Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

TSE restringe busca de votos pela internet

Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 31 de março de 2008


PROPAGANDA
Felipe Recondo


Parecer do TSE proíbe a busca de votos pela internet


‘Um parecer técnico da assessoria especial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proíbe que os candidatos às eleições municipais deste ano se valham das várias ferramentas da internet para angariar votos. O documento veda a publicação de blogs, o envio de spams com as propostas dos candidatos, o chamado e-mail marketing, a participação do político no Second Life, o uso do telemarketing, o envio de mensagens por celular e a veiculação de vídeos em sites como o You Tube.


A razão central para a proibição dessas tecnologias, de acordo com o parecer, é a falta de legislação específica para tratar do assunto.


‘Certo é que, conforme senso comum, se algo não é proibido, em tese, deveria ser facultado. Contudo, se a lei não proíbe determinadas práticas de propaganda eleitoral, também não as autoriza’, diz o parecer. ‘No campo da propaganda eleitoral, o que não é previsto é proibido’, concluiu o documento do Tribunal Superior Eleitoral.


A resolução do TSE para as eleições deste ano define somente que o candidato deve registrar no tribunal uma página na internet para sua campanha. O endereço desse site deve conter o nome e o número do candidato. A lei eleitoral, por sua vez, trata apenas da campanha em sites mantidos por empresas de comunicação social e para eles dá o mesmo tratamento dispensado às emissoras de televisão, rádios e mídia impressa, como jornais e revistas. As multas para o descumprimento da lei são, inclusive, as mesmas para todos os meios – em alguns casos, pode chegar a R$ 106.410,00.


Sobre blogs, e-mail marketing e telemarketing não há legislação. Por isso, a manifestação do TSE poderá ser determinante. Mas, para que essas proibições tenham efeito, esse parecer, em resposta a uma consulta do deputado federal José Aparecido (PV-MG), precisa ser incluído na pauta do tribunal e aprovado pelos ministros. Ainda não há previsão quando isso será feito.


Se a consulta não for considerada pelo tribunal, por fazer muitas perguntas de uma vez ou porque uma resolução do próprio TSE tratou do assunto, mesmo que de forma superficial, os candidatos repetirão as práticas da campanha passada. Caso contrário, a propaganda na internet ficará restrita ao site oficial do candidato a partir de 6 de julho deste ano.


RAZÕES


Em alguns pontos do parecer, os técnicos do TSE afirmam que as tecnologias poderiam até ser liberadas, se existisse alguma lei sobre o tema. No caso dos spams, por exemplo, o parecer informa que a tendência seria liberá-lo, assim como são legais as cartas enviadas pelos políticos às casas de eleitores em época de eleições.


Entretanto, até que um projeto que tramita na Câmara sobre o assunto não seja aprovado, essa modalidade de propaganda deveria ser proibida, de acordo com a avaliação da assessoria do tribunal. O mesmo vale para o Second Life, mas, para essa tecnologia recente, não há sequer projeto tramitando no Congresso.


Em relação aos blogs, o parecer permite a publicação, desde que o candidato opte por não ter outra página na internet. Os dois, diz o documento, não seria permitido, já que o site precisa ser registrado com antecedência no tribunal.


DINHEIRO VIA WEB


Uma das inovações que o parecer proíbe terminantemente é a captação de recursos pela internet. Na campanha deste ano dos Estados Unidos, os pré-candidatos montaram uma estrutura para arrecadar receitas via internet. No Brasil, porém, a lei obriga que partidos e candidatos tenham os recibos de todas as doações feitas.


Na internet, isso não seria possível, ao menos por enquanto. Mas o tribunal não descarta que nas próximas eleições essa novidade chegue às eleições brasileiras.


‘A proposição, embora passível de reflexão para um futuro que pode até mesmo ser breve, não há como ser viabilizada no momento, por ausência de disposição legal nesse sentido e não contar a Justiça Eleitoral, a quem compete a análise da prestação de contas de campanha, dos recursos tecnológicos necessários’, dizem os técnicos na consulta formulada ao tribunal eleitoral.’


 


VENEZUELA
O Estado de S. Paulo


‘Na Venezuela há total liberdade de expressão’, diz Hugo Chávez


‘A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, pelas iniciais em espanhol) encerrou ontem sua reunião de meio de ano, em Caracas, denunciando uma série de violações aos princípios de liberdade de expressão por parte governo do presidente venezuelano, Hugo Chávez.


