Tribunal de apelações nos EUA manteve na segunda-feira (14/7) a rejeição a uma ação por calúnia e difamação aberta pelo ex-cientista do Exército Steven Hatfill contra a New York Times Company. Hatfill processava a companhia por conta de uma série de colunas publicadas no New York Times que, alegava ele, o implicavam nos ataques com antrax que deixaram cinco mortos no país em 2001. Segundo o cientista, os textos, escritos em 2002 pelo colunista Nicholas Kristof, o difamaram e causaram estresse emocional.
As cartas com antrax foram enviadas para diversos endereços nos EUA – entre companhias de mídia e gabinetes de políticos – em outubro de 2001, logo depois dos ataques terroristas de 11 de setembro. Além dos cinco mortos, 17 pessoas foram infectadas. Na investigação do caso, Hatfill, especialista em bioterrorismo que havia trabalhado no Instituto Médico de Doenças Infecciosas do Exército, foi considerado ‘pessoa de interesse’. O cientista, que nega qualquer ligação com as cartas infectadas, também processou diversos membros do Departamento de Justiça americano – no mês passado, o Departamento concordou em pagar US$ 5,85 milhões para que Hatfill retirasse a queixa.
Sem provas
Na ação contra o jornal, um juiz federal de Alexandria, no estado da Virgínia, considerou que Hatfill, uma figura pública, não conseguiu provar que o Times agiu com maldade, publicando informações que sabia falsas. O tribunal de apelações concordou com a determinação, já que, antes das cartas com antrax, o cientista discutia publicamente a ameaça do bioterrorismo e a falta de preparo do país para um ataque deste tipo e, portanto, podia ser qualificado como figura pública. Os três juízes do tribunal em Richmond, também na Virgínia, afirmaram ainda que Hatfill não conseguiu provar que houve intenção do jornal em lhe causar estresse emocional.
O caso das cartas infectadas com antrax permanece, até hoje, sem solução. O FBI continua sua investigação sobre os ataques de 2001. Informações da Reuters [14/7/08].