A ONG Repórteres Sem Fronteiras homenageou nesta segunda-feira [11/12/06] os 68 profissionais de mídia entre as quatro mil pessoas assassinadas ou desaparecidas durante a ditadura do general chileno Augusto Pinochet, morto no domingo, aos 91 anos.
A morte sem julgamento de Pinochet não significa que os crimes devam continuar sem punição, alerta a RSF. ‘Como muitos outros, lamentamos que o general Pinochet tenha morrido sem ter sido julgado’, afirma a organização. ‘Sua morte gerou uma profunda frustração, que pode apenas ser suavizada se as autoridades judiciais chilenas comprometerem-se firmemente a julgar os responsáveis pelas violações de direitos humanos que aconteceram entre 1973 e 1986. Homenageamos as vítimas deste regime sangrento, que foi violentamente ignorado por governos ocidentais e apoiado pelos EUA’.
Um total de 48 repórteres e editores e 20 fotógrafos, cinegrafistas e técnicos foram mortos ou desapareceram durante a ditadura de Pinochet – do dia do golpe, em setembro de 1973, até 1986, quatro anos antes do retorno ao regime civil. A maior parte deles foi presa, torturada e assassinada nas semanas seguintes ao golpe, em atrocidades resguardadas pela lei de 1978, na qual a junta anistiou todos os crimes cometidos até aquele momento.
Sem punição
No dia 21/3/78, 13 militares haviam sido indiciados por suas funções na ‘Caravana da Morte’, uma unidade que viajou pelo Chile eliminando os opositores da junta em outubro e novembro de 1973. A caravana executou no mínimo 75 prisioneiros políticos, incluindo o diretor da Rádio Loa, Carlos Berger Guralnik, no dia 19/10/1973. Outros jornalistas foram mortos nos anos 80, nas represálias do governo aos protestos que ocorreram após o referendo de 1988, prelúdio para o fim da ditadura.