Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

MV Bill e Cláudio Lembo juntos no conselho da TV pública

Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 27 de novembro de 2007


 


TV PÚBLICA
Letícia Sander


Conselho da nova TV pública tem Lembo, Delfim e MV Bill


‘Incumbido da função de fiscalizar a nova rede pública de TV, o Conselho Curador da instituição reunirá empresários, um ministro da época da ditadura, um professor indígena, um cantor de rap e o ex-governador Cláudio Lembro (DEM), que cunhou a expressão ‘elite branca’ ao discorrer sobre o conflito social no país.


Os nomes dos 15 escolhidos para compor o órgão foram divulgados ontem pelo ministro Franklin Martins (Comunicação Social). Todos são indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os conselheiros não precisam ser submetidos a voto ou sabatina -estarão oficializados no cargo assim que seus nomes forem publicados no ‘Diário Oficial’, o que deve ocorrer nos próximos dias.


O colegiado do conselho tem o poder de destituir diretores da TV e interferir na programação -por isso, é o primeiro elemento citado pelo governo ao tentar rechaçar as críticas de que a TV, por estar subordinada à pasta da Comunicação Social, será ‘chapa branca’. ‘São nomes que atendem a demanda para que o conselho seja um órgão fiscal’, disse Franklin.


Além dos 15 representantes da sociedade civil, o conselho ainda terá a participação de quatro ministros (Comunicação Social, Educação, Cultura e Ciência e Tecnologia). Também haverá um representante dos funcionários, a ser escolhido pelos mesmos. A composição apresentada ontem é eclética. Do mundo político, além de Lembo, está no conselho o economista Delfim Netto, hoje no PMDB, ex-ministro dos governos Costa e Silva e João Figueiredo.


Do ramo empresarial, foram convidados Ângela Gutierrez (presidente do Instituto Cultural Flávio Gutierrez) e José Martins (vice-presidente do Conselho de Administração da Marcopolo). Também há nomes com pouca ou nenhuma relação com a televisão. Serão conselheiros, por exemplo, Isaac Pinhanta, professor indígena da tribo dos ashaninka, no Acre; Lúcia Willadino Braga, diretora da Rede Sarah de hospitais; Luiz Edson Facchin, advogado do Paraná e ex-procurador-geral do Incra; e Maria da Penha Maia, cearense vítima de agressões por parte do marido que inspirou a Lei Maria da Penha, sancionada em agosto de 2006 e que protege mulheres contra agressões.


A TV pública também será fiscalizada pelo cantor de rap MV Bill, pela carnavalesca Rosa Magalhães, pelo cientista político ligado à esquerda Wanderley Guilherme dos Santos, pelo consultor da TV Globo José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, pelo advogado José Paulo Cavalcanti Filho e pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo. A TV inaugura suas transmissões no próximo domingo. Mas a programação da nova rede só deverá estar mais bem definida a partir de março. Os conselheiros escolhidos por Lula terão mandato de dois ou de quatro anos.


Colaborou FELIPE SELIGMAN, da Sucursal de Brasília’


 


Tereza Cruvinel receberá R$ 19,8 mil na presidência


‘O valor pago para a jornalista presidir a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), gestora da nova TV pública, é superior ao vencimento de Lula, que ganha R$ 11,4 mil. A diferença se dá porque a TV é uma estatal e, portanto, não se rege pelas regras do Executivo. Os membros do Conselho Curador receberão até 10% do salário da presidente.’


 


TV DIGITAL
Folha de S. Paulo


Bancos financiam conversor


‘Banco do Brasil, Bradesco e Unibanco vão financiar a compra de conversores para a TV digital, que chega a São Paulo domingo. O aparelho custa entre R$ 500 e R$ 1.199.


O BB cobra juros de 2,32% ao mês; o Bradesco, entre 3,09% e 3,9%, e o Unibanco não informou a taxa.


A Caixa Econômica terá a linha, mas não há data.’


 


PITANGUY
Carlos Heitor Cony


‘O Aprendiz do Tempo’


‘RIO DE JANEIRO – A Nova Fronteira está lançando a nova obra de Ivo Pitanguy, ‘O Aprendiz do Tempo’, histórias vivas e vividas pelo famoso cirurgião plástico, um dos cinco brasileiros conhecidos mundialmente pelo valor com que exercem a profissão.


