Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Qual o limite dos símbolos religiosos no jornalismo?

Jornalistas – em especial os que aparecem na televisão – devem evitar expor suas opiniões publicamente. Isto inclui suas escolhas religiosas, afirma Tara Conlan em artigo no britânico The Guardian [12/10/06]. Mas há diferença entre adereços como um crucifixo no pescoço e uma burca? Para o jornalista George Alagiah, da BBC, há. O ex-correspondente internacional e atual apresentador dos programas Six O’Clock News e World News Today criou polêmica recentemente ao levantar o debate sobre multiculturalismo em sua autobiografia.

Desta vez, Alagiah promete mais controvérsia. Diante do debate gerado pelo fato de sua colega de emissora, a âncora Fiona Bruce, ter usado um crucifixo no ar, o jornalista disse que não vê problema em apresentadores da rede britânica usarem símbolos religiosos como crucifixos, mas acredita que a utilização de uma burca já seria uma atitude ousada demais.

Alagiah afirma que, como o objetivo no ramo de comunicações é atingir o maior número possível de pessoas, o uso de um símbolo muçulmano tão forte seria algo problemático. ‘Fazer de conta que não faz diferença se alguém usa uma burca seria algo desonesto e ingênuo. Devemos ouvir a maioria dos nossos telespectadores’, opina. O jornalista afirma que, se uma apresentadora realmente quiser usar uma burca durante o expediente, deve optar por trabalhar em uma emissora de rádio.

A polêmica gerada pelo livro de Alagiah se deu por ele ter afirmado que o multiculturalismo teria criado, dentro das próprias cidades, áreas segregadas no Reino Unido. O jornalista relata, entretanto, que tenta ser imparcial ao máximo em seu trabalho. ‘Eu escolho cuidadosamente as minhas palavras aqui [na TV]. Eu aprendi, no período em que fui correspondente internacional, como a imparcialidade e a confiança são importantes’, diz.