Contratado em 2001 pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos para o órgão a acompanhar a revolução do email e do celular, Thomas A. Drake ficou convencido de que espiões do governo desperdiçavam centenas de milhões de dólares em programas fracassados, e ignoravam uma alternativa promissora.
Ele levou as suas preocupações a vários setores do mundo secreto: chefes, inspetor-geral da agência, inspetor do Departamento de Defesa, e comitês de inteligência do Congresso. Mas sentiu que sua mensagem não era compreendida. Então, entrou em contato com um repórter do Baltimore Sun.
Hoje, por conta dessa decisão, Drake, de 53 anos, um burocrata veterano da inteligência que colecionava computadores antigos, pode pegar anos de prisão por 10 acusações que incluem manipulação incorreta de informações confidenciais e obstrução da Justiça.
O indiciamento de Drake foi a última prova de que o governo Obama vem se mostrando mais agressivo do que o de (George W.) Bush na procura pela punição por vazamentos não autorizados à imprensa.
Transparência prometida é censurada Há um ano e cinco meses no cargo, o presidente Barack Obama já superou todos os líderes anteriores nesse tipo de processo. Seu governo tem tomado medidas que poderiam provocar duras críticas políticas ao seu antecessor, que muitas vezes brigava publicamente com a imprensa.
Grupo lobista
Drake foi acusado em abril. Em maio, um tradutor do FBI foi condenado a 20 meses de prisão por fornecer documentos confidenciais a um blogueiro. Esta semana, o Pentágono confirmou a prisão de um analista da inteligência do Exército de 22 anos, suspeito de passar um vídeo confidencial de um helicóptero militar americano em Bagdá para o site Wikileaks.org.
Enquanto isso, o Departamento de Justiça renovou uma intimação em um caso de suposto vazamento de informações confidenciais sobre uma tentativa de interromper o programa nuclear do Irã, que foi descrita em Estado de Guerra, um livro de James Risen, publicado em 2006.
O autor é um repórter do New York Times. Vários dados confidenciais que vazaram para a imprensa desde que Obama assumiu o cargo foram encaminhados ao Departamento de Justiça, mas ainda é incerto se haverá processos criminais.
Embora Obama tenha dado início ao seu mandato com uma promessa de transparência, seus assessores alertaram recentemente para uma repressão aos ‘vazadores de informação’. Num discurso em novembro, o principal advogado das agências de Inteligência, Robert S. Litt, condenou os vazamentos e prometeu ação ‘para os próximos meses’.
Sob o governo de Bush, ninguém foi condenado por divulgar informação secreta à imprensa. Mas Lawrence A. Franklin, funcionário do Departamento de Defesa, ficou sob prisão domiciliar por 10 meses por compartilhar informação confidencial com funcionários de um grupo lobista pró-Israel, e I. Lewis Libby Jr., assessor de Cheney, foi condenado por falso testemunho depois de mentir sobre suas declarações a jornalistas revelando a identidade de uma ex-agente da CIA.
******
Do New York Times