Não é a primeira vez que Diogo Mainardi e a revista Veja são levados aos tribunais para dar explicações sobre suas acusações e achaques à moral alheia. Desta vez o jornalista Mino Carta entrou com da ação judicial por danos morais causados contra sua honra pessoal e profissional e de sua revista, a CartaCapital. [Ver ‘Editora Abril e colunista condenados por danos morais‘]
Não se pode acusar levianamente um profissional ou uma empresa de corrupta e desonesta, principalmente quando em sua matéria-prima está embutida a integridade e retidão de caráter. Mino Carta nunca vez segredos de suas preferências políticas, todos que o conhecem minimamente sabem disso. Mainardi, inclusive, gozou da amizade pessoal da família Carta, mas parece que não aprendeu nada por lá. Quanto à revista em que Mainardi trabalha, a Veja, Mino foi seu diretor. Logo, ambos o conhecem muito bem. Daí acusá-lo de deslizes de caráter e atentar contra sua honra profissional e pessoal, chamá-lo de vendido sem as devidas provas, apenas para causar desgaste político, é, no mínimo, uma leviandade.
Martelo batido
Mino Carta ganhou a ação. O valor correspondente à sua honra pessoal e profissional, segundo a Justiça brasileira: 35 mil reais. De acordo com a Justiça, um jornalista comprovadamente honrado, no Brasil, vale 35 mil reais.
Não entendo muito de leis ou valores legais. Só sei que a Justiça, pelo menos por aqui, é representada por uma moça deficiente, de seios generosos e um símbolo fálico em uma das mãos – e é só. Talvez por isso, às vezes, pessoas do povo – como eu – se surpreendem com suas decisões.
Mas já que a honra de Mino Carta foi consagrada pela Justiça como o equivalente a 35 mil reais, pensei em tabelar esse valor e fazer um índice. Aí, sempre que a honra de algum profissional da imprensa for questionada, já teremos um preço de avaliação. Por exemplo, quanto vale um Vladimir Herzog versus um Doi-Codi qualquer? Trinta e cinco mil reais? Ou um jornalista honrado contra um narcotraficante qualquer? Trinta e cinco mil mais despesas…
Este índice (vamos chamá-lo de Cartiano) às vezes apresenta alguma complexidade; logo, está sujeito a correções e recursos, pois não trabalhamos com valores absolutos, mas relativos. De tal forma que fica difícil fazer certas avaliações quando tratamos de profissionais distintos. Querem ver? Quantos jornalistas honrados valem um parlamentar qualquer? Se alguém souber a resposta, bata o martelo.
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Psicólogo (Curitiba, PR)