Com o anúncio da morte do ex-presidente Gerald Ford pouco antes da meia noite na costa leste americana, muitos jornais dos EUA tiveram que refazer suas primeiras páginas às pressas na madrugada de terça para quarta-feira (27/12). Ainda que seja comum que jornais tenham obituários de pessoas importantes preparados, muitas publicações quiseram dar lugar de destaque à notícia – e houve quem rasgasse a primeira página para fazer uma nova, afirma artigo da Editor & Publisher [27/12/06].
Os sítios das publicações, por sua vez, já não têm este problema. A versão online do New York Times estampou rapidamente em sua página principal uma ‘seção interativa’ sobre a vida de Ford, narrada pelo ex-repórter político do jornal Adam Clymer – que também é co-autor do obituário do ex-presidente. O Los Angeles Times apresentou um editorial onde chamava o político de amigável e simples.
Watergate
O republicano Gerald Ford assumiu o governo dos EUA em 1974, quando o então presidente Richard Nixon deixou o cargo em conseqüência do escândalo Watergate – em que o jornal Washington Post revelou a participação dele em escutas ilegais à oposição democrata. Em uma decisão que provavelmente lhe custou a eleição de 1976 para o democrata Jimmy Carter, Ford perdoou Nixon durante seu curto mandato.
Nesta quarta, a Associated Press divulgou, junto com o obituário do ex-presidente, um artigo sobre esta que foi a decisão mais controversa de Ford. Na época, grande parte da opinião pública queria que Nixon pagasse por seu atos.
‘O perdão presidencial aos delitos de Richard Nixon definiu o mandato de Gerald Ford. Isso não era exatamente o que Ford esperava. Ele via o perdão a Nixon como o primeiro passo para ser eleito presidente por mérito próprio. E não havia como Ford se concentrar nos problemas da nação enquanto o destino legal de Nixon continuasse sem solução’, dizia o texto da agência. O tiro saiu pela culatra.
Ford tinha 93 anos.