A atitude do jornalista Mário Magalhães, ombudsman da Folha de S.Paulo, ao não concordar com as regras impostas pelo jornal para renovação de seu contrato, é um exemplo para todos aqueles que militam no instituto da ouvidoria e para o público em geral.
Impossibilitado de continuar a publicar sua crítica diária pela internet, Mario considerou isso um ‘retrocesso na transparência do seu trabalho’. Para um ouvidor/ombudsman, que tem a missão de ajudar a aprimorar a gestão para que o direito à informação do público seja respeitado, ter que ‘esconder’ desse mesmo público parte de seu trabalho em prol melhoria da qualidade da informação de um veículo de comunicação é como ter que pactuar com a ineficiência da gestão editorial ou ainda com interesses escusos que a possam orientar.
Com certeza teria sido mais cômodo para o ombudsman da Folha declinar de veicular sua crítica diária no jornal e ter seu mandato renovado. Mas agindo assim ele teria sido digno com sua missão como ouvidor?
Nós, Ouvidores públicos, reunidos em um fórum em Brasília, resolvemos manifestar nosso total apoio à dignidade com que Mario Magalhães reagiu à tentativa de cerceamento da comunicação com o público do jornal. Preservar a transparência de nosso trabalho é condição indispensável à autonomia da instituição da ouvidoria, seja ela exercida na iniciativa privada ou na esfera pública.
Entendemos que, com seu ato, o ombudsman do jornal preservou um dos princípios basilares da função contribuindo para a legitimação do ouvidor como legítimo representante dos interesses do cidadão junto à empresa.
Por outro lado, entendemos também que um veículo de comunicação, seja ele qual for, tem a função social de atender ao direito à comunicação e à informação e que credibilidade se conquista com transparência. [Brasília, 10 de abril de 2008]
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