O presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC, sigla em inglês) americana, Kevin Martin, ordenou uma investigação formal sobre dois relatórios da agência reguladora sobre propriedade de mídia que nunca foram divulgados ao público.
O inquérito, noticia John Dunbar [Associated Press, 18/9/06], foi um pedido da senadora Barbara Boxer, que tornou público na semana passada um estudo da FCC que ela alega ter sido arquivado pela comissão. Anteriormente, Barbara já havia divulgado um esboço de uma pesquisa da agência que mostrava que estações locais cujos proprietários eram habitantes locais colocavam no ar mais notícias do que as estações locais cujos proprietários eram de fora da cidade ou região. A senadora pediu à FCC para ‘examinar se a prática de suprimir fatos que são contrários ao resultado desejado ocorreu no passado ou se é algo que ainda acontece’.
Administração passada
Em carta a Barbara, Martin afirmou que também está preocupado com o que aconteceu com os documentos. ‘Eu pedi ao inspetor geral da FCC para conduzir uma investigação sobre o destino dos relatórios e vou cooperar com ele’, disse. Martin observou que não era presidente da agência quando os relatórios foram feitos, e que nem ele ou sua equipe chegou a vê-los. Ele juntou-se à comissão em julho de 2001 e tornou-se presidente dela em março de 2005.
Os relatórios teriam sido produzidos pelo escritório de mídia da FCC, responsável por analisar o impacto da desregulamentação da indústria. Um dos estudos avaliou que, no período de março de 1996 a março de 2003, o número de estações de rádio comerciais em atividade aumentou 5,9%, enquanto o número de proprietários caiu 35%. O relatório, supostamente escrito em 2003, nunca foi divulgado. Análises semelhantes também não foram realizadas posteriormente, apesar de outros relatórios sobre a indústria radiofônica terem sido lançados em 1998, 2001 e 2002.
Em junho de 2003, a agência reguladora votou a favor da diminuição das regras de propriedade em praticamente todas as mídias, incluindo limites de propriedade cruzada de rádio e televisão. A maior parte das regras então votadas pela FCC foi revogada pela corte de apelações da Filadélfia.