A liberdade de imprensa no Brasil é relativa. Depende da cidade onde está o veículo de comunicação. No dia 15 de fevereiro, a Polícia Federal prendeu em Goiás 19 policiais militares acusados de fazer parte de um grupo de extermínio. O subcomandante da PM e o comandante do batalhão de operações táticas, lá chamado de Rotam, estão entre os presos. Só nos dois últimos anos, o grupo é acusado de matar 117 pessoas. Agia, segundo as denúncias, há cerca de 15 anos. A notícia foi dada em todo o país, inclusive no Jornal Nacional, da Rede Globo.
Na quinta-feira (3/3), o jornal O Popular, de Goiânia, publicou transcrições de gravações feitas pela polícia com autorização judicial. Um dos acusados diz que mata por prazer e satisfação. Na mesma manhã, oito viaturas com 30 homens da Rotam passaram lentamente em frente à porta do jornal. A editora chefe do jornal, Cileide Alves, diz em entrevista ao Observatório da Imprensa qual a extensão do problema:
− Pena de morte sem lei, sem julgamento. O que acho grave no episódio de ontem [3/3] não é que não é só a liberdade de imprensa que está ameaçada. O episódio revela que as instituições democráticas é que estão ameaçadas em Goiás. E de tabela a imprensa, óbvio. Porque quando você ameaça as instituições democráticas, a imprensa está no meio. Mas é a Justiça, o Ministério Público, a polícia, a imprensa, todos ameaçados por esse poder invisível representado por esse grupo que estava agindo dentro da polícia. Todo mundo tem medo. Ontem eu conversei com o Marconi [Perillo, governador] e ele me disse que no dia em que estourou o escândalo ele não dormiu de preocupação.