Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Onze jornalistas são agredidos

O Comitê de Proteção dos Jornalistas (CPJ) condena os ataques de manifestantes e policiais contra pelo menos 11 repórteres, fotógrafos e cinegrafistas bolivianos que cobriam violentos protestos, segunda-feira, na cidade de Cochabamba.

Milhares de manifestantes – incluindo membros do partido de esquerda no governo, Movimento ao Socialismo (MAS), sindicatos e grupos indígenas – tomaram as ruas para pedir a renúncia do prefeito local, Manfred Reyes Villa, segundo informações da imprensa local e internacional. O prefeito, aliado à oposição conservadora, anunciou na semana passada que convocaria um referendo para perguntar à população se esta deseja ter um governo autônomo no departamento de Cochabamba, informou a imprensa.

Pedradas, pauladas e equipamento roubado

Manifestantes incendiaram escritórios governamentais e também veículos particulares e da polícia de Cochabamba, cidade localizada a 230 quilômetros ao sudeste de La Paz. A polícia lançou granadas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, enquanto os manifestantes responderam com paus e pedras. Trinta e uma pessoas ficaram feridas durante os choques, informou a agência Associated Press. Relatos da imprensa e de fontes do CPJ indicaram que pelo menos 11 jornalistas foram agredidos. Alguns dos jornalistas foram alvo dos manifestantes e das forças de segurança; outros se encontravam em meio ao fogo cruzado.

‘Condenamos os ataques contra nossos colegas em Cochabamba’, ressaltou o diretor-executivo do CPJ, Joel Simon. ‘Instamos as autoridades bolivianas a proporcionarem a proteção necessária para que os jornalistas possam realizar seu trabalho e a responsabilizarem todos os envolvidos na violência de segunda-feira contra a imprensa’.

Quatro jornalistas da estação local Univalle Televisión – os cinegrafistas Victor Cabezas e Alfredo Orellana, e os repórteres María Elena Soria e Limbert Sánchez – foram atacados por manifestantes na praça central da cidade, onde ocorreram os choques mais violentos, informou Sánchez ao CPJ. Orellana foi hospitalizado durante dois dias com ferimentos na cabeça; Cabezas, que foi atingido por uma pedra e Sánchez, que foi golpeado com paus, sofreram ferimentos leves. Os manifestantes arrebataram o equipamento de Orellana e o microfone de Soria, disse Sánchez.

Gás lacrimogêneo e balas de borracha

Sánchez informou ao CPJ que manifestantes armados com paus também atingiram Cristian Rivero, um repórter do canal nacional de televisão Bolivisión. Segundo Sánchez, manifestantes ameaçaram Elizabeth Paravisini, fotógrafa do diário local Los Tiempos, e confiscaram sua câmera.

Os manifestantes acusaram os jornalistas de serem parciais contra o governo do presidente Evo Morales, ex-cocaleiro eleito há 13 meses, informou Sánchez ao CPJ. Uma parte dos meios de comunicação da Bolívia é controlada por empresas vinculadas à oposição conservadora. Morales tem acusado a imprensa boliviana de alinhar-se com forças antigovernamentais, e chegou até a nomear membros da imprensa como seus maiores inimigos.

O repórter local de rádio Efraín Gutiérrez, da estação de Cochabamba La Chiwana, foi agredido por membros do pessoal de segurança do prefeito, disse Sánchez ao CPJ. Os agressores acusaram Gutiérrez de dar informações unilaterais e provocaram um ferimento em sua orelha, completou Sánchez. Jorge Abregó, fotógrafo trabalhando para a agência de imprensa Fides, Efraim Muñoz, correspondente local da Agência Boliviana de Informação (ABI), e Noé Portugal, fotógrafo do diário Los Tiempos, foram feridos pelas granadas de gás lacrimogêneo e balas de borracha da polícia, segundo a ABI. Representantes da ABI e do jornal Los Tiempos confirmaram hoje (11 de janeiro) os ataques durante entrevistas ao CPJ. Segundo a ABI, agressores não identificados atacaram também o fotógrafo independente Raúl Guevara e arrancaram sua câmera.

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O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo