O repórter Saul Martinez, que cobre a seção policial do jornal Interdiario, foi arrancado de seu carro na manhã de segunda-feira (16/4) quando buscava refúgio em uma delegacia, na cidade de Água Prieta. ‘Nós temos 95% de certeza de que ele está morto’, afirmou o irmão do jornalista, Edgar Martinez, à agência de notícias Reuters. O pessimismo de Edgard, que também é jornalista, é compreensível.
Profissionais de imprensa que cobrem assuntos ligados às operações dos narcotraficantes acabam virando alvos deles, mas as ameaças e perseguições parecem ter aumentado desde que o presidente Felipe Calderón deu início a uma ofensiva para desmantelar as quadrilhas. A sangrenta guerra entre os cartéis de drogas espalhados pelo México já deixou um saldo de mais de 600 mortos apenas este ano; em 2006, foram duas mil pessoas assassinadas.
Trabalho arriscado
Água Prieta, no estado de Sonora, é um ponto importante para os narcotraficantes, pois fica próximo à fronteira com Douglas, no Arizona. A cidade é também um dos principais campos de batalha dos cartéis rivais. O chefe de polícia local foi morto em uma emboscada em plena luz do dia em fevereiro, no mesmo lugar em que o jornalista foi levado. Segundo Edgar, Martinez investigava um outro seqüestro em Água Prieta e havia comentado que temia estar sendo seguido.
A organização Repórteres Sem Fronteiras, com sede em Paris, afirmou em seu sítio que a ofensiva do governo, que espalhou milhares de soldados pelo território mexicano para capturar traficantes, também está aumentando os riscos do trabalho jornalístico. ‘Os jornalistas estão mais expostos do que nunca a este tipo de violência e nós tememos um declínio da liberdade de imprensa em alguns estados’, declarou. Informações de Greg Brosnan [Reuters, 17/4/07].