INTERAÇÃO
Comentário é conteúdo?
‘De dois anos para cá, está virando quase praxe. Blogs e sites de grandes publicações estão revisando a sua política de comentários. Essa revisão, que levanta a bandeira da qualidade e não da quantidade dos comentários, vai em dois sentidos.
Primeiro, de que os autores dos conteúdos devem ler e responder aos comentários.
O site de notícias Cleveland.com, por exemplo, recomenda que, após publicar uma matéria, o jornalista dedique uma hora de seu tempo para responder aos comentários. Ou seja, interagir com o público faz parte do processo natural de publicação de conteúdo. Atitude rotineira para quem é autor de blog, mas que promete virar rotina e novidade em alguns sites de notícias.
No livro Blogging Heroes, Dave Taylor, do Intuitive Life Business Blog, já dizia que a atividade de responder a comentários é tão importante quanto a de criar posts novos. O tempo gasto deve ser igual para elaboração de respostas a comentários e para produção de novos posts.
Outro caminho dessa revisão da política de comentários é exigir a identificação de quem comenta, valorizar aqueles que comentam melhor e são mais ativos, afugentar os trolls e pessoas que fazem interpretações totalmente sem contexto.
Recentemente, a rede de blogs Gawker Media mudou a sua política de comentários. O blog de tecnologia Engadget foi por um caminho parecido, após ter vários problemas com trolls. Huffington Post e o site do Washington Post também prometem mudanças. O Colorado Springs Gazette lançou uma funcionalidade que permite ao leitor bloquear certos comentaristas.
O debate sobre a moderação e a identificação nos comentários não é novo. Vai e volta. Em 1994, o professor Peter Kollock, da Universidade da Califórnia, havia escrito o texto ‘Cooperation and Conflict in Computer Communities’, onde já abordava essas questões.
O que motiva a mudança desta vez é a nítida percepção de que um site também é avaliado pela qualidade de seus comentários. Os comentários influenciam como as pessoas entendem o site.
Arianna Huffington, do Huffington Post, acredita que tudo faz parte de um aprendizado. A internet está ficando mais madura e essas mudanças nas políticas de comentários são reflexo disso.
Para mim, a questão é mais simples, porém de maior amplitude.
Os comentários estão passando a ser vistos como conteúdo. Não são mais algo visto como separado, apenas para inflar os números da audiência. São parte importante do site e, portanto, devem seguir a linha editorial do mesmo, o que não tem nada a ver com censura ou não publicar comentários discordantes da matéria ou post.
Da mesma forma que existe um cuidado com o tema e o tom dos posts e matérias, deve existir com os comentários. Os dois têm pesos iguais. Economist que o diga…’
Quem vem primeiro: os comentários ou o post?
‘Parece que na Economist o negócio está se invertendo. Repecurte em vários blogs de mídia e tecnologia a ferramenta que a publicação lançou em seu site.
O Conversation Cloud agrega e disponibiliza em formato de nuvem de tags todos os comentários feitos em blogs e artigos da Economist. Tudo em caráter experimental.
Ao clicar em uma palavra, o leitor visualiza os comentários relacionados a mesma. Por exemplo, se você clicar em ‘Barack Obama’, visualizará todos os comentários em que o presidente dos EUA é citado.
A ferramenta foi criada pela agência Jodange, especializada em criar ‘tecnologias agregadoras’ de opiniões na web. Com o Conversation Cloud, a ideia da Economist é permitir inverter a ordem tradicional, você lê primeiro os comentários e depois a matéria.
Pesquisas feitas pela agência detectaram que há pessoas que lêem os comentários antes das matérias, além disso muitas vezes eles são determinantes na hora de decidir ler uma reportagem.
Para testar a ferramenta, é só seguir aqui. O Conversation Cloud aparece na barra à direita.’
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