A Chicago Tribune anunciou que vai investigar a autenticidade de matérias dos últimos três anos do repórter Uli Schmetzer – o que dá mais de 250 textos. No final de fevereiro, ele escreveu reportagem sobre os protestos na Austrália após a morte de um jovem aborígine, supostamente por culpa de policiais. Schmetzer citou um certo psiquiatra ‘australiano branco’, de nome Graham Thorn, que teria dito: ‘[Os aborígines] querem viver na nossa sociedade e ser respeitados, mas não querem trabalhar. Eles roubam, assaltam e se embriagam. E não respeitam as leis’. Um leitor da Austrália desconfiou das afirmações que, para ele, ‘não soam como algo que um psiquiatra diria’.
Questionado pelos editores, Schmetzer, de 60 anos, disse primeiro que havia apenas mudado o nome do entrevistado. Depois, admitiu que a profissão do personagem não era psiquiatra, mas seguiu negando que tivesse inventado totalmente as declarações.
Filho de pais alemães, Schmetzer nasceu na Austrália e trabalhou na Reuters antes de entrar na Tribune. Durante os 16 anos em que atuou no diário, fez importantes matérias internacionais, por exemplo, sobre a repressão chinesa contra os militantes democratas que acabou no massacre da Praça da Paz Celestial. Segundo informações do Chicago Sun-Times [4/3/04], seu trabalho lhe rendeu o prêmio Edward Scott Beck, um importante reconhecimento interno. Aposentado há dois anos, vinha escrevendo matérias como free-lancer, a partir de diferentes partes do mundo.