Em sua declaração final, a SIP, entidade que reúne representantes de jornais e revistas de todo o continente, conclamou Chávez a levantar normas que restringem o exercício da livre imprensa e condenou a manutenção do fechamento da emissora RCTV – cuja concessão de emissão em sinal aberto deixou de ser renovada em maio – e o confisco de seus equipamentos. Também exortou o Estado a parar com a política de concentração dos meios de comunicação para fins de doutrinamento social e denunciou o assédio governamental contra os meios independentes.


Chávez, em seu programa dominical Alô, Presidente!, destacou a presença de alguns dos jornalistas que participaram de encontro paralelo de mídia pró-governo – incluindo o cubano Ernesto Vera – e rejeitou as críticas de falta de liberdade de imprensa no país. Sem fazer referência direta à SIP, ele qualificou de ‘um sucesso’ a reunião chavista. ‘Aqui há plena liberdade de expressão’, disse. ‘Parece-me que uma das grandes batalhas da atualidade é a batalha midiática. Mais do que isso, é a batalha das idéias.’O documento da SIP também apontou para os riscos à liberdade de imprensa em vários outros países, incluindo Cuba, EUA, México, Colômbia e Brasil. ‘Quando viemos à Venezuela, em novembro, para preparar essa reunião, fomos advertidos de que não éramos bem-vindos’, declarou ao Estado o presidente da entidade, Earl Maucker. ‘O fato de estarmos aqui demonstra nossa disposição de nunca retroceder nessa causa da livre expressão.’


A reunião da SIP, aberta na sexta-feira, ocorreu em meio a um clima de ameaças veladas e provocações por parte do governo de Chávez e seus partidários. De acordo com o presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, o guatemalteco Gonzalo Marroquín, vários hotéis de Caracas recusaram-se a abrigar o encontro por temor de represálias. O governo venezuelano – que há anos acusa os meios privados de promoverem uma ‘campanha bestial’ contra Chávez – organizou às pressas uma reunião paralela, a duas quadras do encontro da SIP, para denunciar o ‘terrorismo midiático’. No sábado, um grupo de chavistas realizou um protesto na frente do hotel onde estavam os representantes da SIP – sem ocorrências graves.


O evento chavista, o Encontro Latino-Americano contra o Terrorismo Midiático, também se encerrou ontem, com pesadas acusações à SIP, a qual definiu como entidade ‘a serviço do grande capital e da CIA (a agência de inteligência dos EUA)’.


LIBERDADE AMEAÇADA


Cuba: Raúl Castro mantém a imprensa paralisada e 25 jornalistas como presos políticos


Estados Unidos: Decisões judiciais põem em risco o direito de jornalistas manterem em sigilo suas fontes de informação. Audiências militares em Guantánamo não têm transparência


Brasil: Ações judiciais perpetradas por fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus em diferentes cidades contra o jornal ?Folha de S. Paulo? têm intenção de limitar o exercício do jornalismo. Pessoas físicas têm sido bem-sucedidas ao proibir, por via judicial, que tenham seus nomes publicados em alguns veículos


Colômbia: Seguem os assassinatos de jornalistas por parte de guerrilheiros esquerdistas, paramilitares de direita e chefes de grupos criminosos comuns


México: Ampliam-se os casos de assassinatos de jornalistas e ameaça a jornais por parte de líderes de quadrilhas narcotraficantes’


 


Mídia brasileira recebe críticas


‘Ontem, no discurso de encerramento da reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), o presidente da instituição, o americano Earl Maucker (do jornal ?Sun-Sentinel?, da Flórida), lamentou o que chamou de ‘baixo nível do envolvimento dos meios brasileiros’ com as atividades do organismo. ‘Nosso trabalho no passado e a sólida tradição da SIP mantêm-se vivos no Brasil e estou seguro de que nos próximos meses recuperaremos nossa liderança no País’, discursou Maucker. ‘Sei que muitos jornais brasileiros compartilham nossos pontos de vista. Mas eles continuam ali e não vão a nenhuma parte. É nosso dever voltar a despertá-los para trazê-los novamente à comunidade.’ Da reunião encerrada ontem, participaram apenas cinco veículos brasileiros, incluindo o ?Estado? – representado por seu diretor Paulo de Tarso Nogueira e pelo diretor do Comitê de Liberdade de Expressão da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Júlio César F. de Mesquita.’


 


TECNOLOGIA
Renato Cruz


Violência incentiva investimento em rádio


‘O combate à violência incentiva os investimentos em tecnologia. A EADS Secure Networks fechou um contrato de rádio digital de US$ 21,6 milhões com a Polícia Federal. A Motorola participa de um grande projeto com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, que tem em uso 12 mil rádios, para a Polícia Militar, a Polícia Civil e a Polícia Técnico-Científica. ‘Cada vez mais vemos o crime organizado se estruturando, o que gera demanda por esse tipo de solução’, afirmou Gilson Martins, diretor da EADS.


Além dos órgãos de segurança pública, o rádio digital é usado por empresas privadas que não podem ter suas comunicações interrompidas, como as da área de logística. ‘Essas empresas criam suas próprias redes, para não correr o risco de ver o serviço congestionado em momentos de crise’, disse Martins, que fechou um contrato com a MRS Logística. No caso de catástrofes, as redes de telefonia celular, ou mesmo de rádio comercial, podem enfrentar problemas por excesso de tráfego.


‘O mercado brasileiro de rádio digital passa por um crescimento acentuado’, disse Eduardo Stefano, vice-presidente da Motorola. ‘Há três anos, era um mercado puramente analógico.’ O executivo estima que somente de 10% a 15% dos sistemas em operação no País são digitalizados.


O rádio digital traz uma série de vantagens sobre o analógico. A primeira delas é a segurança. O sinal digital é criptografado, enquanto o analógico pode ser sintonizado por qualquer um. Outra vantagem é a qualidade da recepção do sinal. No digital, o rádio pega bem ou não pega, e os sistemas têm um alcance maior que o analógico. Além disso, o rádio digital permite a transmissão de dados, ainda que em velocidades baixas.


‘Existem viaturas da polícia com notebooks acoplados ao painel’, apontou Stefano. Esses computadores, que consultam informações como placas de carros roubados, se comunicam com a central pela rede de rádio.’


 


MÍDIA
Tim Arango


Elisabeth Murdoch traça o próprio caminho na TV


‘THE NEW YORK TIMES – Numa manhã de maio último, Elisabeth Murdoch, de 39 anos, saía do Starbucks em Londres quando seu celular tocou. Era seu amigo, Ben Silverman, de Los Angeles, dizendo que não podia mais negociar com ela a venda da produtora de televisão independente dele, a Reveille.


‘Ele disse: ?Liz, você vai me matar, mas não posso ter essa conversa agora?’, lembrou Murdoch recentemente. ‘Acabei de contar para sua mãe. Me ofereceram um emprego na NBC, é o meu sonho e eu tenho de aceitá-lo.’


Mas Elisabeth é muito paciente, como é de se esperar de uma empresária de mídia com o sobrenome Murdoch. No mês passado, ela conseguiu adquirir a Reveille por US$ 125 milhões.


Juntando a Reveille, que tem produzidos programas como The Office, Ugly Betty e The Biggest Loser, com sua empresa, a Shine Ltd., ela tem agora um pé no mais importante playground de mídia do mundo e os primórdios da sua própria empresa global de entretenimento (a segunda de família).


A expectativa é que dois terços dos rendimentos provenientes do império televisivo de Murdoch venham dos EUA. Isso significa que ela poderá vender programas para a Fox, a rede de seu pai.


Elisabeth é a segundo filha de Rupert Murdoch, presidente da News Corporation, a mais velha dos três filhos do segundo casamento dele. É em torno desses herdeiros de Murdoch, Elisabeth, James, de 35 anos, e Lechlan, de 36, que gira a especulação sobre quem o sucederá.


Sobre o fato de ter nascido uma Murdoch, ela disse: ‘A mídia nunca foi uma escolha. Ou você a tem no sangue ou não. Não consegui imaginar por que iria querer fazer outra coisa.’


Assim, como distinguir Elisabeth, a empreendedora, da Elisabeth dos Murdoch? ‘É uma pergunta muito difícil’, disse ela. ‘É claro que que tem sido uma enorme bênção na minha vida. Sou muito privilegiada de ter tal oportunidade. Aprendi com um mestre.’


