Saturday, 16 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Mutirão para libertar jornalista francês

 

Em comunicado oficial, datado do último dia 12 de maio, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc-EP) expressaram a livre vontade de entregar o jornalista francês Romeo Langlois a uma comissão formada pela Cruz Vermelha, pela ex-senadora Piedad Córdoba e representantes do atual governo da França. O documento tece duras críticas ao comportamento de profissionais da imprensa que, de modo parcial, trabalham para deturpar informações, justamente quando se trata de um assunto sério que atinge a Colômbia há mais de meio século: o conflito armado interno.

Romeo Langlois foi detido pelos soldados das Farc em plena batalha, trajando uniformes do exército do governo colombiano. As Forças Armadas que, em comunicados anteriores, já haviam afirmado que não mais conduziriam sequestros com fins financeiros, se defenderam afirmando que o fato não representou uma quebra de compromisso.

"Apreender em meio de um combate a quem, em uma operação militar, veste uniforme do inimigo e o acompanha, em nada lesiona nosso preciso compromisso. Só uma visão francamente distorcida pode considerá-lo um sequestro”, afirmou o comunicado.

Em negociação

O Secretariado do Estado Maior da guerrilha ressalta, ainda, que desse modo os meios de imprensa demonstram, de forma grosseira, a proposta lançada que foi o de abrir uma ampla discussão sobre a liberdade de informar e sobre o envolvimento dos meios de comunicação favoráveis ao governo no conflito interno.

"O caso do jornalista francês Romeo Langlois é ideal para mostrar, de maneira incontestável, o papel desempenhado pelos grandes meios de comunicação na ordem social imposta pelo grande capital. Ao invés de informar e promover o pensamento livre da cidadania, a grande imprensa tergiversa a realidade para converter em única verdade a versão de seus patrocinadores”, assinalou o comunicado.

Romeo Langlois é correspondente do jornal Le Figaro e do canal de televisão France 24. Estava desaparecido desde o dia 28 de abril, quando em 3 de maio as Farc confirmaram que estavam com o repórter. Considerado por diversas entidades e federações da imprensa como um sequestro, o assunto teve repercussão mundial.

No sábado (12/5), as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – que neste ano já libertaram unilateralmente algumas pessoas em seu poder – manifestaram o desejo de liberar o jornalista que deverá ser entregue a uma comissão formada pela ex-senadora Piedad Córdoba, que vem mediando a maioria das libertações; por representantes da Cruz Vermelha; e por um representante do atual governo francês.

"Uma vez livre, o jornalista Langlois poderá terminar de cumprir com o papel esperado pelo governo da Colômbia, suas forças militares e os grandes meios. Ou poderá permanecer fiel a sua consciência e referir a verdade. Se este for o caso, pode ser que os mesmos que hoje exigem com ardor sua liberdade imediata, não vão irritar-se com ele até destruí-lo por completo”, finalizou o texto.

A libertação deverá entrar em negociação por estas semanas

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[Rogéria Araújo, jornalista da Adital]