Fui escolhido para fazer a apresentação do livro, na qualidade não de cliente, mas de amigo há mais de 30 anos e seu colega na Academia Brasileira de Letras.


Já o vi operando em sua clínica, mergulhando nas águas da baía de Angra dos Reis, atuando na presidência do Museu de Arte Moderna (Rio), onde organizou a exposição de Dufy, uma das melhores daquela entidade.


Mas, sobretudo, muito conversamos sobre literatura, principalmente a francesa, da qual é um conhecedor surpreendente, pois não fica apenas nos poetas, mas nos ensaístas. O livro revela a intimidade com autores alemães, ingleses e espanhóis, e, no seu convívio diário, é sempre com prazer que ele cita um deles, sempre no original.


Bom conversador, viajado pelo mundo, com amigos em toda a parte, só se cala quando um incauto pergunta sobre os clientes que o procuraram e ainda procuram, uma lista que inclui celebridades mundiais do cinema, da política, dos negócios e dos esportes.


A leitura do seu livro pode parecer a biografia de um sucesso. Um sucesso múltiplo, que atingiu todas as camadas de uma personalidade movida por duas motivações: a vontade de saber e a necessidade de atuar. Para atingir os dois objetivos -saber e atuar-, desde jovem ele fez sua opção básica: estudar e trabalhar. Não foi escudado em relações e patrocínios. Trabalhou em ambulâncias, subiu morros, nunca recuou diante dos desafios do modesto meio técnico e científico que se apresentava à sua geração.’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Em ruínas


‘No blog Goal, do ‘New York Times’, o estádio da Fonte Nova ‘foi o pior dos 29 avaliados’ no relatório para a Copa, com o registro de que estava ‘em ruínas’. O acidente ‘não é a melhor publicidade para o Brasil sediar a Copa’, disse um dos engenheiros à Reuters. ‘O que encontramos foi pior que o esperado. Muitos estádios estão em estado absolutamente deplorável.’


No título do despacho, ‘Acidente no Brasil expõe os estádios de futebol’. Também na AP e France Presse, esta postada pelo Google, ‘Tragédia foca a atenção nos estádios inseguros do Brasil’. Na italiana Ansa, ‘Imagem do Brasil para Copa é afetada por tragédia’.


Por aqui, além do relatório dos tais engenheiros que então visavam à Copa, ecoaram as fotos do estudo.


DINHEIRO NOVO


O ‘Wall Street Journal’ deu que, após o mexicano Carlos Slim, dois irmãos indianos estão perto de liderar o clube dos bilionários. Com US$ 100 bi quando somados, já estão à frente -e um deles estaria para passar, individualmente.


‘Como aconteceu com o Reino Unido no século 19, os EUA podem logo se tornar ‘dinheiro velho’ -aristocratas trêmulos no palco mundial assistindo aos jovens e mais ricos emergentes de Índia China e Brasil eclipsarem as suas fortunas’, ironizou.


MESMA DIFERENÇA


Em artigo também citando Slim etc., o ‘Financial Times’ deu que prossegue a ‘mesma diferença’, no mundo. Ou melhor, os dados são pouco confiáveis, mas ‘a Inglaterra no século 17 era mais desigual que a Roma imperial, mas o Brasil moderno é ainda pior’.


NO PRIMEIRO MUNDO


No site do ‘WSJ’, a notícia do Produto Interno Bruto, que saiu por aqui, destacou ‘PIB per capita de Brasília está próximo do Primeiro Mundo’. Só lá, em Brasília.


DOS EUA PARA A CHINA


O presidente francês, Nicholas Sarkozy, se faz de aliado dos EUA, mas foi à China e ganhou mais. Em destaque nos sites de ‘FT’, ‘WSJ’ e ‘NYT’, mas principalmente nos estatais ‘Diário da China’ e ‘Diário do Povo’ e no francês ‘Le Figaro’, a compra de 160 aviões da Airbus.


Mais importante e com maior atenção dos chineses e franceses, na cobertura, eles fecharam um acordo nuclear.


SUPOSTA MANIFESTAÇÃO


Na ‘+ lida’ da Folha Online, ontem, ‘Ministério Público investiga o programa de Jô Soares’. É por entrevista com um autor português, que corre o YouTube há semanas e foi parar no Vi o Mundo, de Luiz Azenha -ainda hospedado no Globo.com, mas montando site.


Com fotos sobre ‘sexualidade através do penteado’ na África e trechos tipo ‘o negro começa relacionamento sexual com garotas de 6, 7 anos’, está sob investigação por ‘suposta manifestação de preconceito’.


NEO-ABOLIÇÃO


O ‘Jornal Nacional’ deu a discussão sobre o Estatuto da Igualdade Racial, em Brasília. Ouviu a ministra e opiniões diversas de líderes negros. Mas não se conteve e editou uma socióloga encerrando o assunto ao afirmar que, ‘para combater o racismo, é preciso antes abolir o critério e a idéia de raça’. Nada de cotas, por exemplo, para atores na TV.


Em tempo, noticia Azenha em seu blog, a chapa contra as cotas na UFRS foi derrotada.


A PIOR CRISE


O descontrole ou ‘férias’ da novela das oito coincidiu com a cobrança, pelo blog do autor Aguinaldo Silva, para Gilberto Gil tirar passaporte ‘talvez’ da Nigéria ou Guiné, ‘de onde vieram os ancestrais dele’.


Mas o problema é outro. ‘A Globo está enfrentando uma das piores, senão a pior crise da história de sua dramaturgia’, avalia Ricardo Feltrin, no UOL, detalhando que a audiência de todas as novelas ‘está assustando’.


ESQUECER


O correspondente da BBC, Gary Duffy, tratou ontem longamente do ‘passado doloroso’ do Brasil, em que pouco se sabe de desaparecidos como Ana Kucinski. Seu irmão, Bernardo, diz que as famílias querem acesso pleno aos arquivos e à verdade. Mas Jarbas Passarinho, que foi ‘coronel e ministro na ditadura’, diz que, com a Lei da Anistia, ‘o que nós queremos é esquecer, e não perdoar’.’


 


INOVAR PARA CRESCER
Folha de S. Paulo


Octavio Frias de Oliveira recebe homenagem durante premiação


‘O publisher da Folha, Octavio Frias de Oliveira, que morreu aos 94 anos, em 29 de abril, foi homenageado ontem no Prêmio Inovar para Crescer, promovido pela Protec (Pró-Inovação Tecnológica), com apoio do Senai, em evento realizado em São Paulo.


Em junho de 2001, a Folha publicou artigo de Roberto Nicolsky, diretor-geral da Protec, sobre o tema, que deu início a movimento de valorização da inovação tecnológica para o setor produtivo e resultou, em 2002, na criação da Protec.


Nicolsky conta que Frias era grande incentivador de inovações e que o ajudou no ‘estreitamento de relações com os empresários’.


Além da homenagem a Frias, duas premiações foram entregues a empresas consideradas inovadoras. Na categoria médias empresas, a vencedora foi a Stieletrônica, com sede no Rio de Janeiro. A fabricante de relé para iluminação pública, que reduz os gastos de energia, foi a primeira a desenvolver esse tipo de equipamento no Brasil e exporta para mais de 60 países, relata Nicolsky.


Entre as grandes empresas, a ganhadora foi a WEG Equipamentos Elétricos, a segunda maior fabricante de motores elétricos do mundo.


A homenagem a Frias inaugura o prêmio da Protec para reportagens sobre inovação tecnológica, que será concedido a partir do próximo ano.


A premiação ocorreu na solenidade de abertura do Enimep (Encontro Nacional de Inovação em Máquinas, Equipamentos e Processos de Fabricação) e do Enicee (Encontro Nacional de Inovação em Componentes e Equipamentos Eletroeletrônicos), que acontecem até amanhã.’


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


‘Duas Caras’ tem ibope de novela das sete


‘A novela das oito da Globo, ‘Duas Caras’, registra audiência que a emissora considera ideal para as tramas das sete. Até sábado, sua média era de 37,44 pontos na Grande SP.