Em 2000, ela deixou a corporação do pai, a British Sky Corporation, onde era diretora-executiva da Sky Networks, para lançar a Shine. Ela, que tem cidadanias americana e britânica, planeja passar uma semana por mês em Los Angeles, uma base do Reveille no terreno da Universal Studios.


O ponto forte dela, dizem executivos da área, é sua agudeza para detectar o que os telespectadores querem assistir, assim como sua habilidade para adaptar formatos distintos a diferentes audiências. No momento, por exemplo, sua empresa trabalha na criação de um versão da série Law & Order para a Inglaterra.


‘Ela tem opiniões firmes e um discernimento muito agudo sobre o que o público quer’, disse Michael Lynton, diretor-presidente da Sony Pictures Entertainment, investidora da empresa de Elisabeth Murdoch.


A Sony ajudou a financiar as aquisições de Elisabeth, tendo recentemente elevado sua participação acionária de 14% para 20%. Uma outra fonte de recursos foi a distribuição do trust da família Murdoch no passado, cabendo a cada filho de Rupert Murdoch US$ 100 milhões em ações da News Corporation para seu uso pessoal. Essa distribuição foi parte da solução de divergência familiar sobre a influência que teriam no futuro da empresa os dois filhos mais novos de Murdoch e sua terceira esposa, Wendi Murdoch.’


 


OESP
O Estado de S. Paulo


Tutty Vasques estréia coluna amanhã no ‘Metrópole’


‘Estréia amanhã, 1º de abril, no caderno Metrópole, o humor de Tutty Vasques, gênero de jornalismo que procura extrair diversão da má notícia. Um jeito irreverente de acompanhar o que vai por São Paulo, pelo Brasil e pelo mundo afora nesses tempos em que nenhuma mentira está muito longe da verdade, e vice-versa.


Política, a vida nos grandes centros urbanos, moda, esportes, cultura, comportamento, mundanismo ou fim do mundo, nada é tão grave quanto sugere a primeira leitura dos jornais. A receita é rir para não chorar.


De terça a sábado, em Metrópole, a coluna será uma extensão do Blog do Tutty – que os leitores acessam diariamente pelo Portal Estadão (www.estadao.com.br). Aos domingos, a partir de 6 de abril, Tutty Vasques ganhará novo formato no caderno Aliás.’


 


DITH PRAN
O Estado de S. Paulo


Fotógrafo Dith Pran morre aos 65 anos


‘Morreu ontem, em New Jersey, de câncer no pâncreas, aos 65 anos, o fotógrafo cambojano Dith Pran. Ele ficou mundialmente conhecido após ter sua vida retratada no filme Os Gritos do Silêncio (The Killing Fields/1984), de Roland Joffe. A história foi baseada nos relatos do correspondente do The New York Times, Sidney Schanberg, sobre a fase em que permaneceu no Camboja após a invasão do Khmer Vermelho, em 1975. Nesse período, Pran foi capturado e ficou desaparecido por quatro anos até conseguir fugir da prisão. Para sair do país contou com a ajuda de Schanberg, que ganhou o Prêmio Pulitzer pela cobertura do conflito.’


 


TELEVISÃO
Julia Contier


Os Normais no GNT


‘A Globosat decidiu investir na compra de atrações da própria Globo e, assim, diminuir a quantidade de aquisição de produções internacionais. Como o Multishow sempre experimentou uma grande audiência com os especiais e flashes do Big Brother Brasil – os 20 minutos ao vivo após a exibição do reality na Globo, costuma deixar o canal na liderança da TV paga -, a meta é aumentar essa parceria.


Os primeiros programas a chegarem ao Multishow serão o Altas Horas, de Serginho Groisman, e o Som Brasil, mas ainda não há data definida de estréia.


O GNT também adquiriu conteúdo da Globo. Entrarão na grade do canal três produções já em abril: Os Normais, para satisfazer os órfãos da série com Luiz Fernando Guimarães e Fernanda Torres; Semana do Jô, com as melhores entrevistas; e alguns quadros do Fantástico, como os produzidos por Zeca Camargo.


A escolha das atrações da Globo está relacionada com o perfil dos canais, segundo a assessoria do GNT. O Multishow escolheu programas ligados à música e o GNT, os relacionados à informação e comportamento.


COLABOROU ETIENNE JACINTHO’


 


 


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 31 de março de 2008


DOSSIÊ
Fernando de Barros e Silva


De cães, estômago e moral


‘SÃO PAULO – Para quem, há menos de uma semana, chupava sorvete de tapioca em plena CPI, não há como negar que a oposição progrediu nos últimos dias. Sua situação hoje, miserável que ainda seja, faz recordar um verso famoso de Carlos Drummond: ‘Mas tens um cão’.


Chame-se o vira-lata pelo apelido oficial -’banco de dados’-, como quer a ministra Rousseff, ou pelo nome próprio -’dossiê’-, o fato é que ele ameaça morder, pela primeira vez, os calcanhares da todo-poderosa. Mesmo que nada mais lhe aconteça, Dilma já ficou de repente mais parecida com Zé Dirceu. O episódio aproxima sua imagem do lado sombrio da Casa Civil.


É pouco provável, porém, que este escândalo -mais um para o museu do governo Lula- venha ter maiores conseqüências, além de provocar rosnados e latidos éticos.


É triste, mas a oposição é incapaz de ir além dos perdigotos cívicos disparados a esmo pelo senador Arthur Virgílio, essa miniatura amazônica do lacerdismo tardio.


Mais sério, no entanto, é o descaso prepotente da ministra, que deu uma banana à CPI: ‘Temos mais o que fazer’. Rousseff invoca uma suposta trabalheira do cargo para justificar certo desdém pelo jogo democrático. Faz o cidadão de idiota.


Não é preciso muito para perceber que esse e outros abusos estão escorados na popularidade celestial de Lula, digna de um régulo asiático. O lulismo promove a consagração perversa da máxima vocalizada pela ‘Ópera dos Três Vinténs’ (1928), de Brecht: ‘Primeiro vem o estômago, depois a moral’.


O governo usa o êxito de público e a satisfação da clientela que formou na base da distribuição de esmolas para se desobrigar eticamente.


Como quem se vê além do bem e do mal, Lula faz graça para Severino e homenageia em público Renan, o bom companheiro. Empresta seu prestígio ao atraso, de quem se fez sócio, enquanto seu governo cuida da gestão ‘moderna’ da miséria, sem mexer com os poderosos. A alguns pode até parecer teatro épico. Mas é a velha chanchada brasileira.’


 


Valdo Cruz


Perguntar não ofende


‘BRASÍLIA – Uma perguntinha básica: se a CPI dos Cartões Corporativos aprovar um requerimento solicitando dados de despesas da época do ex-presidente FHC, a Casa Civil enviará à comissão o documento de 13 páginas que vazou para a imprensa, cuja autoria o próprio Palácio do Planalto assumiu?


Documento que lista gastos anódinos e exóticos da época de Fernando Henrique Cardoso no Planalto, vários deles relacionados a ‘dona Ruth’, assim descrita naquilo que o governo Lula classifica de banco de dados.


Será que a Casa Civil remeteria oficialmente um texto que, de repente, grafa em maiúsculas a compra de CERVEJA CERPA, UNHA FÁCIL, DESODORANTE ROLL-ON e ÓLEO PARA O CORPO? Meio assim que, diríamos, para dar destaque especial àqueles gastos.


Ou que, num campo chamado observações, informa que foram adquiridas 70 garrafas de vinho para atender viagens presidenciais do tucano? Documento que claramente foi criado a partir de três arquivos diferentes. Basta conferir a digitação do dossiê, quer dizer, banco de dados.


Alguém, pelo visto, criou lá no Planalto uma pequena degustação daquilo que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) chama de banco de dados com 20 mil vezes mais informações, montado para ser encaminhado à CPI caso necessário. A pedido de quem? Endereçada ao paladar de quem?


Elaborada nas dependências da Casa Civil, seu ordenador foi alguém lotado por ali. Só isso já cheira mal. Um trabalho mais republicano deveria se limitar a compilar dados, tal como eles são, sem interpretações e destaques.


Como desabafava um governista, o problema é que a amostra do ‘banco de dados’ vazou. Era para ficar sigilosa, como munição para amedrontar a oposição.


Afinal, se algo for enviado oficialmente à CPI dos Cartões, aquelas 13 páginas seguramente não estarão na remessa -só pra responder a perguntinha lá de cima.’


