Wednesday, 13 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1313

Rodolfo Fernandes

‘Raríssimas vezes na vida a gente tem a sensação de estar diante de um gênio. Esta é a impressão que se tem todos os dias acompanhando o trabalho do Chico Caruso aqui na Redação do GLOBO. Ele chega no começo da tarde, conversa com uma ou outra pessoa, pergunta quais são as novidades, pega o seu maço de jornais e vai sentar na editoria de Arte. Como a mesa dele fica num canto delimitado por duas paredes de vidro, em frente à lanchonete, vê-lo trabalhar é um privilégio para os que passam. Fica lá folheando os jornais, calado (é o tímido mais extrovertido que existe, do tipo que canta em festas; como diria Caetano, o Chico é ‘tímido e espalhafatoso’) e, de repente, volta com uma de suas charges geniais. Embora ele seja o Pelé da charge, no estilo está mais para Romário: quase não aparece, se movimenta pouco, mas sempre decide.

Por isso, a história do GLOBO nos últimos 20 anos está indelevelmente ligada à do Chico (ou seria o contrário?). Quando ele chegou aqui nessas páginas – primeiro em preto e branco e sem ser diário – o país era outro, e também outro era o jornalismo. A ditadura acabou, a tecnologia mudou e hoje o Chico é diário, colorido e multimídia. Fala – ou melhor, desenha – para milhões de pessoas. Mas as suas ferramentas continuam as mesmas: o traço exato e o humor demolidor.

Tão demolidor que chega a produzir nas suas vítimas aquilo que é descrito nos estudos de psicologia jurídica como ‘Síndrome de Estocolmo’, quando as vítimas se apaixonam por seus algozes. Só isso explica a permanente chuva de pedidos dos personagens do Chico solicitando uma cópia do objeto com o qual foram atingidos, a charge. Algumas das figuras mais importantes da República – o que, no Brasil, vai do presidente ao craque de futebol – já pediram uma reprodução (Chico não costuma dar originais) de desenhos em que aparecem. A relação de atração dos políticos com as charges do Chico é um caso a ser ainda melhor estudado. É certo que muitos já tiveram a iniciativa de reclamar e, neste quesito, o ex-presidente Itamar Franco, retratado como Forrest Gump e como um alegre palhaço, foi imbatível: não gostou nem um pouco das brincadeiras e Chico acabou alvo de uma dura nota oficial do Palácio do Planalto. Mas a maioria adora. Em termos de humor, Brasília melhorou muito depois que o topete de Itamar saiu de cena.

No seu dia-a-dia aqui no GLOBO, tem uma coisa que sempre me intrigou no Chico: a capacidade de prever os acontecimentos políticos ou seus desdobramentos. Invariavelmente, quando tem que antecipar algum desenho, os fatos que ele retrata se encaixam exatamente com o que aconteceu no dia. É impressionante. Já ficamos horas na redação divagando sobre isso, sem uma conclusão… Certa vez, ele teve que fazer uma viagem e deixou um desenho do ministro Maurício Corrêa, presidente do Supremo Tribunal Federal, para ser publicado dias depois. Aparentemente, não tinha muito sentido, ele nem estava no centro dos acontecimentos. Na véspera da publicação, explodiu uma crise no Judiciário e o ministro virou o personagem do dia. O Chico é assim, meio mediúnico. Aquela coisa do craque: não vê a jogada, antevê.

Para um jornal, poder contar com as charges do Chico é algo que se casa perfeitamente com a sua missão principal, que é dar informações de forma exclusiva, analítica, sintética e contextualizada. O que o Chico mostra é isso tudo – é a própria informação em si, aquela que vai além do que a gente consegue mostrar em textos e mesmo em fotos. Quantas vezes, no GLOBO, sua charge é a única imagem da primeira página? É como se ele amarrasse de tal forma o noticiário que pudéssemos dispensar outros elementos de informação. Se a história de que uma foto vale por mil palavras tem algum sentido, o que dizer de uma charge do Chico Caruso? Muitas vezes, vale por um jornal inteiro.’



Jorge Bastos Moreno

‘História flagrada por pincéis que não mentem’, copyright O Globo, 29/02/04

‘Um presidente eleito não assume, outro é deposto. Pela primeira vez, o país reelege um presidente e elege um operário. Não há precedente na História de uma nação que, em duas décadas, tenha passado por tantas transformações políticas como o Brasil. As imagens desse país, na pena de Chico Caruso, revelam e analisam fatos que, não raras vezes, mesmo as reportagens mais apuradas e os editoriais mais contundentes deixam escapar.

