Wednesday, 13 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Resposta do Sindicato do Rio

A verborragia irresponsável do Sr. Mário Augusto Jacobskind mais uma vez utiliza o nosso Observatório da Imprensa para ofender colegas de profissão e distorcer fatos ao bel-prazer de suas ambições políticas — todas frustradas, para o bem da categoria [veja remissão abaixo]. Se os leitores do Observatório da Imprensa conhecessem de perto a figura do Sr. Mário, não precisaríamos gastar o tempo e a paciência de todos com réplicas como essa. Fazemos isso em respeito aos profissionais que não tiveram o desprazer de conviver com esse personagem e, portanto, podem se deixar impressionar pelas calúnias que ele usa sistematicamente para se promover.

O Sr. Mário mente ao afirmar que 5 das 6 urnas continham mais votos do que constavam dos mapas eleitorais, o que indicariam uma violação. Os mapas eleitorais das 5 urnas itinerantes somavam 100 votos. Os votos encontrados nas urnas totalizaram 102, o que pode ser considerado um erro de quem votou e não assinou a listagem ou que um dos mesários não contabilizou os votos. Na pior das hipóteses, se algum mesário tivesse colocado votos a mais nas urnas, ainda assim seria um voto para cada urna, sobrando então três urnas com a quantidade correta de votos. A ocorrência do erro é lamentável, mas isso não significa que se possa acusar de fraude, sem qualquer prova, os profissionais envolvidos no processo.

O Sr. Mário mente ao afirmar que as urnas foram violadas. Todas as urnas, no fim do dia de votação, tinham sua ‘boca’ lacrada com fita adesiva e rubricada pelos fiscais da chapa 1 e da chapa 2.

A chapa 2, Outra Fenaj é possível não apresentou qualquer requerimento junto à diretoria do Sindicato contestando os nomes da comissão eleitoral.

O Sr. Mário mente ao afirmar que as urnas tiveram seu itinerário alterado sem consulta ou concordância da Chapa 2. Ele próprio solicitou à Comissão que o jornalista Ziraldo votasse por procuração, o que foi negado. Mais tarde, no entanto, ele solicitou que a urna que fosse para a TV Globo passasse antes na residência do cartunista. Com a concordância da Chapa 1, a Comissão Eleitoral autorizou. O fato não se confirmou pela própria desistência do próprio Ziraldo.

O Sr. Mário mente ao afirmar que na mesa coletora de votos no sindicato foram aceitos votos de jornalistas que se sindicalizaram no dia da eleição. No dia 6, uma jornalista se sindicalizou e votou em separado; no dia 7, uma associada transformou sua pré-sindicalização em sindicalização e votou em separado.

Os jornalistas que não tinham o nome na listagem votavam em separado. O seu voto era colocado dentro de um envelope, que por fora recebia o seu nome. Nenhum das duas chapas apresentou requerimento solicitando cancelamento de qualquer voto em separado.

O Sr. Mário mente ao afirmar que a maioria das urnas estava viciada. Como já demonstramos, os mapas relacionavam 100 votantes e os votos contidos nas urnas eram de 102, ou seja, no máximo 2 urnas tinham a quantidade de votos errada, um erro que, repetimos, é lamentável, o que não dá a ninguém o direito de apontar má-fé sem qualquer prova ou indício de interesse no suposto delito. A Chapa 1 venceu por uma enorme folga a eleição em todo o Brasil e quem acompanha a vida sindical e conhece as redações cariocas sabe que suas chances no Rio de Janeiro eram reduzidíssimas. Tanto que o núcleo da Chapa 2 não conseguiu reunir sequer 15 nomes para montar uma chapa para as eleições sindicais no Rio, previstas para os dias 16, 17 e 18 de agosto. É uma agressão à inteligência de todos insinuar que os favoritos da eleição para a Fenaj tivessem qualquer interesse em desmoralizar e anular uma votação amplamente favorável. Se não fosse antes de tudo um barulho autopromocional, seria uma simples estupidez.

O Sr. Mário mente ao afirmar que o Sindicato tem 5 mil jornalistas sindicalizados, mas apenas 780 estavam em condições de votar. O Sindicato tem realmente 5 mil jornalistas cadastrados desde a sua fundação, em 13 de fevereiro de 1935. Isso inclui 720 aposentados. Em dia com o sindicato, em condições de votar, são 1.100 profissionais.

A verdade dos fatos

O Sindicato dos Jornalistas contratou, como faz em todas as eleições, seis mesários e um coordenador para realizar as eleições da Fenaj nos dias 6, 7 e 8 de julho. Este coordenador é o mesmo que trabalhou em todas as eleições desde 1995 no Sindicato sem cometer qualquer erro. Foi inclusive coordenador das eleições de 1998, quando o Sr. Mário foi candidato às eleições do Sindicato e perdeu, recebendo pouco mais de 20% dos votos. A Comissão Eleitoral foi formada como determina o regulamento da Fenaj. Nenhuma das duas chapas apresentou requerimento contestando a formação da Comissão Eleitoral. Em reunião com um representante da Chapa 2, foi apresentado o roteiro das urnas, sem que houvesse contestação.

