O entrevistado do programa inaugural de 2012 do Observatório da Imprensa na TV (7/2) foi o correspondente do El País no Brasil, Juan Árias. Um relato pormenorizado da conversa está em “Jornalismo entre o céu e a terra”. Também se ganha muito assistindo ao vídeo.
No final da entrevista, convidado por Alberto Dines a opinar sobre o futuro do jornalismo, Árias reforçou uma tese defendida no Observatório da Imprensa desde as primeiras edições, quando já se fazia evidente a multiplicação desmesurada de possibilidades de informação propiciada pelo advento da internet: alguém tem que filtrar isso tudo segundo critérios de confiabilidade e relevância, entre outros.
Eis o que disse Árias:
“O leitor está perdido. Tem que ter um filtro. Como acontece nas democracias. A democracia direta é uma coisa maravilhosa, mas não pode haver só ela. Tem que ter um filtro. O filtro são os representantes votados pelo povo. Com tudo que se fala contra o parlamento, ele é mais aberto, mais progressista do que a rua.
“Dou sempre este exemplo do Brasil. Matam uma criança numa favela. Sai na televisão. As mães chorando, tudo aquilo. Na manhã seguinte, se há um referendo sobre a pena de morte, ela é aprovada. No Parlamento, não sai. Um dia o aborto será aprovado. No Parlamento. Nas ruas, não será aprovado.
“Tem que haver um filtro. A função do jornalista é pegar toda essa informação e ver o que tem de verdade e o que tem de falso. Ele tem uma responsabilidade. O jornalista vai ter uma função muito mais importante do que antes.”