Como nas histórias em quadrinhos, o Brasil de Chico Caruso tem seus personagens famosos. Nenhum super-herói. Vilões? São os que não estão bem nas charges porque não estão bem na História. O próprio figurino dos personagens já informa ao leitor o perfil de cada um deles, como o vestido de noiva de Ulysses Guimarães, o espelho de Fernando Henrique Cardoso, os sumôs de Antônio Carlos Magalhães e Sérgio Motta e, nos detalhes físicos, o bigode de Sarney, a barba de Lula, o topete de Itamar, a careca de José Serra e o pescoço de Ciro Gomes. Até entre os que têm características físicas semelhantes os detalhes revelam personalidades diferentes: a maioria dos leitores associa as sobrancelhas de Brizola a uma silhueta de raposa, e a de Jáder Barbalho, na interpretação mais generosa, a um gato de rua.

– As piadas e charges que fazem com os políticos, inclusive comigo, acho todas engraçadas. Só me preocupo quando elas tentam transmitir algumas mensagens mais filosóficas – afirma hoje o presidente Lula, ao comentar ter achado engraçada a charge que tirou o sono dos editores do GLOBO na véspera de sua publicação: ele e ACM na cama.

Por que Ulysses Guimarães, nas charges do Chico, sempre foi a noiva esperando no altar, sempre de olho no relógio? Qualquer repórter que acompanha o dia-a-dia de Brasília pode responder: Ulysses foi o político que mais namorou o poder e sempre foi abandonado por ele, não na porta, mas no altar da própria capela do Alvorada. Ou, para citar a obra do gênio homônimo, o tempo passou na janela, e só Ulysses não viu.

O ingresso de Chico Caruso no GLOBO coincidiu com a agonia da ditadura e o início da maior mobilização pública da História do país, a campanha das diretas. Nos estertores da ditadura, surgem personagens como o general Newton Cruz, chicoteando carros na Esplanada de uma Brasília em estado de emergência. Entra em cena, do lado civil, um quinteto da pesada, tinteiro cheio para a pena de Chico: Tancredo, Ulysses, Aureliano, Sarney e Marco Maciel.

Ano seguinte, morte de Tancredo, posse de Sarney e início de suas brigas com Ulysses. E 86 começa agitado, com o Plano Cruzado de Sarney, convocação da Constituinte e uma esmagadora vitória do PMDB nas eleições de governadores e do Congresso. Ulysses Guimarães assume o título de condestável da Nova República.

O sonho da estabilidade econômica começa a se desmoronar em Carajás e se acaba perto de Irajá, no Rio, com o famoso ‘picaretaço’ que encurralou fisicamente o governo Sarney. A Nova República, que com esse nome foi lançada em 15 de novembro de 1984 por Tancredo Neves em Vitória (ES), foi se despedaçando nas páginas da História e nas charges do Chico. As próprias bases dessa aliança, o PFL e o PMDB, começaram a enfrentar graves problemas.

– Só senti que o governo Sarney estava acabando na hora em que o Marco Maciel rompeu com ele – relata o presidente da Fundação Joaquim Nabuco, Fernando Lyra, articulador político de Tancredo e ministro da Justiça de Sarney.

A crise no PMDB foi mais profunda. De sua costela, em 88, em vez da mulher, nasceu a ave, mas tão vaidosa quanto ela: o PSDB. O novo partido fez sua estréia já no ano seguinte, disputando, junto com os demais, a primeira eleição direta do país, após a ditadura. No início do debate sucessório, as atenções estavam voltadas para o PMDB e, como todo mundo, as charges do Chico estavam voltadas para personagens do momento: Ulysses, Arraes, Pedro Simon e Quércia, entre outros. Ninguém falava naquele governador nordestino que participava calado das reuniões do PMDB com seus governadores, Fernando Collor, de Alagoas. Só quando Collor desgarrou-se do PMDB, começou a fazer pirotecnia no governo e tornou-se candidato de um partido nanico é que foi descoberto. Tornou-se um dos principais personagens do Chico até embarcar no helicóptero que o tirou do Palácio do Planalto.

Foi no governo Collor que as ousadas charges mais estiveram na berlinda dos políticos, até mesmo entre opositores mais ferrenhos do governo. As duas mais polêmicas foram a do ministro Alceni Guerra pedalando uma bicicleta, trazendo o filho na garupa e a de Rosane Collor vestida de presidiária. A do Alceni, que parecia uma inofensiva e perfeita reprodução em desenho das fotos das primeiras páginas dos jornais do dia anterior, provocou reações porque trazia uma tarja preta no rosto do filho.

Entrou em cena não um presidente, mas uma verdadeira charge viva: Itamar Franco. Foi uma farra. Os desenhos do Chico desgrenharam o topete de Itamar e revelaram a verdadeira personalidade tresloucada de um presidente, como poucas vezes a mídia retratou.