Se não reagir a partir de janeiro (a tendência, em dezembro, é de mais queda), ‘Duas Caras’ poderá entrar para a história como a menor audiência da faixa das 21h da Globo na década. Sua média até agora é inferior à final de ‘Esperança’ (2002), que marcou 38 pontos.


Os 37,44 pontos dos primeiros 48 capítulos colocam ‘Duas Caras’ atrás de três novelas das 19h desta década: ‘Uga Uga’ (2000, 37,9 pontos), ‘Da Cor do Pecado’ (2004, 43,1) e ‘Cobras & Lagartos’ (2006, 38,2). A novela perde até para uma das seis, ‘Alma Gêmea’ (2005), que teve média de 38,6 pontos.


A cúpula da Globo não considera ‘Duas Caras’ um fracasso. Mas sua relativa baixa audiência é apontada como a principal causa do pedido de ‘afastamento’ do autor, Aguinaldo Silva.


Silva é visto na Globo como um autor que exige muito de si mesmo. Antes de ‘Duas Caras’, ele escreveu ‘Senhora do Destino’, recordista de audiência na década, com 50,4 pontos. Estaria agora frustrado.


O novelista já passou por um desses extremos. ‘Suave Veneno’ (1999) também não passou dos 38 pontos. Na época, Silva enfrentava o auge de Ratinho no SBT. Hoje, seus ‘inimigos’ são a queda nas TVs ligadas e a ascensão da Record.


NOVA MÍDIA A novela sobre o ‘afastamento’ de Aguinaldo Silva de ‘Duas Caras’ não tinha, até o início da tarde ontem, aumentado a audiência do blog do autor. Silva era o quarto mais acessado dos ‘diários’ do ‘Blog Log’. Perdia para Carolina Dieckmann, Bruno de Luca e José de Abreu.


OUTRO LADO Sobre a coluna de ontem, a Globo afirma, oficialmente, que desconhece negociações entre José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, e o SBT. Diz também que a programação de 2008 ainda não foi avaliada pela direção. E nega, com dados de outubro, que seus programas matinais estejam perdendo para a Record. A coluna se referia a dados da semana passada (o ‘Fala Brasil’ venceu a Globo em três dias, e o ‘Hoje Em Dia’, em um).


XÔ, AXÉ! A Band não investirá na virada deste ano em shows em Salvador nem na transmissão ao vivo do Réveillon na avenida Paulista, como fez nos últimos anos _o que já era quase uma tradição. Dedicará três horas a shows sertanejos, que dão mais audiência e retorno financeiro.


ALERTA 1 O ‘Domingão do Faustão’ registrou anteontem sua menor audiência no ano: 14,8 pontos na Grande São Paulo. A média de novembro é de 16,4 pontos, a mensal mais baixa desde 2000, o que contrasta com os 23,6 de abril último.


ALERTA 2 Anteontem, o ‘Domingão’ perdeu durante 15 minutos para o ‘Show do Tom’, 18 para o ‘Domingo Espetacular’ e seis para o ‘Domingo Legal’.’


 


Daniel Castro e Laura Mattos


‘Talvez escape do assassinato cultural’, diz Aguinaldo Silva


‘Após a Globo ter divulgado, na última sexta, que Aguinaldo Silva tirou ‘um período de descanso’ de ‘Duas Caras’, o autor ‘explicou’ à Folha o afastamento com o seguinte e-mail, enviado ontem: ‘O que está acontecendo é simples: entrei pra Ordem das Carmelitas Descalças da Contemplação e Observação da Vida Divina’.


Silva, que oficialmente ficará em férias até o final do ano, escreveu ainda que, como as carmelitas, fez ‘voto de absoluto silêncio’. ‘A TV Globo, cuja generosidade sempre me surpreende, me ajudou nisso. Saí do foco. Mergulhei no esquecimento. Talvez assim escape do assassinato cultural do qual estava prestes a ser vítima. No mais, aqui em casa e em ‘Duas Caras’, nada mudou: tudo continua como antes.’ Ele não explicou o que chama de ‘assassinato cultural’.’


 


Afastamento de autor deixa até os amigos perplexos


‘Nem os amigos mais próximos de Aguinaldo Silva conseguiram entender o real motivo de seus afastamento da novela ‘Duas Caras’, que registrou até sábado 37,4 pontos de média, uma das mais baixas audiências de novela das oito da Globo.