 


1968
Ruy Castro


Um entre 100 mil


‘RIO DE JANEIRO – Alguns têm quilos de cabelo até hoje. A outros, a calvície emprestou um ar sóbrio e distinto. Óculos desapareceram ou foram incorporados. Cinturas cresceram. Mas estão todos bonitos, principalmente as moças -talvez porque nenhum deles esteja em dívida com o passado.


Quarenta anos depois, eles olham para trás e se orgulham de ter feito a sua parte. O futuro pode não ter sido o de seus sonhos, mas também não foi o que os inimigos pretendiam impor. O mundo mudou nesse período e, em boa parte, por causa deles. Mas coube a eles também mudar, e isso quase sempre significou trocar o impossível pelo possível e que, em qualquer caso, também podia ser muito.


Estou me referindo aos cem participantes da Passeata dos 100 Mil localizados pelo fotógrafo Evandro Teixeira e chamados a posar nas mesmas pedras portuguesas da Cinelândia em que, no dia 26 de junho de 1968, eles se misturavam à multidão captada pelo mesmo Evandro. O balanço que fazem de sua vida consta do recém-lançado ‘1968 Destinos 2008’. É um belo livro. Mas não se limita a um exercício de nostalgia. Ali está a história, com farto material para reflexão.


A foto original de Evandro -um emocionante painel de rostos jovens e confiantes, de frente para a câmera e para a ditadura militar- está num pôster que acompanha o livro. É uma ampliação ideal para que os veteranos da passeata tentem se localizar nela. Mas não é fácil. Os rapazes e moças daquele tempo obedeciam a certos padrões visuais -os mesmos cabelos repartidos à esquerda (eles) ou repuxados para trás e presos com elástico (elas)- que os tornavam parecidos uns com os outros.


Eu, por exemplo, achei vários amigos na foto, mas não me reconheci. Podia ser muitos ali. E, de certa forma, era.’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


‘Está morta’


‘A manchete da Folha sobre a ‘braço-direito’ de Dilma Rousseff foi recebida on-line por opiniões que apontavam ‘Dilmagate’, de Kennedy Alencar na Folha Online, ou ‘factóide’, de Luis Nassif no iG.


Ontem, ‘O Estado de S. Paulo’ destacou que o ‘Planalto vai tirar Dilma da vitrine eleitoral’ e, on-line, que ‘Candidatura de Dilma está morta, diz analista’, no caso, Marco Antonio Villa. Na seqüência do noticiário, ainda falando em ‘dossiê’ entre aspas, o UOL destacou ontem ao longo do dia que um ‘documento do TCU contradiz a justificativa de Dilma’.


MENDONÇÃO E O CICLO


No final da semana na Globo News, o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros discutiu com a apresentadora Míriam Leitão o descolamento. Afirmou que ‘a questão das exportações chinesas é marginal’ e que ‘o crucial da China chama-se investimento’, que será ‘contínuo’ por anos, ‘puxando commodities e o Brasil’.


Daqui, historiou os últimos cinco anos, primeiro com commodities e saldo comercial, depois queda dos juros e ‘incorporação de brasileiros ao mercado’, por fim ‘reação do empresário, que resolveu investir’. Começou um ‘ciclo virtuoso’ que, para cortar, só ‘uma catástrofe mundial’.


EMERGENTES LÁ


Em manchete no UOL, sábado, Sérgio Dávila contou que ‘o Brasil foi um dos países mais beneficiados’, ao lado de China e Índia, com a nova divisão de cotas do FMI, ‘resultado direto da pressão nos últimos anos’. ‘Wall Street Journal’, BBC e agências do Google falaram em mudança ‘modesta’, ‘simbólica’, ‘pequeno impulso’. Ainda assim, os EUA reclamaram.


‘RISCOS’


Por outro lado, a Economist Intelligence Unit soltou relatório sobre os 12 ‘riscos-chaves’ ou ameaças na próxima década, segundo os ‘600 executivos globais’ ouvidos. Entre os 12 aparece ‘a concorrência crescente de empresas de países emergentes’.


MAIS…


O ‘Washington Post’ de ontem noticiou a conclusão de Elliott Gue, editor da ‘Energy Strategist’, que deu o petróleo em águas profundas como ‘a última fronteira’ no setor e o Brasil como ‘um dos atores dominantes nos próximos anos’, com a descoberta da reserva de Tupi.


