Gerou controvérsia a decisão de um editor britânico de republicar jornais da era nazista com o objetivo de ampliar a consciência histórica. A primeira edição do semanal Zeitungszeugen (que significa Jornal Testemunha) contém cópias de três diários publicados originalmente em 30 de janeiro de 1933 – dia em que Adolf Hitler chegou ao poder – e o jornal de propaganda Der Angriff (O Ataque).
O Conselho Central dos Judeus, na Alemanha, expressou preocupação com o projeto. As primeiras 300 mil cópias do jornal foram distribuídas no país no fim da semana passada – cada exemplar custa 3,90 euros, o dobro do preço de um jornal normal. Segundo Stephan Kramer, secretário-geral do Conselho, há o risco de que a publicação estimule ações neo-nazistas. As edições contam com comentários de historiadores, para contextualizar as informações.
Peter McGee, editor responsável pelo jornal, refuta as críticas, afirmando que o objetivo do projeto é incentivar uma reflexão sobre o tema. Já a mídia alemã mostrou-se dividida sobre a novidade. Alguns jornais elogiaram a iniciativa, por oferecer aos leitores uma oportunidade única de ver a reprodução exata de publicações de valor histórico; outros sugeriram que, por trás da preocupação histórica, há, na verdade, interesses comerciais. ‘Hitler vende mais que sexo’, escreveu o jornal Peiner Allgemeine Zeitung, lembrando que a audiência televisiva ou a venda de revistas sempre sobe quando o assunto é o ex-ditador.
Ataques
McGee planeja publicar o equivalente a um ano de jornais de 1933 a 1945, com reproduções semanais. As edições virão sempre com uma capa e com as análises dos historiadores. ‘É muito fácil tirar a capa com os comentários, jogá-la fora e você logo terá um jornal puramente nazista. Isso não vai simplesmente aumentar a consciência histórica; vai colocar material nazista autêntico nas mãos de simpatizantes do nazismo’, reclama Kramer.
Na primeira página da edição do Der Angriff reproduzida na semana passada, Joseph Goebbels, ministro de propaganda de Hitler, ataca a ‘imprensa judaica’ em uma coluna intitulada ‘Faça uma limpeza geral!’. ‘É hora de limparmos o doente corpo alemão e trazê-lo de volta à vida’, escreve. Informações de Anna Brooke [Reuters, 14/1/09].