No dia 30 de junho, a representante da Chapa 2 enviou um e-mail para o Sindicato, solicitando que uma das urnas passasse na ABI, o que foi aceito pela Comissão Eleitoral. A chapa 1 – Mais Fenaj – tinha dois fiscais que se revezaram na fiscalização da urna do Sindicato. A Chapa 2 – Uma outra Fenaj é possível – credenciou 15 fiscais. Cada mesário saiu do Sindicato com uma lista contendo o nome e a matrícula dos associados aptos a votar, 50 cédulas, uma folha pautada e envelopes para os votos em separado e o mapa eleitoral (este mapa mostra o dia e o local de votação e o número de votantes), acompanhado de um fiscal da Chapa 2.

Ao retornarem da rua, os mapas eleitorais foram conferidos e assinados pelo coordenador dos mesários, pelo coordenador dos fiscais da Chapa 2 e pelo fiscal da Chapa 1. Em seguida, foram lacradas as bocas das urnas com fita crepe, rubricadas pelos fiscais das duas chapas, e todas colocadas em um saco preto e posteriormente lacradas com fita crepe, guardadas em armário com chave, tendo sua porta lacrada com papel colado e rubricado pelos fiscais das chapas. Estes procedimentos foram adotados durante os três dias de votação. Nenhuma chapa comunicou qualquer violação das urnas à Comissão Eleitoral.

Às 19h30 do dia 8 de julho de 2004, iniciou-se a apuração dos votos. Foram designados como escrutinadores o coordenador dos fiscais da Chapa 2 e o coordenador dos mesários. Conferido o número de votantes da listagem com o número de votantes do mapa eleitoral, não havendo diferença nos números, foi aberta então a primeira urna, a que ficara fixa na sede do Sindicato. Do mapa eleitoral constavam 141 votos e dentro da urna também havia 141 votos, sendo 72 para Chapa 1 e 66 para Chapa 2, três em branco.

Para a Comissão de Ética o resultado da urna foi o seguinte: Chapa 1 Carmen Pereira (RJ) 82 votos, José Hipólito Araújo (PE) 59 votos, Luiz Spada (GO) 53 votos, Aloísio Morais Martins (MG) 63 votos, Luiz Ricardo Lanzetta (DF) 57 votos; para a Chapa 2 Venício Artur Lima (DF) 52 votos, Rubem de Azevedo Lima (DF) 52 votos e Edgard Tavares (DF) 52 votos; Thirsá Rita R. Tirapelle (PR), candidata avulsa, recebeu 26 votos.

Após a apuração foi lavrado boletim com a assinatura dos representantes das duas chapas, da Comissão Eleitoral e da coordenação dos mesários. Em seguida, iniciamos apuração da segunda urna. No mapa eleitoral constavam 16 votos e na urna, 19. As duas chapas, em comum acordo com a Comissão Eleitoral, decidiram impugnar os votos. Foi lavrado o boletim, com todas as assinaturas. Na abertura da terceira urna, constatou-se que a lista de votantes era de 32 e a urna continha 15 votos. Por sugestão dos escrutinadores e em comum acordo com as duas chapas, decidiu-se abrir urna por urna e verificar se os mapas de votação haviam sido trocados. Ao abrir a quarta urna foram encontrados 30 votos onde deveria ter nove. Na quinta, foram encontrados 22 onde deveria ter 13. E na última urna, 21 votos onde deveria ter 25. Totalizando 100 votos nas urnas e 102 no mapa eleitoral. Ao verificar que os mapas não coincidiam com os números de votos pertencentes às urnas, o representante da Comissão Eleitoral, em comum acordo com o representante da Chapa 1, Adalberto Diniz, e da Chapa 2, Fernando Paulino, decidiu considerar nulo o processo eleitoral no município do Rio de Janeiro para a eleição da diretoria da Fenaj no triênio 2004-2007. Os votos apurados e as cédulas em branco foram em seguida incinerados a pedido da Chapa 2 e teve o Sr. Mario Augusto fiscalizado o interior das urnas para verificar se não sobrou nenhum voto.

O Sr. Mário mente ao afirmar que sem uma discussão mais apurada as cédulas foram rapidamente queimadas. A eleição foi anulada pela Comissão Eleitoral por consenso das duas chapas. Neste momento, representantes da Chapa 1 sugeriram que as cédulas não fossem queimadas, mas preservadas para uma eventual investigação, e que o mais minucioso relatório fosse feito para facilitar o trabalho dos investigadores. A Chapa 1 sugeriu ainda que o relatório contivesse todos os elementos importantes para a investigação, especialmente os nomes dos mesários e dos fiscais que acompanharam cada urna. A Chapa 2 recusou a proposta, exigiu a incineração e não aceitou que o relatório apontasse os nomes dos mesários e dos fiscais. Não se deve deixar de citar que as urnas itinerantes foram acompanhadas apenas por fiscais da Chapa 2. A única urna que contou com a vigilância permanente de fiscais da Chapa 1 foi a urna fixa na sede do sindicato.

Por acaso, foi a única urna que não apresentou diferença entre o mapa eleitoral e a quantidade de votos encontrados. Nem por isso os integrantes da Chapa 1 tiveram a atitude leviana de acusar os concorrentes de fraude. É uma acusação absolutamente gratuita, bem ao estilo inconfundível do Sr. Mário, e terá a oportunidade de ser comprovada ou desmentida no âmbito da Justiça.

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Presidente do Sindicato dos Jornalista Profissionais do Município do Rio de Janeiro