Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Rita Célia Faheina

‘‘É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas graça das graças é não desistir nunca’. Dom Hélder Câmara

Nunca imaginei exercer a função de ombudsman. Por brincadeira, alguns colegas sempre diziam que um dia eu ocuparia o cargo porque tinha a característica de ser desempenhado por ‘mulheres pequenas’ (com referência à altura). Isso, antes da Regina Ribeiro – um pouco mais alta – exercer a função em 2002. As baixinhas citadas são a professora Adísia Sá – que exerceu quatro mandatos e é ombudsman emérita – e a jornalista Márcia Gurgel, que ocupou o cargo em 1996. Encarava sempre com uma gargalhada e dizia que as duas podem ter uma estatura mínima, mas são grandiosas, competentes mulheres e profissionais.

Com um metro e meio de altura e uma paixão, muito maior do que eu, pela reportagem, jamais admitiria assumir esse cargo. Sempre dizia que o meu prazer é o Sertão, a conversa nos alpendres e nos roçados, o calor da fé dos romeiros, descobrir o talento dos cearenses que vivem nos mais escondidos e pobres lugarejos do Estado.

Por esse prazer que sinto em repassar as histórias que ouço e experiências que aprendo para os leitores é que resisti muito quando recebi o convite da nossa presidente Luciana Dummar. Antecedeu ao susto do convite, uma desesperada tentativa de recusar. Mas ela demonstrou toda a sua confiança e teve a paciência em escutar os meus ‘nãos’. Luciana me contagiou e emocionou com a sua determinação e confiança. Como insistir mais nessa recusa?

Agradecimentos

Eu acho que ainda não agradeci o suficiente à Luciana Dummar, aos meus amigos da Redação e de vários outros setores do Grupo de Comunicação O POVO pelo apoio e afeto. Nesses três dias (até este sábado) que exerço o cargo, foi incontável o número de telefonemas, e-mails, telegramas, mimos, abraços e beijos nos corredores da empresa, nas ruas, nas vizinhanças. Pessoas que não tinha contato há mitos anos enviaram suas mensagens de parabéns, de otimismo. Obrigado a todos.

Função

Como bem foi explicado na matéria sobre a posse, ‘ombudsman, na tradução jornalística, quer dizer ouvidor. É o advogado do leitor’. As críticas, denúncias, reclamações e sugestões são encaminhadas aos setores responsáveis da empresa com a cobrança de respostas para serem dadas ao leitor.

O ombudsman também faz, diariamente, a análise das matérias publicadas na edição do jornal e envia para a primeira reunião da pauta do dia, pela manhã. Cabe ao profissional que exerce a função, as sugestões e cobranças sobre a correção de erros, falhas, imprecisões, equívocos e direitos de resposta. É o que está no Regimento do Cargo de Ombudsman do O POVO.

Novo regimento

Desde que foi criada a função de ombudsman no O POVO, em 1994, que pouca coisa tinha mudado no Regimento do Cargo. Foi oficializado o novo documento, na última quarta-feira, 7, e, entre as modificações, consta que o ombudsman poderá ‘vir a ser destituído de seu cargo pela Presidência do Grupo, antes de findo o mandato (de um ano), se não cumprir as atribuições estabelecidas no Regimento ou praticar atos cometidos, dentro e fora do Jornal, que atinjam a honorabilidade da função’. Caso o leitor queira conhecer todo o regimento, é só acessar www.opovo.com.br/ombudsman.

Religião

Na sua última coluna do mandato, o jornalista Paulo Verlaine escreveu sobre a minha formação católica. Quero reforçar aqui as palavras do Verlaine, meu querido amigo.

Nasci em uma família bem estruturada que sempre cultivou a fé em Deus. Eu e minha única irmã temos o exemplo cristão de nossos pais que participam de grupo de orações e movimentos da Igreja Católica.

No entanto, esta ombudsman comunga com todos os irmãos. Sou de uma Igreja que teve – e ainda tem – religiosos que lutaram ou lutam pela solidariedade e bem-estar social do próximo, como dom Helder Câmara, dom Aloísio Lorscheider, dom Paulo Evaristo Arns, dom Edmilson da Cruz, irmã Dulce, madre Tereza de Calcutá…

Deus é único para os que acreditam Nele. Por isso me vejam como uma ombudsman ecumênica que respeita o próximo, seja ele crente ou não.’