A ONU está propondo um código de ética que sugere banir da imprensa entrevistas com terroristas, bem como matérias que induzam à simpatia pelo terror. O código de 32 páginas foi anunciado pelo secretário da organização, Kofi Annan, noticiou The Washington Times, em sua edição de 12/5. ‘Essas recomendações partem de uma convicção fundamental compartilhada por todos nós. Que o terrorismo em todas suas formas e manifestações, não importa quem o pratique, em que lugar, ou com que propósito, é inaceitável e jamais será justificado’, disse Annan.
A orientação tem enfrentado a resistência de jornalistas ao redor do mundo, que se disseram pouco à vontade com o fato de que a ONU possa vir a ser um ‘monitor global’ da imprensa. É o caso da Federação de Jornalistas Independentes, com sede em Bruxelas, que escreveu a Kofi Annan alertando que tal medida ‘pode abrir as portas para a interferência no trabalho da mídia’. A delegação do Canadá, presente à sessão da ONU, também manifestou a preocupação de que o código possa vir a ser mal utilizado para cercear a liberdade de expressão.
A estratégia da ONU na luta contra o terrorismo inclui combate rápido e abrangente a armas biológicas e cooperação entre os países membros daquela organização. A ONU pretende ser clara e incisiva sobre o tema, não abrindo espaço para pontos polêmicos, como a discussão das raízes do terrorismo, uma controvérsia que tem divido as nações islâmicas e ocidentais. Essa postura suscitou críticas de países como Paquistão, já que o relatório não leva em consideração as causas do terrorismo, como a pobreza e a discriminação.
O debate sobre o assunto deve continuar nas próximas assembléias da organização, em Nova York.
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Jornalista, editor do Balaio de Notícias