugados em seus apetrechos eletrônicos durante reuniões de negócios, um número crescente de empresas está se tornando ‘laptopless’: estão proibindo a entrada de laptops, Blackberries, iPhones e quaisquer outros equipamentos pessoais em seus encontros.


Reuniões nunca foram populares no Vale do Silício. Engenheiros preferem escrever códigos a falar sobre eles. Ao longo dos anos, as empresas têm criado maneiras inovadoras de impedir seus funcionários de perder tempo e entediar-se. Algumas até eliminam as cadeiras, para que todos falem rapidamente – já que estão em pé.


Mas com laptops cada vez mais leves e smartphones cheios de recursos, as pessoas passaram a fazer mais contato visual com suas telas do que com outras pessoas. A prática tornou-se tão prejudicial que Todd Wilkens, da companhia de design Adaptative Path, escreveu no blog corporativo que estava começando uma ‘guerra contra o CrackBerry’. Segundo ele, os eletrônicos portáteis tornaram reuniões e sessões de trabalho em grupo muito difíceis.


‘Laptops, Blackberries, Sidekicks, iPhones e similares impedem as pessoas de estarem completamente presentes’, escreveu Wilkens. Por isso, sua empresa passou a pedir que os funcionários deixassem os laptops em suas mesas. Celulares e smart phones são colocados em uma caixa durante a reunião. ‘Foi preciso tempo, mas as pessoas se convenceram de que produziam mais interagindo.’


Não é que as pessoas tenham déficit de atenção. Linda Stone, executiva de software que atuou na Apple e na Microsoft, chama o comportamento de ‘atenção parcial contínua’.


A sempre crescente velocidade e capacidade dos equipamentos permitem aos empregados alternar rapidamente as tarefas. A revolução sem-fio transformou cada laptop em um hub de comunicação.


‘É cada vez mais difícil conseguir toda a atenção de uma pessoa’, diz Pamela Hinds, pesquisadora da Universidade de Stanford na área de tecnologia e comportamento. ‘As pessoas argumentam que estão prestando atenção, mas na verdade não estão inteiramente focados.’


PRIORIDADES


‘A etiqueta e as normas sociais dizem que a pessoa com quem você conversa sempre tem prioridade sobre e-mails, mensagens e telefonemas’, diz Sue Fox, autora do livro Etiqueta de Negócios para Dummies. ‘Muitas pessoas ficam sem ação ao serem deixadas de lado por celulares e mensagens.’


Nelson Minar, ex-engenheiro do Google, diz que muitas vezes os diretores têm as atitudes mais ofensivas. ‘Uma das minhas maiores frustrações era ver que, enquanto eu apresentava um projeto que levei horas preparando, três quartos dos executivos estavam mais preocupados com seus laptops.’


Mas há pessoas que não se incomodam com os apetrechos digitais. Selina Lo, CEO da Ruckus Wireless, por exemplo, não proíbe que seus funcionários façam outras tarefas durante as reuniões.


Ela própria se considera uma workaholic que faz diversas tarefas ao mesmo tempo. ‘Se por acaso percebo alguém excessivamente concentrado em outra coisa, chamo sua atenção para a discussão. Tudo bem se distrair, contanto que por um tempo curto. Todo mundo faz isso em reuniões, com ou sem eletrônicos’, diz Lo.


‘As pessoas detestam reuniões’, diz Jeremy Zawodny, desenvolvedor de softwares terceirizado da Yahoo. ‘Elas se tornam fonte de frustrações. Cada um deve responder a pergunta ?no que estou trabalhando esta semana?, e é proibido falar sobre semanas anteriores, dúvidas, anúncios, etc.’


O ex-diretor de marketing da Yahoo, Joe Lazarus, concorda. Ele fez o seguinte comentário no blog de Zawodny: ‘Reuniões com laptops não fazem sentido. Na verdade, qualquer tipo de reunião faz menos sentido ainda.’’


 


INTERNET
Laura Diniz


Lan house é condenada por crime de cliente


‘Lan houses e outros centros de acesso à internet oferecem um serviço que pode causar prejuízo a terceiros e são responsáveis judicialmente caso algum usuário pratique uma conduta ilícita. Com esse entendimento, inédito no País, o juiz Ulysses de Oliveira Gonçalves Júnior, da 39ª Vara Cível da capital, obrigou a lan house Maifa Café Ltda, no Shopping Anália Franco, zona leste de São Paulo, a indenizar em R$ 10 mil uma administradora de empresas ofendida por um de seus clientes.


