Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Muita informação fragmentada


Veja e Época mostraram neste fim de semana o potencial informativo das revistas de informação. Sobretudo em episódios que provocam grande comoção, caso da tragédia do vôo 447 da Air France, em que os jornais diários não conseguem costurar na hora os fragmentos do noticiário.


Cinco dias depois de um desastre no espaço aéreo, até então sem corpos ou destroços, cada uma no seu estilo tentou amarrar uma explicação e uma história. Veja prometeu muito na capa – a falha na novíssima tecnologia do Airbus pode comprometer o futuro da aviação? – mas em nove páginas ficou longe de uma resposta. ‘Época’ optou pela discrição, nada prometeu e em 51 páginas deu ao leitor uma agradável sensação de fartura informativa.


Ambas, porém, incorreram no mesmo pecado do jornalismo diário: a fragmentação, que o abuso dos infográficos e desenhos torna ainda mais gritante.


Sem esclarecimentos


A incapacidade de costurar uma narrativa pode explicar parcialmente a crise dos jornais contemporâneos: querem contar um número muito grande de histórias ao mesmo tempo – evidentemente não conseguem e frustram o leitor.


As revistas não tiveram tempo de incluir a decisão do Ministério Público de Paris anunciada na manhã de sexta-feira (5/6), de abrir uma ação por ‘homicídio culposo’. Mas os jornais de sábado e domingo tiveram tempo e, no entanto, deram pouca atenção a uma iniciativa aparentemente simbólica que denota a disposição do Estado francês e da sociedade francesa de não permitir que caso seja engavetado. Como, aliás, aconteceu com as tragédias aéreas brasileiras ocorridas em 2006 e 2007 e até hoje não esclarecidas.