Segundo Gue, a Petrobras é ‘reputada amplamente como a estatal de petróleo mais bem gerenciada’ e ‘está na dianteira de novo boom de produção’. Em suma, diz o ‘WP’, ‘fique de olho no Brasil’.


… E MAIS TUPI


Na mesma linha, Bloomberg e outras agências ecoaram no fim de semana que a Petrobras fez novo achado, agora ‘ao sul de Tupi’.


RAÚL E O SEXO


Enquanto o blog de Zé Dirceu e outros comemoram que Raúl Castro abriu o setor de telefonia celular em Cuba, o correspondente da BBC na ilha, Michael Voss, foi atrás de ‘outra Castro’, a filha de Raúl, Mariela, que agora ‘tenta mudar a atitude diante dos grupos minoritários’. Diz que Raúl era ‘homofóbico’, mas mudou. Nas fotos, a transexual Líbia e amigos, em encontro aberto


‘OS ÍCONES’


Mal começou e o ‘CQC’, com comediantes ‘stand up’, já tem dois vídeos antológicos do humor on-line nas cenas de Danilo Gentili com Gretchen, atriz pornô e candidata a prefeita, e Marcelo Rossi, ‘o padre que gravou demo’’


 


DITH PRAN
Folha de S. Paulo


Morre Dith Pran, fotógrafo que sobreviveu a genocídio no Camboja e expôs Pol Pot


‘O fotógrafo cambojano Dith Pran, do jornal ‘The New York Times’ morreu ontem, vítima de câncer, aos 65 anos. Pran trabalhou como intérprete e assistente do jornalista Sydney Schanberg no Camboja até 1975 e ajudou a denunciar as atrocidades do regime de Pol Pot (1975-1979).


Quando o Khmer Vermelho assumiu o poder, Schanberg foi expulso do país, e Pran foi encarcerado, torturado e condenado a trabalhos forçados. Pran escapou da morte porque se disfarçou de camponês iletrado. O grupo comunista perseguia as pessoas que tivessem um grau de instrução mais elevado ou influência ocidental.


Em 1979, Pran conseguiu fugir e se mudou para os EUA. Ele se tornou embaixador do Alto Comissariado da ONU para Refugiados e fundou o Projeto de Conscientização de Holocausto Dith Pran.


Em 1980, Schanberg escreveu uma reportagem sobre o amigo intitulada ‘A morte e a vida de Dith Pran’, título de um livro publicado em 1985.


A história foi ainda a base do filme ‘Os Gritos do Silêncio’ (‘The Killing Fields’), que havia sido lançado um ano antes e recebeu três Oscars.


Foi o próprio Dith que cunhou o termo ‘killing fields’ (campos de extermínio), para definir os horrores que via -corpos e esqueletos das vítimas do Khmer Vermelho- durante sua jornada para escapar do país.


Entre 1975 e 1979, o regime matou 2 milhões de cambojanos -quase um terço da população do país na época.


Quando Pol Pot morreu, em 1998, Pran lamentou que o ditador nunca tenha sido julgado por seus crimes contra a humanidade. ‘A busca por justiça do povo cambojano não termina com Pol Pot’, disse.


Com agências internacionais’


 


MÍDIA NOS EUA
Folha de S. Paulo


Jornais perdem receita em 2007


A receita publicitária dos jornais americanos caiu 7,9% em 2007, o que fez deste o segundo pior ano em mais de meio século, segundo dados da Newspaper Association of America, associação de jornais norte-Americana. O número contabiliza os anúncios na versão on-line dos jornais, que subiram 18,8%, ainda assim acima da média dos três anos anteriores, acima de 30%. Se considerados apenas os anúncios na versão impressa, a receita caiu 9,4% -maior recuo de um ano para outro desde que a associação começou a fazer o levantamento, em 1950.’


 


VENEZUELA
Fabiano Maisonnave


Para SIP, Chávez nega acesso à informação


‘O relatório final da reunião semestral da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), encerrada ontem em Caracas, criticou duramente o tratamento dado pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, aos meios de comunicação críticos ao seu governo. O documento também ressaltou a onda de assassinatos de jornalistas, no México, e as ações movidas por seguidores da Igreja Universal contra a Folha como ameaças à liberdade de expressão.


‘O governo Chávez nega reiteradamente aos meios não subordinados à sua hegemonia o direito de acesso à livre informação pública e impede aos jornalistas independentes o trabalho com as fontes e cenários controlados por organismos de Estado’, diz o relatório.


