CNN
Jornalismo cidadão dá prêmios, 14/4
‘Não sabia disso. O iReport, projeto de jornalismo cidadão da CNN, promove concursos entre estudantes universitários [não somente de jornalismo]. Os autores das melhores reportagens ganham viagens e câmeras digitais. O tema deste ano foi ‘O que significa ser negro na América?’.
Para mim, atualmente, o iReport é o melhor case do chamado ‘jornalismo cidadão’. Desde março, eles lançaram um site onde qualquer pessoa pode publicar algum conteúdo. A ferramenta é moderada pelos próprios usuários.
Funciona como uma espécie de ‘balaio’, onde as pessoas vão publicando vários vídeos. E dali, os editores da CNN garimpam o que vai ao ar na emissora e no CNN.com, com o selo iReport. O material escolhido fica no CNN Exchange.
Com a possibilidade de seu material ser publicado na TV e não em mais um site na rede e essa certa liberdade de publicação, eles devem receber material muito bom, mas também muita porcaria. Se eu já recebo muita propaganda e links para sites pornográficos nos comentários, imagino a CNN, que tem uma visibilidade bem maior.
Mais ainda ao partir do pressuposto que o site funciona como um YouTube. É só chegar lá e subir um vídeo. Como pede toda boa gestão de comunidade, acredito que eles tenham usuários-chaves que ajudam a evitar que o material impróprio fique no ar.
Percebi que existe um pouco de spam – alguns comerciais de produtos e filmes que foram publicados por usuários muito recentes. Mas, no geral, o resultado é muito bom.
Neste final de semana, assisti na CNN a um especial sobre o iReport – ainda não está no YouTube. É impressionante a preocupação deles em publicar material não somente relevante para o público da emissora, como também com qualidade [com imagens boas], detalhes que, no final, valorizam o projeto e incentivam o usuário a enviar material.
É um pouco da teoria da janela quebrada, que se aplica muito bem a comunidades de ‘jornalismo cidadão’.’
ELEIÇÕES
Se depender da internet, Obama será presidente, 11/4
‘Nesta sexta-feira, o TechCrunch publicou estatísticas que indicam – Barack Obama é o pré-candidato à presidência dos EUA que consegue atrair mais tráfego para o seu site e seus perfis em redes sociais. Na Wikipedia, seu verbete é o mais acessado entre os pré-candidatos.
Essas eleições serão a grande prova de fogo para testar os resultados práticos [chegar ao poder] dessas campanhas político-partidárias feitas com uma base forte na rede.
Para mim, ainda é muito cedo e incerto para declarar a vitória de Obama. Apesar de ser um contexto diferente, em 2004, o político Howard Dean fez algo parecido e morreu na praia.
Como Jordan Golson, do blog ValleyWag, bem lembrou, deve ser levado em conta que Obama é um candidato mais desconhecido que Hillary Clinton nos EUA, portanto atrai mais curiosidade e interesse de visitação para o seu site e verbete na Wikipedia.’
CAMPANHA
Papa no YouTube irrita Igreja Católica, 11/4
‘Na semana que vem, o Papa Bento XVI estará em Washington, nos EUA. É esperada uma grande movimentação – ruas serão fechadas, helicópteros no ar, trânsito confuso. Mais ou menos, como aconteceu em São Paulo, no ano passado.
Essa visita do Papa aos EUA é bem aguardada. Pela 1ª vez, ele vai realizar uma cerimônia no Marco Zero, local onde ficavam as torres do World Trade Center, em Nova York.
No caso de Washington, para evitar o caos no trânsito, a empresa que controla o metrô resolveu fazer uma campanha no YouTube para incentivar as pessoas a utilizarem o meio de transporte no dia em que Papa estiver na cidade.
Os vídeos foram publicados, estavam fazendo sucesso até a hora em que a Arquidiocese de Washington tomou conhecimento e pediu para retirar os comerciais do ar.
Segundo o Washington Post, a igreja acredita que a empresa do metrô realizou um merchandise não autorizado [!], ao utilizar um boneco do Papa, no estilo Bobble Head e que está à venda no eBay, para representar o religioso no vídeo.
Merchandise ou não, o texto do comercial termina com uma boa de uma pérola – ‘Evite o tráfego não sagrado. Pegue metrô’.
Abaixo segue o vídeo da ‘campanha proibida’, que, volta e meia, aparece no YouTube.
http://www.youtube.com/watch?v=I2Ux_96iTq8′
COLABORAÇÃO
O jornal começa a história e os leitores a terminam, 11/4
‘Outro dia comentei sobre o Novlet, um site para escrever histórias de forma colaborativa. Alguém escreve o começo, meio ou final de uma história. E os outros usuários dão continuidade ao trabalho.
Descobri que o site do Los Angeles Times, jornal bem focado na área de entretenimento, lançou um projeto parecido, o Birds of Paradise.
No dia 30 de março, Steve Lopez, colunista do jornal, escreveu o 1º capítulo de um romance que tem o mesmo nome do projeto. A partir daí, os leitores foram convidados a produzir os outros capítulos.
Pelo visto, a iniciativa está dando certo. O romance já está no capítulo 13. Para o leitor enviar a sua continuação da história é bem simples. É só preencher um pequeno formulário e mandar o texto, que não deve ter mais que 600 palavras.
O melhor capítulo escolhido vai ao ar e o seu autor ainda ganha prêmios – ingressos para uma feira de literatura em Los Angeles.’
PROIBIÇÃO
O problema do judiciário brasileiro é o mesmo de algumas empresas, 10/4
‘Foram dois lances em menos de uma semana. Primeiro, proibição da venda do jogo Bully e, depois, por causa de um blog, o acesso a todos os blogs hospedados no WordPress.com poderá ser bloqueado. Lembra o imbróglio Cicarelli-Youtube.
Devido a um vídeo, o site inteiro foi abaixo. Na época, o juiz responsável pela sentença mandou ‘bloquear o sinal do YouTube’, como se o site de vídeos fosse um canal de TV. O caso evidencia, mais uma vez, a falta de tato do judiciário para lidar com a web.
A meu ver, o problema não é a falta de leis para a internet. Elas já existem. Não é necessário uma legislação específica para a internet. Já temos jurisprudência e artigos que contemplam crimes cometidos nela – pedofilia, falsa identidade, calúnia, difamação etc.
O que deve existir é uma ‘cultura de internet’ no Poder Judiciário. Pelo que tenho visto, muitos juízes não têm noção do que estão julgando quando o assunto envolve sites e rede sociais. Ou seja, a falha é que quem bate o martelo mal é usuário de internet.
O mesmo problema de algumas empresas. O ‘pessoal operacional’ até está por dentro das últimas tendências na rede, mas a pessoa que bate o martelo, decide uma parceria ou uma contratação tem pouca vivência prática com a rede.
Enfim, a falha é que faltam usuários de internet em alguns centros de decisão. Não é apenas uma questão simplória de ausência de leis [judiciário] ou de orçamento [empresas].
Por isso, que, sem querer ser pessimista, acredito que esse cenário somente vai mudar na hora em que essa geração que está crescendo junto com a web e que tem um conhecimento mais prático da rede chegar aos centros de decisão – tornarem-se juízes, diretores de empresas etc.’
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