Para seus colegas, caiu como uma ‘bomba’ a notícia de suas férias. Em uma discussão na internet, amigos tentam imaginar o que poderiam fazer para ajudá-lo. Em troca de telefonemas, cogitam que esteja passando por uma crise de estresse, possivelmente agravada por problemas de relacionamento amoroso.


Mesmo antes da decisão, Silva já não vinha respondendo a e-mails de pessoas próximas. Também surpreendeu seu círculo de amizades com as polêmicas que tem lançado em seu blog -na semana passada, criticou o ministro Gilberto Gil por estar tirando cidadania italiana e disse que deveria também ter uma ‘africana’.


O elenco também recebeu a notícia com preocupação. À Folha, Marília Pêra, que interpreta Gioconda, disse que soube pelos jornais e que mandou um e-mail a Silva. ‘Para mim, é um trauma, porque adoro o texto dele’, afirmou a atriz.


Instruções à equipe


No sábado, Silva enviou e-mail a seus colaboradores definindo o que cada um deverá fazer em seu período de férias. Maria Elisa Berredo será a coordenadora, Nelson Nadotti fará as escaletas, ou seja, a descrição das cenas, que serão depois escritas por Filipe Miguez, Glória Barreto, Sérgio Goldenberg e Izabel de Oliveira.


Na mesma mensagem, teria falado até em abrir mão dos direitos da novela em favor dos colaboradores, e dito para a equipe encarar a missão como uma ‘boa experiência’.


À Folha, ontem, mandou uma mensagem confusa sobre a possibilidade de voltar à novela: ‘Eu não vou voltar por uma razão pura e simples: eu não fui! Estou aqui fazendo o de sempre, ou seja: escrevendo uma novela. Só não quero falar nem aparecer, pra ver se saio desse cerco horroroso’.


O comunicado da Globo dizia que Silva deixou pronto até o capítulo de 26/12 e que continuará a supervisionar o trabalho dos colaboradores.


O pedido de afastamento de Silva chegou à cúpula da Globo na última segunda-feira.


Ele iria tirar férias mais próximo às festas de final de ano e decidiu antecipá-las. Após uma série de reuniões, na sexta-feira, a direção achou melhor acatar o pedido, uma vez que o autor tem demonstrado estresse, está com os capítulos já adiantados e se comprometeu a supervisionar os trabalhos.


Segundo a Folha apurou, ele já vinha desempenhando o trabalho como supervisor. Isso quer dizer que os colaboradores escreviam as cenas, que eram aprovadas por Silva.


Até ontem, o autor ainda não havia embarcado para Lisboa, onde costuma passar férias em um apartamento de sua propriedade. Estava entre sua casa de serra, na região de Itaipava, no Estado do Rio (da qual postou uma foto em seu blog), e sua casa na Barra da Tijuca.


Em seu blog (www.bloglog.com.br/aguinaldosilva), Silva fala do afastamento e continua a polemizar com jornalistas e políticos. Em entrevista à Folha em setembro, no lançamento de ‘Duas Caras’, o autor já havia prometido dizer que o que lhe viesse à telha: ‘Tenho 64 anos, não preciso mais viver de aparências, fazer média. Não há nada que me impeça de dizer a verdade, o que sinto’.’


 


CINEMA
Silvana Arantes


‘Chega de Saudade’ empolga Brasília


‘O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro encerra hoje sua 40ª edição, com o anúncio dos vencedores e a entrega dos troféus Candango.


Entre os cinco longas-metragens de ficção na disputa, o que o público acolheu com mais entusiasmo foi ‘Chega de Saudade’, de Laís Bodanzky, exibido na noite de domingo.


A apresentação do sexto e último concorrente, o documentário ‘Anabazys’, de Joel Pizzini e Paloma Rocha, sobre a realização de ‘A Idade da Terra’ (1980), último filme de Glauber Rocha (1939-1981), estava prevista para a noite de ontem, após a conclusão desta edição.


Intensamente aplaudida quando subiu ao palco do Cine Brasília para apresentar seu filme, Bodanzky lembrou que sua ‘história profissional’ é indissociável da mostra brasiliense.


