Os estúdios de cinema dos EUA estão mantendo o compromisso firmado no Senado de não comprar espaço publicitário para filmes restritos a menores de 17 anos (os R-rated) em programas de TV juvenis. Entretanto, de acordo com um relatório recente da Federal Trade Commission (FTC), instituição que defende os interesses dos consumidores americanos, sobre o marketing de filmes e jogos violentos a adolescentes, a situação é diferente na internet, nos cinemas e nas lojas.
Sítios de internet com alto número de usuários jovens estão disponibilizando publicidade destes filmes e, mesmo com o controle da indústria cinematográfica, o público de 13 a 16 anos consegue comprar ingressos para os filmes em 39% das tentativas; com relação à compra de DVDs, este número sobe para 71%.
O documento, divulgado na semana passada pela FTC, dá prosseguimento a uma pesquisa de 2000, que concluiu que a indústria do entretenimento está vendendo violência à audiência jovem. Um relatório de 2004 havia indicado melhorias, mas, desde o aumento de publicidade online, da rápida expansão de comunidades virtuais, como o MySpace, e da explosão na produção de filmes de horror R-rated, como Jogos Mortais e O Albergue, o cenário voltou a piorar.
Mais controle, por favor
A FTC pediu então que os produtores de filmes, músicas e jogos reconsiderem suas ferramentas de controle. ‘Encontramos uma cumplicidade aos padrões voluntários adotados há sete anos pela indústria cinematográfica sobre anúncios de filmes R-rated na TV, mas há atenção insuficiente ao desenvolvimento e à aplicação destes padrões às novas tendências de marketing’, constatou o último relatório.
Os visitantes do MySpace menores de 16 anos constituem apenas 24% do total de usuários do sítio, mas são responsáveis por 40% das páginas vistas, de acordo com dados de 2006 da empresa de pesquisas Nielsen//NetRatings. Um porta-voz da rede de relacionamentos alega, no entanto, que, segundo a MediaMetrix, rival da Nielsen//NetRatings, 80% da audiência do MySpace é maior de 18 anos.
O relatório da FTC sugere também que as indústrias cinematográfica e fonográfica imponham punições mais severas para este tipo de produto, semelhantes às feitas pela indústria de games, que proíbe anúncios em sítios onde há mais de 45% de visitantes menores de 17 anos. A pesquisa revelou que o acesso dos jovens a jogos M (para maiores de 17 anos) caiu 85%, comparado há sete anos – somente 42% deles conseguem comprar este tipo de jogo sem a presença dos pais.
A idéia de divulgar o relatório neste momento é inserir o debate na pauta da campanha política para as eleições presidenciais de 2008. O estudo foi divulgado dias antes do massacre no campus da Virginia Tech University, no qual 32 pessoas foram assassinadas por um estudante de 23 anos – que depois se matou. A tragédia reabriu a discussão sobre a violência nos EUA. Informações de Michael Cieply [The New York Times, 13/4/07].