– Charge boa é a que provoca polêmica – diz o ex-presidente Fernando Henrique, brindado por Chico com um livro sobre os oito anos de seu governo.

O Congresso se assanha todo quando o traço de Chico transforma essa obra de Niemeyer num vaso sanitário. Mas se cala e abaixa a cabeça, porque os traços, como os astros, não mentem: Chico apenas reproduz o uso que, em um determinado momento da contramão da História, os inquilinos estão fazendo do prédio e, na maioria das vezes, por pressão ou consentimento do síndico que mora ao lado.’



Adriana Vasconcelos

‘Os alvos ‘se pelam de medo’. Mas gostam’, copyright O Globo, 29/02/04

‘Ser retratado por Chico Caruso pode ser um sinal de grande sucesso ou o resultado de uma tremenda bobagem. Quem atesta é o futuro presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Nelson Jobim. As paredes da sala de espera de seu gabinete são decoradas com uma coleção de charges que o colocam como alvo principal do humor refinado e crítico de Chico. Longe de se irritar, Jobim jura se divertir com o traço mordaz do cartunista.

– Nunca me irritei. Pelo contrário, me divirto muito. Essas charges servem de autocrítica e, às vezes, nos fazem ver as asneiras que cometemos – admite o ministro.

De presidentes a celebridades instantâneas, ninguém que foi notícia nos últimos 20 anos escapou dos pincéis de Chico. Um dos personagens prediletos do cartunista, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) também diz guardar com carinho essas imagens. Numa delas, Antonio Carlos aparece travestido de baiana, tendo o Congresso Nacional como adereço na cabeça.

– Chico é um gênio e com gênio não se discute. Roberto Marinho já me dizia: ‘Aqui (no GLOBO), eu só não mando no Chico Caruso’ – – conta o senador.

Seja entre governistas ou representantes da oposição, Chico é quase uma unanimidade. O ex-presidente da República e atual presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não esconde o prazer de se ver nas charges:

– Tenho com muito orgulho sido um personagem ao longo desses anos. Eu sempre me vejo nas charges dele como se fosse uma terceira pessoa e fico vendo seu talento.

Repetindo o mote de uma famosa propaganda – ‘a primeira vez a gente nunca esquece’ – o presidente nacional do PT, José Genoino, guarda na memória a emoção de sua estréia nas mãos de Chico.

– A primeira gravura que ele fez de mim foi quando participei do programa Roda Viva após a Constituinte. Guardo esse quadro até hoje – diz Genoino. – Ele mistura a identidade com o momento em que a pessoa vive. Isso é genial, usar a pena para reproduzir sentimentos – acrescenta.

Durante os oito anos em que esteve no comando do país, Fernando Henrique Cardoso repetia:

– Eu me pélo de medo do Chico.

Mas a verdade é que as críticas do cartunista nunca são desprezadas. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), aconselha seus partidários a prestarem atenção aos recados de Chico.

– Chico reúne qualidades únicas num cartunista: a beleza do traço, o rigor da crítica e uma capacidade de síntese que causa inveja até de poetas. Eu tenho várias charges em que fui objeto do trabalho dele e sinto uma honra imensa pela forma como fui tratado. Mas tenho certeza que, quando ele tiver de criticar de forma dura, ele o fará e dói mais do que muito texto. Ele é implacável – observa o senador, acrescentando:

– A liberdade de imprensa e a independência são fundamentais, inclusive, para o governo se ver, e se ver no traço do Chico Caruso é uma obrigação para qualquer governo, sobretudo para corrigir seus erros.

Para o atual presidente do STF, Maurício Corrêa, Chico mexe com o país.

– Acho que ele não é só um intelectual, como artista, sobretudo, é um homem que mexe com o Brasil através de seu senso de humor atinado e firme – afirma.

O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), também elogia o cartunista:

– Chico leva ao paradoxismo a tradicional capacidade do chargista de combinar em poucos traços o essencial da personalidade humana com o momento que pretende retratar, se a crítica política, a tragédia das multidões ou a dor da injustiça. Tudo isso com o indispensável toque de humor e ironia.

Admiração e carinho são os sentimentos despertados por Chico cada vez que o novo comandante da oposição no Congresso, o senador tucano Arthur Virgílio (AM), se vê retratado.

– Ele consegue sintetizar o que intelectuais precisariam de livros densos para exprimir – destaca.

Para o carioca Miro Teixeira, líder do governo na Câmara, Chico é mais que um cartunista.

– Acho que o Chico é um editorialista formidável. Ele vai além do traço, ele vai no editorial. Esses 20 anos foram tão bons que parece que foi ontem. Para nós foi muito bom – conclui.’