‘Aqui passou meu primeiro curta, ‘Cartão Vermelho’, e meu primeiro longa, ‘Bicho de Sete Cabeças’ [vencedor de sete Candangos em 2000]. Agora, ‘Chega de Saudade’ [segundo longa de ficção da diretora] está nascendo aqui’, afirmou.


O filme, ambientado num baile para a terceira idade, foi aplaudido durante a exibição, como no momento em que Elza Soares surge cantando ‘Não Deixe o Samba Morrer’.


O filme concorrente de Carlos Reichenbach, ‘Falsa Loura’, outro que flerta com o gênero musical -os principais personagens masculinos são cantores- também foi aplaudido em cena aberta, no sábado à noite, mas a reação final da platéia terminou sendo moderada.


A vida aos 40


Ator de ‘Chega de Saudade’, Stepan Nercessian foi um dos que exaltaram a trajetória do festival. ‘A vida começa aos 40. Este festival está começando hoje. Vamos ver tudo como uma grande novidade’, disse o ator , no domingo.


Há, porém, boas chances de que o resultado de hoje faça repetir a cena ocorrida em 2006, quando ‘Baixio das Bestas’, de Cláudio Assis, foi anunciado melhor filme, cindindo a platéia entre vaias e aplausos.


‘Cleópatra’, o filme apresentado pelo diretor Julio Bressane, que acumula três vitórias no Festival de Brasília, teve recepção discrepante do público, mas encantou a maior parte da crítica.


O júri é formado pelos atores Dira Paes e Chico Diaz, pelo roteirista Marçal Aquino, pelo cineasta Manfredo Caldas, pelo crítico Inácio Araujo, da Folha, e pelos jornalistas João Paulo Cunha (‘Estado de Minas’) e Mauro Ventura (‘O Globo’).


Além dos citados, concorrem os longas-metragens ‘Amigos de Risco’ (Daniel Bandeira) e ‘Meu Mundo em Perigo’ (José Eduardo Belmonte).’


 


ARTE
Mario Gioia


Novo museu em SP foca quatro artistas


‘Um novo museu na área central de São Paulo, com acervo permanente de quatro importantes nomes das artes plásticas brasileiras: é o IAC (Instituto de Arte Contemporânea), que será inaugurado hoje, às 19h, tendo em seu acervo permanente cerca de 200 obras de Amilcar de Castro, Mira Schendel, Sergio Camargo e Willys de Castro. ‘Campo Ampliado’, com 75 obras, é a mostra de abertura do espaço, ao lado do Centro Universitário Maria Antonia, com trabalhos de Lucio Fontana e Volpi, entre outros, em diálogo com obras dos quatro artistas principais da instituição.


O IAC se diferencia de outros modelos museográficos no Brasil por ter como foco um número restrito de artistas. Há raras iniciativas desse tipo no país, como a Fundação Iberê Camargo, que ganha um novo prédio no ano que vem, em Porto Alegre, e o Museu Lasar Segall, em São Paulo, que já tem 40 anos.


‘Depois da morte do Sergio Camargo, fiquei responsável pelo espólio dele e fechei o seu ateliê na Itália, em 1991. Percebi, então, que precisava institucionalizar todo aquele acervo’, diz a galerista Raquel Arnaud, presidente do IAC. ‘Temos poucas iniciativas do gênero no Brasil, que individualizam a exposição e a pesquisa de determinados nomes. É importante lembrar que todos eram amigos e cultivavam um diálogo estético importante. A Mira, por exemplo, viajava para o Rio somente para ver o que o Sergio achava de uma obra nova que ela havia feito.’


Um dos braços importantes do IAC é o seu Núcleo de Documentação e Pesquisa, que desenvolve um trabalho de digitalização e tratamento de 4.000 imagens relacionadas aos artistas, além da organização de cerca de 7.000 documentos, como correspondências, projetos de obras e textos pessoais. O centro vai funcionar ao lado das duas grandes salas expositivas do instituto -de 122 e 140 m2-, e o acesso será permanente a partir de amanhã, mediante agendamento.


No mesmo prédio do IAC, funcionarão duas salas do Maria Antonia, um auditório e uma reserva técnica, que devem ser entregues a partir do ano que vem.


