Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Primeiro a revelar agente, colunista resolve falar

O colunista sindicalizado Robert Novak, primeiro a divulgar a identidade secreta da ex-agente da CIA Valerie Plame, em 2003, afirmou esta semana que identificou três fontes confidenciais em seu depoimento durante a investigação. Em coluna publicada nesta quarta-feira (12/7), Novak conta que forneceu, no início de 2004, três nomes ao promotor especial Patrick Fitzgerald, designado para descobrir quem vazou a informação secreta sobre a agente.


Duas destas fontes seriam o estrategista político da Casa Branca Karl Rove e o então porta-voz da CIA Bill Harlow. Segundo o colunista, eles teriam confirmado informações pedidas por ele sobre a identidade de Valerie Plame. Ambos teriam sinalizado que Novak podia revelar seus nomes durante a investigação. A terceira fonte é a pessoa que originalmente falou para o colunista sobre a agente, e Novak afirma que, mesmo hoje, não pode revelar seu nome publicamente.


‘Eu cooperei com a investigação ao mesmo tempo em que tentei proteger os privilégios jornalísticos sob a Primeira Emenda e as fontes que não se revelaram’, escreveu o colunista, completando que alguns colegas de profissão o atormentaram para que ele revelasse seu papel no caso. ‘Eu prometi que discutiria meu papel na investigação quando fosse permitido pela promotoria, e o faço agora’.


Mistério solucionado


Uma aura de mistério rondou Novak pelos últimos dois anos e meio, já que ele se recusava a dizer se tinha ou não testemunhado no caso – enquanto noticiava-se que outros jornalistas, alguns dos quais sem conexão direta com a divulgação da identidade de Valerie Plame, eram intimados diversas vezes pelo promotor. Judith Miller, então repórter do New York Times que nunca havia escrito sobre a agente, chegou a passar três meses na cadeia por se recusar a revelar sua fonte confidencial.


Novak agora conta que, inicialmente, recusou-se a revelar suas fontes durante uma entrevista com três agentes do FBI. Relutante em testemunhar diante de Fitzgerald, ele foi convencido por seu advogado que o melhor era colaborar com a justiça, ou as chances de perder uma custosa batalha legal e ser preso eram grandes. O colunista teria então testemunhado sob intimação em fevereiro de 2004, após ler uma declaração onde expressava seu incômodo em debater suas fontes confidenciais.


Conspiração


Críticos especulam que a revelação da identidade secreta de Valerie Plame era uma estratégia para prejudicar seu marido, o ex-embaixador Joseph Wilson. Crítico ao governo Bush, Wilson havia publicado, poucas semanas antes da coluna de Novak, um artigo no New York Times onde questionava as razões do presidente americano para ir à guerra contra o Iraque. ‘A fonte primária não foi um funcionário político’, rebate Novak, ressaltando que o papel de Valerie na CIA surgiu no meio de uma conversa sobre outros assuntos. ‘Eu não acredito que tenha sido parte de um plano para desacreditar alguém’.


Mark Corallo, porta-voz de Rove, havia afirmado ao Washington Post que o estrategista nunca procurou jornalistas para dar informações sobre Valerie, e sim foi procurado por Novak. O ex-porta-voz da CIA Bill Harlow disse ao Post que questionou aspectos da coluna de Novak três dias antes de sua publicação, e teria afirmado que, se ele publicasse algo sobre Joseph Wilson, o nome da agente não deveria ser revelado. O colunista diz ter uma lembrança diferente da conversa. ‘Eu certamente não teria usado o nome dela se alguém tivesse me indicado que ela poderia estar em perigo’, alega. Informações de Howard Kurtz [The Washington Post, 12/7/06] e David Johnston [The New York Times, 12/7/06].