Não sou eleitor do Lula. Na verdade, até fundei o Partido do Voto Nulo e fiz campanha contra deus e todo mundo nas últimas eleições. Em razão disto, tenho isenção suficiente para avaliar o que ocorreu na abertura do Pan. A imprensa fez um alarde tremendo sobre a vaia que o Lula recebeu no Maracanã. Não deveria.
A julgar pelo preço da entrada no Maracanã, é evidente que a grande maioria dos cariocas (e dos brasileiros) não poderia ir à cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos. Sendo assim, é difícil entender por que o Lula foi vaiado.
Desde que Lula assumiu, a economia cresceu. Também cresceu a concentração de renda. Os dados do IBGE são incontestáveis e demonstram que, sob a batuta de Lula, os ricos ficaram mais ricos e os pobres continuaram pobres. O tratamento dispensado às favelas cariocas durante o ‘petismo’ é sintomático.
Despeito e ignorância
No primeiro mandato, Lula não fez absolutamente nada para melhorar a urbanização e o saneamento básico das comunidades pobres. No princípio do segundo, usou a força para conter os marginais no morro e para poder realizar o Pan – para a alegria (e lucros) dos donos de hotéis da orla marítima. Resultado: os cariocas ricos foram à abertura dos jogos e os favelados assistiram ao vivo ao ‘pan-pan-pan’ dos policiais batendo nas laterais das viaturas quando subiam os morros para fazer cadáveres (uma modalidade de esporte digna do nazismo).
Tudo bem pesado, Lula não deveria ter sido vaiado no Maracanã. Quem tinha legitimidade para vaiá-lo não foi ao estádio porque não podia pagar a entrada. A vaia, portanto, é apenas uma demonstração de despeito e ignorância. Despeito porque o Rio não é mais a capital da República. Ignorância porque quem lá estava parece não saber que Lula governa em benefício dos ricos, e não dos pobres.
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Advogado, Osasco, SP