O Maifa oferecia acesso à internet em computadores fixos e conexão sem fio. Durante a investigação, descobriu-se que o endereço IP (internet protocol) da conexão do agressor era do local, ou seja, o e-mail foi enviado da lan house. Todos os usuários dos computadores fixos eram obrigados a preencher cadastro, como manda lei estadual. Ocorre que, como o e-mail não foi enviado de nenhuma máquina, concluiu-se que partiu de laptop pela rede sem fio.


Decepcionada ao não poder identificar o autor do e-mail em que era acusada de ser desonesta, má profissional – e em que sua família era ofendida -, a administradora decidiu processar a lan house. ‘Quem disponibiliza terminais de computadores ou rede sem fio para uso de internet assume o risco do uso indevido desse sistema para lesar direito de outrem’, afirmou o juiz, com base no Código Civil.


‘Considero a decisão muito importante porque dá mais segurança a todos que usam a internet’, afirmou o advogado da administradora, Renato Opice Blum, especialista em Direito da Internet. ‘A decisão surpreendeu e nós vamos recorrer’, rebateu o advogado da Maifa Café, Marcel Leonardi, professor de Responsabilidade Civil na Internet da Fundação Getúlio Vargas. ‘Eu poderia até entender se o juiz dissesse que a lan house foi negligente, mas usar a teoria do risco (o argumento do Código Civil), com todo o respeito, foi um exagero.’ No caso de negligência, segundo Leonardi, caberia a lan house multa de R$ 3 mil a R$ 10 mil.


Para Thiago Nunes de Oliveira, professor da Universidade Católica de Salvador e presidente da ONG SaferNet, que combate crimes na rede, a sentença é equivocada. ‘Seria o mesmo que responsabilizar a companhia telefônica por alguém xingar outro por telefone.’


Os três especialistas divergem sobre a conveniência de tornar o cadastro mais rígido. Indagado se o entendimento do juiz pode inibir as empresas em oferecer acesso sem fio, Opice Blum respondeu que será cada vez mais comum a certificação digital – um dispositivo em smartcard ou pen drive com informações pessoais do usuário. Para Leonardi, um controle mais rigoroso não inibiria a disponibilização do serviço e tornaria menos cômoda a prática de crimes na internet. Na visão de Oliveira, maior controle desestimularia o acesso.’


 


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Roberto Carlos na Record?


‘A Record quer contar com ninguém mais que Roberto Carlos nas chamadas de sua nova atração, Ídolos. A emissora pretende conseguir a autorização do Rei – que é contratado da Globo – para usar um trecho de um depoimento que ele concedeu à emissora na época da comemoração dos 50 anos da rede. Nele, Roberto diz que a Record lhe deu ‘a chance mais importante de sua carreira’. A idéia do canal é usar o depoimento e, na seqüência, colocar o slogan de Ídolos, falando que a Record foi a TV que revelou talentos como Roberto.


Missão impossível o Rei e Globo autorizarem isso? A Record faz parecer que não, uma vez que trata Ídolos como se fosse uma novidade na TV brasileira e, pior, esquecendo completamente que o formato não emplacou nas duas edições que foram ao ar no SBT.


‘Apostamos que a força da programação da Record é o que faltava para o programa emplacar’, diz o diretor artístico da rede, Paulo Franco, em coletiva com direito a palhinha do mais novo contratado da casa: o ator/cantor/apresentador e vendedor de cozinhas Rodrigo Faro.


Para alegria de uns – veja bem, não de todos os presentes -, Faro entrou no palco do Teatro Rio Branco, onde a imprensa estava reunida, cantando Emoções, de Roberto Carlos.


Foi um ‘presentinho’ para os repórteres, salientou o ex-global, contratado pela Record para apresentar Ídolos, fazer novelas, pontas em programas… Vergonha alheia à parte, a Record desembolsou cerca de R$ 20 milhões na produção de Ídolos Brasil, que tem estréia prevista para agosto.


As seletivas, que acontecerão em quatro Estados (SP, RS, RJ e BA), começam em abril. Já os jurados do programa, dois homens e uma mulher, ainda não foram escolhidos. Nomes como Rita Lee e Lobão estão cotados.’


 


 


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