Luiz Camilo Osório

‘O J. Carlos da segunda metade do século XX’, copyright O Globo, 29/02/04

‘Fazer um desenho por dia, na primeira página do jornal, por tantos anos seguidos, é um marco histórico. Haja fôlego, ou melhor, haja idéia para manter graça e crítica afiadas diariamente. Por mais virtuoso que seja, um chargista só se mantém atual por vinte anos se for rápido com as idéias e souber traduzi-las em um desenho que mobilize o leitor apressado da primeira página. Chico Caruso é o J. Carlos do final do século XX. Quem quiser entender o Brasil precisa levá-los a sério, olhar com atenção o comentário cáustico e agudo de suas charges. Mais do que jornalistas, são cronistas do desenho, que respondem diretamente aos acontecimentos com traço e legenda. Esta, ao contrário da usada sob as fotografias de jornal, determinando-lhes o sentido, são, no caso destes dois mestres, coadjuvantes da inventividade gráfica.

Foi Ernst Gombrich quem disse que os historiadores da arte deveriam levar mais a sério os cartunistas e caricaturistas. Fora os casos excepcionais de um Goya ou um Daumier, que eram excepcionais pintores, a caricatura é absolutamente negligenciada e tratada como arte menor. Não deveria. Mesmo que a experimentação fique atrelada à necessidade narrativa, à comunicação imediata, a conquista de um signo gráfico preciso e sintético, própria à caricatura, tem uma potência educativa e crítica que não deve ser menosprezada. Por outro lado, devemos lembrar uma observação de Pedro Nava, em breve passagem de suas memórias, ressaltando a importância dos salões de humor no final dos anos 1910 para a renovação da linguagem artística, àquela época engessada pelos cânones acadêmicos. O desassombro da linha de Di Cavalcanti diante dos seus modelos saiu de sua veia de caricaturista.

Na década de 20, foi o paraguaio Guevara, outro gênio da caricatura, um dos primeiros a usar uma forma cubista de representação da figura humana, facetando e geometrizando o retrato. Depois disso, nos anos 60 e 70, será a vez do argentino Trimano revolucionar a caricatura brasileira, principalmente nas páginas do jornal ‘Opinião’ (de onde saíram tanto Chico Caruso como Cassio Loredano) a partir de sua herança expressionista tão cara à figuração política da pintura argentina daqueles anos. Cabe também lembrar que foi um caricaturista, o mesmo Guevara nos anos 40, e depois um artista, Amilcar de Castro, no final dos anos 50, dois nomes cruciais para a diagramação da imprensa brasileira. A articulação entre a linha e o vazio é cara tanto ao artista quanto ao caricaturista, e fundamenta a visualidade do jornal.

Para Chico Caruso, artista autodidata, a tradição da pintura, o confronto com os grandes mestres, serve como aprendizado. Principalmente em relação ao uso da cor, já que o desenho lhe é tão natural e intuitivo. Não é mera coincidência que sua primeira charge colorida no GLOBO, em 1984, seja uma Lição de Anatomia, a partir de Rembrandt, onde o metalúrgico Lula é analisado por um grupo de políticos, tendo à frente José Sarney. Ao longo destes 20 anos de produção ininterrupta no GLOBO, foram várias as suas ‘citações’ da história da arte, apropriando-se de pinturas de Velazquez, Rembrandt, Leonardo, Delacroix, Manet, Almeida Júnior, Guignard, Miró, etc. Para não falar de Picasso, a quem Chico dedicou todo um livro, intitulado ‘Pablo, mon amour’. A capacidade deste pintor espanhol de transformar e reinventar a fisionomia das pessoas é fundamental para a formação de todo caricaturista. Chico percebeu isto imediatamente.

A prática da citação é recorrente na arte dita pós-moderna. Chega a ser chato de tão repetitivo. Na maioria das vezes, e este é o grande problema, a citação da história da arte não passa de mera erudição, satisfazendo os egos interpretativos de uma arte sem pretensão inventiva. No caso de Chico Caruso, além do exercício de aprendizado e alheio a qualquer moda de ocasião, há uma necessidade de adaptação ao contexto, de inserção do comentário político, que faz toda a diferença. A erudição transforma-se pela espirituosidade e pelo senso de oportunidade.

Certa vez, Gertrude Stein reclamou com Picasso de que ela não se parecia nada com o retrato pintado por ele. A resposta veio certeira: ‘Você não é assim, mas será.’ Esta capacidade de inventar o retratado é o que determina o grande retratista, e ninguém como Chico Caruso para achar os detalhes fundamentais de uma fisionomia. É impiedoso neste aspecto; que o digam os políticos brasileiros. Depois de um bom desenho seu é batata: só conseguimos ver o coitado do jeito que ele desenhou. Enfim, a história da caricatura brasileira tem em Chico Caruso um capítulo à parte. A história da arte, por sua vez, encontrou nele um comentarista inteligente e engraçado.’