A nova sede do Newseum, museu cujo objetivo é enfatizar a importância da proteção constitucional à liberdade de expressão jornalística, será inaugurada perto do Capitólio, que abriga o Congresso americano em Washington, em outubro, mas já conta com diversas relíquias da história da notícia. Lá estão alguns lembretes sobre o risco do trabalho dos jornalistas: a caminhonete blindada que os repórteres da revista Time usavam nos Bálcãs, com marcas de tiros; o laptop de Daniel Pearl, repórter do Wall Street Journal assassinado no Paquistão em 2002; o colete que Bob Woodruff, correspondente da rede de TV ABC, vestia no ano passado ao ser ferido por uma bomba no Iraque.
Quem for ao museu pode ouvir as transmissões de rádio feitas por Edward Murrow do topo de edifícios durante os bombardeios alemães a Londres, na Segunda Guerra Mundial. Além disso, sua história pode ser acompanhada em um cinema de quatro dimensões, na qual os assentos chacoalharão enquanto os aviões alemães passam. Momentos que a mídia preferia esquecer também estão registrados, como os artigos que Jayson Blair falsificou no New York Times e os que Jack Kelley forjou no USA Today. O museu também já obteve o celular usado por um aluno da Universidade Tecnológica da Virgínia, no mês passado, para gravar um vídeo sobre o massacre no campus.
Expansão
A peça principal da fachada, uma chapa de mármore de 50 toneladas e 22 metros de altura na qual está inscrita a primeira emenda à constituição americana (que protege a liberdade de expressão) ainda está sendo montada. A nova sede do museu, que substitui a anterior – que funcionou em Arlington, na Virgínia, de 1997 a 2002 –, ganha forma lentamente. A construção demorou mais de seis anos, a um custo de US$ 435 milhões.
O exterior do edifício, em vidro, tem o objetivo de passar a idéia de uma imprensa e de uma sociedade livres, transparentes. Um imenso retângulo emoldura a fachada, sugerindo ‘uma janela para o mundo’. Os visitantes entrarão pelo Grande Salão da Notícia, no qual poderão ver boletins mais recentes antes de conheceram as exposições interativas. O prédio, que tem sete andares, contém lojas com a marca Newseum e um restaurante.
Desafio
Um dos maiores desafios do museu será atrair público, em um momento no qual a maioria das pesquisas demonstra que a imprensa está em baixa. Charles Overby, presidente-executivo do Freedom Forum, organização sem fins lucrativos que dirige a instituição, ressalta que o Newseum não serve para celebrar a imprensa, e sim a liberdade de expressão.
Peter Pritchard, ex-editor-chefe do USA Today e presidente do Newseum, diz que o museu original atraiu 2,2 milhões de visitantes em cinco anos. ‘Foi como um projeto piloto. Vimos o que funciona e o que não funciona’, conta. Informações de Katharine Q. Seelye [The New York Times, 8/5/07].