No penúltimo domingo antes do Natal (17/12), o leitor paulista fanático por jornais e revistas recebeu 1.180 páginas impressas em sua porta. Foram desconsiderados os encartes publicitários, folhetos e prospectos. A edição de IstoÉ não foi entregue e o Jornal do Brasil não foi incluído porque deixou de ser um jornal nacional. Se O Globo trouxesse os classificados que circulam no Rio o número total de páginas seria ainda muito maior.
Mas qual o saldo destes quilos de papel em matéria de serviço público? Impossível quantificar. Uma coisa é certa: sem essas toneladas de papel o mundo seria muito pior. A importância do jornalismo não se mede pelo peso do papel impresso ou o volume de informações relevantes. Tudo é relevante: algumas palavras num título, uma frase solta no texto, um argumento mais sucinto, uma opinião mais elaborada, uma foto, uma caricatura e, de repente, temos material para formar critérios ao longo de toda uma vida.
Mesmo que uma parte dessas notícias possa desagradar ou até mesmo conter erros, o volume e a importância do que é oferecido aos leitores desempenha um papel crucial na sua formação.
Então, por que tantas reclamações contra a imprensa? Simplesmente porque os governantes não recebem os jornais nas suas portas. Não lêem esses jornais, lêem apenas as súmulas dos jornais a seu respeito e, nesta seleção precária, perdem a perspectiva. Não se enxergam como parte de um todo. Se os políticos lessem os jornais por inteiro, os jornais seriam menores e os políticos, talvez, melhores.