Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Terra Magazine


TELEVISÃO
Márcio Alemão


É difícil carregar o peso do sucesso. E mais difícil ainda: livrar-se dele.,
2/12/06


‘Refiro-me a personagens de seriados na TV.


A turma do Seinfeld é ótimo exemplo. Nenhum deles conseguiu emplacar um novo
personagem em outros seriados.


O formidável George – Jason Alexander – fez várias tentativas, assim como o
estranho Kramer – Michael Richards. Não prosperaram. Recentemente, Elaine –
Julia Louis-Dreyfus – tenta emplacar o seu The New Adventures of old Christine.
Ganhou o Emmy de melhor atriz de comédia. Não me encanta nem um pouco sua nova
série.


Matt LeBlanc, o Joey de Friends, teve sua série cancelada. Nesse caso, ele
ainda tentou ser o mesmo personagem de Friends. Sem os amigos ao lado não deu
certo.


Brad Garret, o Robert de Everybody Loves Raymond, um coadjuvante muito
interessante e bem construído, virou portagonista na série que estreou há pouco
no Sony: Til Death.


Ruim. Muito ruim. Transformou-se em um personagem quase grosseiro, de humor
duvidoso. O texto não lhe ajuda, é verdade. Posso apostar que uma segunda
temporada não emplaca.


Mas de quem é a culpa, afinal? Tendo a atribuir maior parte da culpa ao
texto, às histórias. Pergunto, porém: será que não oferecemos uma enorme
resistência à mudança de nossos queridos personagens? A Coca-Cola viveu uma
situação parecida quando decidiu adotar novos sabores. As pessoas chegaram a
ficar revoltadas e alegaram que eles, a empresa, não tinham o direito de mexer
‘na minha Coca-Cola’. Quando assisto ao Til Death não consigo, ainda, ver o
Eddie – o personagem. Vejo Robert, que era do Raymond. E o Robert não falaria
aquelas coisas, não agiria daquela maneira.


Nosso sentimento de ‘posse’ passa, percebi isso recentemente, até pela voz de
um personagem. Fui rever o Agente 86 no canal TCM – Classics Hollywood. Mudaram
o dublador. Não consegui ver até o final do episódio. O Zé Colméia, no
Boomerang, não é mais o Zé Colméia porque não tem a mesma voz. Nem ele e nem o
Catatau.


Identificação, reconhecimento. Se não ocorre nada disso, nossa tendência é
rejeitar. Mexer com a nossa memória é muito delicado, ainda que seja com a
memória recente.


Curiosamente, isso acontece quase exclusivamente no campo da comédia. Um ator
dramático encontra outros papéis com mais facilidade. Mesmo assim, Hugh Laurie
dificilmente conseguirá se ver livre de seu personagem Dr. House.


Portanto, acredito que diante do sucesso avassalador de um perosnagem, o
agente do ator/atriz poderia dizer: ‘Tenho más notícias. O seu personegem é um
sucesso absoluto.’


Márcio Alemão é publicitário, roteirista, colunista de gastronomia da revista
Carta Capital, síndico de seu prédio, pai, filho e esposo exemplar.’


COMUNICAÇÃO CORPORATIVA
Francisco Viana


Receitas práticas para tempos de crise, 3/12/06


‘Eis algumas sugestões práticas para quem trabalha com gestão de crises
envolvendo casos de sonegação fiscal, com prisão de empresários e executivos
pelas autoridades policiais:


– Os Bancos acompanham passo a passo a crise dos clientes noticiada pelos
jornais. Quando as prisões acontecem, a primeira providência é bloquear os
cheques especiais das empresas e as operações de crédito. Tudo é feito,
geralmente, com sutileza e elegância, mas na prática o sinal vermelho é acionado
imediatamente. Uma alternativa é enviar um arrazoado para a direção do banco,
assinado pelos advogados, expondo as razões da empresa, como se estivesse num
tribunal. Uma visita pessoal de um representante da alta direção à instituição
financeira também conta preciosos pontos.


Agora, dois detalhes. Primeiro, os bancos públicos tem muita preocupação com
a imagem. Se o cliente é bom, tem bom cadastro, boa reputação no cumprimento dos
contratos, o importante é deixar claro o que está acontecendo no plano da ética,
isto é, do recolhimento ou não dos impostos. Nos bancos privados, seja qual for
o cadastro do cliente, predomina sempre o cuidado com a sustentabilidade da
empresa. Recomendo nas reuniões levar o consultor/assessor de comunicação para
que ele fale do que está sendo feito neste campo.


– As crises que envolvem prisões abalam muito as famílias dos envolvidos.
Portanto, é prudente pensar em organizar um sistema de informação para os
familiares. Todos ficam muito indignados com o noticiário, pressionam para que
sejam abertos processos e não têm isenção para entender o que de fato acontece.
Informá-los sobre os passos da defesa judicial e da defesa junto à opinião
pública, portanto, torna-se vital.


– Um item que jamais pode ser relegado a segundo plano é a comunicação
interna. Na região Norte, onde costumo trabalhar, soube do caso de uma grande
rede de varejo cujos donos foram presos e, depois de liberados, tiveram de
enfrentar uma onda de furtos da parte dos seus empregados. As estatísticas,
mantidas a sete chaves, indicavam um salto de 30% nesse tipo de prática. O
raciocínio é: se o patrão rouba, por que eu também não posso roubar? Daí, a
necessidade imperativa de informar aos colaboradores o que está acontecendo, as
providências tomadas e os passos para o futuro.


– No relacionamento com a mídia, se a crise for de âmbito regional vale
investir em matérias pagas nos jornais, rádios e televisão para reforçar o
posicionamento da empresa. Um conselho: muitas vezes, as crises que envolvem
prisões ostentam forte viés político e divide a imprensa. Os adversários dos
presos tendem a bombardeá-los com matérias acusatórias, sem deixar espaço de
defesa, o que seria lógico, ético e legal. Contudo, não deixe de anunciar nos
jornais adversários: é a oportunidade de atingir os seus leitores.


– Por fim, um par de lembretes adicionais. No passado, a pergunta era se as
crises corporativas iam acontecer ou não. Hoje, a pergunta é quando irão
acontecer. Vive-se num ambiente complexo de crescentes tensões, a envolver desde
as naturais reações ao pagamento de impostos que correspondem a 40% do PIB – no
período colonial pegou-se em armas contra Portugal que cobrava apenas 20% – até
os recorrentes impasses ambientais. Daí, e este é o segundo lembrete, toda
empresa necessitar de um Plano de Crise. Não vai impedir, é evidente, que a
crise chegue, mas certamente tornará a empresa bem mais preparada para dar as
respostas certas e sair do olho do furacão.


Francisco Viana é jornalista, consultor de empresas e autor do livro Hermes,
a divina arte da comunicação.’


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