Não é tarefa fácil comemorar o Dia do Jornalista neste 7 de abril. Não depois que as maiores empresas jornalísticas abandonaram o próprio jornalismo e assumiram o partidarismo como objetivo, não depois que o jornalismo abdica da informação e a troca pela profusão de opiniões que pululam de graça também nas chamadas redes sociais. Mas é fundamental reafirmar a importância social e a relevância histórica dos jornalistas e do jornalismo.
É tarefa árdua esta de valorizar o jornalismo depois que o sensacionalismo e a espetacularização assumiram o valor central desta atividade responsável por ter ajudado a construir a moderna esfera pública que conhecemos. Depois da preguiça e o descompromisso ético ter tomado conta da ação de alguns.
É difícil mas necessário e, principalmente realizável, reconhecer e valorizar o trabalho dos jornalistas. O jornalista existe porque a sociedade precisou e ainda precisa da livre circulação de informações. A sociedade constituiu um profissional que fizesse os relatos não testemunhados pelo restante da comunidade. Um profissional que relatasse a verdade e assegurasse a credibilidade das informações.
Neste dia 7, gostaria de ver a sociedade brasileira lembrando e homenageando as centenas de jornalistas que se sacrificaram, alguns com a sua vida, através de seu trabalho cotidiano e nem sempre glamouroso. Gostaria de ver os empresários que enriqueceram às custas deste trabalho, remunerando adequadamente este trabalhador singular. Gostaria que os assassinos e agressores de jornalistas fossem exemplarmente punidos e os censores nunca mais existissem.
Neste Dia do Jornalista, gostaria que o governo editasse políticas públicas que garantissem a segurança dos jornalistas e que a sua profissão voltasse a ser exercida a partir da formação superior específica. Que este dia 7 seja o início de muitos outros dias em que o jornalista possa cumprir sua tarefa exclusiva, o jornalismo, de maneira livre, independente e potente. A sociedade precisa disto.
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Celso Schröder é presidente da FENAJ, da Federação dos Jornalistas da América Latina e do Caribe (FEPALC) e vice-presidente da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ)