Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Revelação sobre o Diário de Marília surpreende

O programa Observatório da Imprensa na TV de terça-feira, 20/09, abordou o episódio do atentado ao jornal Diário de Marília, vítima de um incêndio criminoso no dia 8 de setembro. A revelação de que o ex-prefeito de Marília (SP) e ex-deputado estadual Abelardo Camarinha seria dono do Diário, feita pelo jornalista Oswaldo Machado, que participou do programa por telefone, direto de Marília, dominou os debates. De acordo com Machado, o atentado teria sido realizado em função de uma disputa societária envolvendo o jornal – Camarinha teria os direitos sobre o Diário ‘sub júdice’ e estaria irritado com a postura agressiva que vem sido adotada contra ele próprio desde meados do ano passado.


O editor-chefe do Diário, José Ursílio, que participou do programa de São Paulo, ao lado do jornalista Alberto Dines, negou as informações de Machado, disse que há 13 anos o jornal tem outro dono e preferiu ressaltar o caráter de violência contra a liberdade de expressão que o episódio encerraria. Segundo ele, ‘qualquer que seja a natureza do patrimônio’, o atentado ao jornal deve ser condenado e tratado como um crime contra a liberdade de imprensa.


Também presente nos estúdios em São Paulo, o vice-presidente da Fenaj, Fred Ghedini, se mostrou cético em relação à versão de Machado. Segundo ele, ‘não faz sentido que Camarinha seja dono do jornal’, ao mesmo tempo em que é acusado de autor da violência contra o Diário. Sem ter informação precisa sobre a disputa societária no Diário de Marília, Ghedini preferiu abordar a questão da violência contra jornalistas, também denunciada por Machado, condenou o atentado e prometeu cobrar do secretário de Segurança Pública de São Paulo rigor nas investigações em curso sobre o episódio.


Convidado para participar do programa, o ex-prefeito Camarinha preferiu mandar uma nota à produção do OI na TV, na qual rebate as acusações de ter sido o mandante do atentado. Dines leu o texto no início do programa, suprimindo diversos trechos injurioso, com ataques pessoais ao editor José Ursílio. Também na abertura do programa, Dines cobrou da grande imprensa uma cobertura mais aprofundada do atentado e lembrou alguns dos problemas crônicos enfrentados pelos pequenos jornais do interior, em geral suscetíveis às pressões dos políticos e grupos econômicos locais.


Outro participante do programa, dos estúdios no Rio de Janeiro, foi o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azedo, para quem as responsabilidades devem ser cobradas não do secretário de Segurança paulista ou da Polícia Federal, mas do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que é, segundo ele, o responsável por assegurar a liberdade de imprensa no Estado. Azedo lembrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronunciou sobre o caso e Alckmin, não.