O procurador-geral da Rússia, Yuri Chaika, anunciou na segunda-feira (27/8) a detenção de 10 suspeitos pelo assassinato da jornalista Anna Politkovskaya. Anna, crítica ferrenha do governo do presidente Vladimir Putin, foi executada a tiros dentro do elevador do edifício onde morava, em Moscou, em outubro do ano passado.
Chaika declarou à imprensa que a morte da jornalista tem ligação provável com seu trabalho, já que ela costumava ter voz ativa na denúncia de abusos por forças de segurança na Chechênia e em regiões vizinhas. O procurador afirmou que, segundo investigações, Anna teria sido assassinada por um grupo do crime organizado liderado por um checheno. O crime teria contado com a participação de pelo menos cinco membros da segurança russa entre eles um tenente-coronel do Serviço Federal de Segurança de Moscou e um major da polícia, que teriam fornecido informação sobre a rotina da jornalista para os assassinos.
Desestabilizar o país
‘A pessoa que ordenou o assassinato [de Anna Politkovskaya] vive no exterior’, afirmou Chaika. ‘Forças interessadas em desestabilizar o país, subverter a ordem constitucional, alimentar a crise, voltar ao antigo regime liderado por dinheiro e oligarcas, estariam interessadas neste crime. Nossa investigação revelou que esta não foi a primeira tentativa do tipo outros assassinatos também foram provocações’. Entre os crimes citados por Chaika estariam o assassinato do jornalista americano Paul Klebnikov, em 2004, e o do vice-presidente do Banco Central russo, Andrei Kozlov, no ano passado.
Questionado se o multimilionário Boris Berezovsky estava na lista de suspeitos, o procurador sorriu e se recusou a responder. ‘Nossa investigação nos levou a concluir que apenas pessoas que vivem no exterior estariam interessadas em matar Anna’, ressaltou. Crítico do governo russo, Berezovsky vive exilado em Londres. Klebnikov, que editava a versão russa da revista Forbes, havia escrito o livro The Godfather of the Kremlin, detalhando como o magnata fez fortuna.
Preço alto
Anna tinha 48 anos quando foi morta. O crime teve grande repercussão internacional, com críticas de que o governo russo teria falhado em garantir o direito à liberdade de expressão. Na ocasião, Putin classificou o assassinato de um ‘crime terrível’. Colegas de trabalho e amigos da jornalista, além de organizações em defesa da liberdade de imprensa, acreditam, entretanto, que ela tenha pagado o preço por criticar as autoridades russas.
O jornal Novaya Gazeta, onde Anna trabalhava, preferiu comentar com cautela a prisão dos suspeitos. ‘Naturalmente, é cedo para falar que o assassinato foi solucionado. Os assassinos, seus cúmplices e os mandantes devem ser identificados e condenados’, declarou o jornal. Informações de Guy Faulconbridge [Reuters, 27/8/07].