Importância


A reunião de obras significativas de Amilcar, Schendel, Camargo e Willys é bem recebida por quem foi próximo a eles. ‘Essa conversa que eles vão manter nesse espaço é importante. Muitos diálogos vão aparecer entre as obras deles e em relação a nomes mais recentes’, avalia o artista Carlos Vergara, 65, que foi amigo de Camargo.


‘Para mim, o Sergio é importante por seu rigor estético e por sua liberdade intelectual. Ele pesquisava muito para colocar a mínima coisa em seu ateliê. E foi um interlocutor muito ativo de nomes de gerações mais novas, como o Tunga e o Waltercio Caldas. Quando via uma exposição sua, assim como o Willys, não era de só dar tapinhas nas costas; ele criticava de verdade o seu trabalho.’


‘É uma geração de força’, afirma o historiador e professor da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Roberto Conduru, autor do livro ‘Willys de Castro’ (Cosac Naify, R$ 75, 240 págs.).


Para ele, a reduzida obra de Willys, vista em conjunto com a dos outros três artistas, vai atestar a ‘excepcionalidade e uma certa atitude minimalista’ de sua trajetória. ‘Nos outros artistas, essa redução de elementos é importante. Em Willys, ela é mais evidente na economia de sua produção.’


Para o galerista André Millan, que cuida do espólio de Schendel, o interesse sobre ela ‘cresce em progressão geométrica’. ‘Sua participação em Kassel neste ano e a mostra no MoMA, prevista para 2009, provam que Mira cada vez é mais estudada e ganha maior importância.’’


 


Exposição estabelece diálogos entre gerações e com nomes estrangeiros


‘A exposição inaugural do IAC, ‘Campo Ampliado’, quer estabelecer pontes entre gerações diversas da arte brasileira e estabelecer um diálogo com artistas estrangeiros.


Com curadoria de Paulo Sergio Duarte, a mostra apresenta 75 trabalhos de Amilcar, Camargo, Schendel e Willys junto de obras do argentino Lucio Fontana, do francês Jean Arp e do ítalo-brasileiro Alfredo Volpi, além dos contemporâneos Arthur Luiz Piza, José Resende e Tunga.


‘O conceito principal da mostra é dar continuidade ao trabalho do IAC, depois da mostra inicial feita neste espaço no ano passado [que teve curadoria de Rodrigo Naves e Tiago Mesquita]’, diz o curador, referindo-se à exposição que marcou uma inauguração parcial do IAC. Para a mostra atual, Duarte procurou associações e conversas estéticas entre produções diversas. As peças em feltro dobrado de Tunga, de 1980, por exemplo, colocadas próximas a esculturas de Camargo, remetem ao diálogo travado entre os dois, até em mostras coletivas, como a edição da Bienal de Veneza de 1982, na qual eles eram os representantes brasileiros.


‘Justamente o título da exposição dá um caminho para o que quis mostrar. O Tunga e o Zé Resende sofreram influência dessa geração anterior e desdobraram as questões que o Sergio, por exemplo, trabalhava em suas obras.’


O curador também pretende expor outras influências dos quatro artistas em relação a nomes que não estão presentes na mostra, mas que são decisivos na arte brasileira.


‘Amilcar, de certa forma, faz um tipo de experimentação tridimensional com a fita de Moebius na escultura premiada na 2ª Bienal de São Paulo, em 1953. Mais tarde, isso seria retrabalhado por Lygia Clark na obra ‘Caminhando’.’


Para Duarte, os ‘rasgos’ presentes na tela ‘Conceito Espacial’ de Lucio Fontana, de 1965, junto das formas irregulares de trabalhos de Jean Arp, de 1932 e 1958, atestam a influência de nomes estrangeiros na obra de Camargo, e não deixam de criar conexões com Schendel.


CAMPO AMPLIADO


Quando: abertura hoje, às 19h (convidados); de ter. a sáb., das 10h às 19h; dom., das 12h às 17h; até 30/3


Onde: Instituto de Arte Contemporânea (r. Maria Antonia, 258, tel. 0/xx/ 11/3255-2009)


Quanto: entrada franca’


 


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