Gostaria de ser um dos signatários do documento a ser enviado ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para barrar os bandidos que almejam candidatar-se a mandatos eletivos e que têm problemas de ordem moral – que vêm corroendo as finanças do país desde tempos imemoriais da ocupação portuguesa no solo brasileiro – e facilidade para ocupar cargos políticos. Até porque o dinheiro fácil que o poder lhes proporciona os faz galgar postos, não somente nos fóruns de debates, como nos cargos executivos.
Ocorre que as figuras desses larápios engravatados, em sua maioria, são brancos ou assemelhados, conforme suas ascendências vindas dos meios lusitanos que colonizaram o Brasil.
A TV Globo, entretanto, está a exibir a figura de um homem negro, um ator de sobeja competência, na novela A Favorita, que faz política – um riquíssimo deputado para quem o dinheiro e as tentativas de compra de consciências ocorrem com a maior facilidade, sendo um dos piores exemplos de corrupto já mostrado nesse tipo de ficção.
Ações racistas e intolerantes
Imaginem: um negro, e não um branco, a exemplo de um Lauro Maia, o empresário recentemente preso no Rio Grande do Norte pela Polícia Federal, além de outros da mesma estirpe, que continuam a enganar um eleitorado inconsciente ainda da sua cidadania.
Quando do caso dos ‘anões do orçamento’, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, à época, fez por onde os tais ‘anões’ não fossem indiciados e julgados. Até hoje tem gente exercendo mandato político, na oposição, danado da vida por não poder meter a mão no dinheiro público.
A Globo está invertendo os valores. Por que será? Seria a ideologia dos psicanalistas dos anos 1930, ou daqueles que foram da polícia política dos tempos do Getúlio Vargas, ou mesmo as ações racistas e intolerantes nos tempos de Agamennon Magalhães quando governador de Pernambuco, para os quais todos os males do país eram causados pelos negros ou assemelhados?
Barrar candidaturas
Creio que se trata de uma inversão proposital, para renascer, talvez, um sentimento de perseguição aos afro-descendentes, especialmente quando o presidente da República vem criando pastas administrativas para cuidar de políticas de inclusão social e de igualdade racial, valorizando, assim, etnias secularmente alijadas de posições de destaque na vida política, jurídica, administrativa e econômica do país.
Pois outra razão não vemos nessa criminosa amostra de um negro, que mesmo sendo um ator, ter que representar muito bem o papel de um prócer da corrupção no Brasil. É necessário que as ONGs que lidam com cidadania atentem para este fato.
Quanto aos políticos corruptos de fato, esperemos que o TSE reveja sua posição, barrando nas fontes, ou seja, nos TREs, as candidaturas de indivíduos notoriamente reconhecidos nas hostes da imoralidade pública.
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Musicólogo, professor do Departamento de Música da UFPE e vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos Dom Helder Câmara