A ONG Repórteres Sem Fronteiras afirmou não acreditar que a invasão à casa do jornalista Carlos Russo, editor do semanário Perfil, no dia 27/3, em Buenos Aires, tenha sido um assalto comum. Arquivos importantes que continham informações sobre corrupção envolvendo funcionários do governo foram levados no incidente. ‘Russo recentemente investigou e publicou artigos sobre um caso de corrupção extremamente delicado, envolvendo a empresa sueca Skanska’, escreveu a organização em seu sítio. ‘Ladrões comuns se dariam ao trabalho de levar arquivos de um jornalista? Tudo indica que o assalto está relacionado ao trabalho dele’.
Russo, sua esposa e a filha de sete anos estavam em casa no momento da invasão por três homens armados. Depois de trancar as vítimas em um dos quartos, os assaltantes vasculharam todos os pertences de Russo, levando seu notebook e seus arquivos sobre o caso ‘Skanska’. Além disso, foram levados US$ 68, algumas jóias, um DVD, dois celulares e um pocket computer. Eles fugiram no carro da família.
Motivação para continuar
O jornalista acredita que os homens esperaram sua mulher chegar do trabalho para entrar na casa. ‘Poderia ter sido um assalto comum. Mas também é possível que seja uma ameaça ou uma mensagem para dizer: ‘Nós podemos voltar à sua casa quando quisermos’. Não sei ainda’, diz. No artigo da edição do dia 2/4 da Perfil, Russo escreveu: ‘O incidente provocou uma reação paradoxal em mim; me incentivou a continuar a investigação com ainda mais entusiasmo’.
A empresa de energia Skanska é acusada de evasão de taxas e de pagamento de propina a fim de conseguir fechar um contrato para a construção de um gasoduto ao norte do país. Ela também é investigada sob acusação de falsificar faturas para ocultar dívidas não pagas. Acredita-se que o caso envolveria funcionários do ministério do Planejamento, liderado por Julio De Vido, grande aliado do presidente Néstor Kirchner. Informações da Repórteres Sem Fronteiras [5/4/07].