A SIP, que reúne empresários e editores dos meios de comunicação das Américas, acusou ainda o governo Chávez de usar as verbas da publicidade oficial com fins políticos e voltou a criticar sua decisão de não renovar a concessão da emissora oposicionista RCTV, em maio passado.


Em entrevista à TV oposicionista Globovisión, o presidente da Comissão de Liberdade de Expressão da SIP, Gonzalo Marroquín, disse que a Venezuela é o país das Américas com as relações mais complicadas entre governo e imprensa.


Já o Encontro Latino-Americano contra o Terrorismo Midiático, organizado pelo governo Chávez para rivalizar com a SIP, realizou anteontem manifestação com algumas dezenas de pessoas diante do hotel onde estava sendo realizada a reunião da SIP. Pedaços de cérebro, aparentemente de gado, foram jogados na calçada.


Chávez, que havia sido convidado pela SIP, não participou de nenhum dos eventos. Ontem, no programa de TV ‘Alô, Presidente’, disse que ‘aqui há plena liberdade de expressão, e me parece que uma das grandes batalhas de hoje é precisamente a batalha midiática’.


A realização da reunião da SIP na Venezuela sofreu críticas internas de alguns dos seus membros, segundo participantes ouvidos pela Folha. Alguns teriam deixado de comparecer temendo que o evento se transformasse em ‘provocação’ a Chávez que poderia gerar mais perseguição aos meios críticos ao governo. Outros não participaram por temor de incidentes violentos -nenhum havia sido registrado até ontem à tarde.


Outros países


Com relação ao Brasil, o relatório final apontou as dezenas de ações judiciais de seguidores da Igreja Universal contra a Folha e a repórter Elvira Lobato por causa da reportagem ‘Universal chega aos 30 anos com império empresarial’, de dezembro, como o mais grave ataque à liberdade de expressão no Brasil dos últimos seis meses.


Além da Venezuela, um dos países que mais preocupam a SIP é o México. Segundo o relatório, três jornalistas foram mortos e outros dois desapareceram nos últimos seis meses. Para a entidade, a violência ‘provocou a existência de uma perigosa autocensura nos meios de comunicação’.’


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Após empate, Globo muda votação de ‘BBB’


‘A Globo deve adotar novo critério para votações nos paredões do reality show ‘Big Brother Brasil’. A emissora tende a abandonar o sistema atual, em que votos por telefone fixo, SMS e internet têm pesos diferentes, e passar a considerar cada voto um voto, independentemente do meio utilizado.


A mudança está sendo estimulada pela polêmica gerada na final de ‘BBB 8’, em que o campeão, Rafinha, superou a vice, Gyselle, por apenas 0,3 ponto percentual. O resultado gerou protestos de deputados do Piauí, Estado de Gyselle.


A disputa foi equilibradíssima. Dois minutos antes do encerramento da votação, cada um tinha 50,00%. No final, Rafinha venceu com 50,15%.


A diferença foi apertada por causa do critério de pesos. De acordo com Boninho, Rafinha teve 2 milhões a mais de votos do que Gyselle, e não 226.912 (0,3% de 75.637.402 do total do paredão, recorde mundial).


Gyselle teve percentual maior porque recebeu mais votos por telefone, que valem mais do que os pela internet, meio em que Rafinha se saiu melhor. Se voto pela internet valesse tanto quanto por telefone, o placar seria quase 53%.


A complexa fórmula usada pela Globo leva em consideração o total de proprietários de telefones fixos, celulares e usuários de internet no país. Horários em que são dados os votos também influenciam (SMS vale mais de dia).


PROVOCAÇÃO 1


A Record gravou na semana passada anúncios para TV com os principais nomes de seu elenco, como Bianca Rinaldi, Leonardo Vieira, Paloma Duarte e Tom Cavalcante. A campanha seria sua versão à exibida pela Globo nas últimas semanas, em que artistas formam um ‘Q’, de ‘qualidade’.


PROVOCAÇÃO 2


No final de semana, a Record publicou em jornais anúncio em que diz que o ‘Q’ da Globo é de ‘queda de audiência’.


REFORÇO


Marcelo Serrado será um dos protagonistas de ‘Caminhos do Coração – A Evolução’, a segunda temporada da novela dos mutantes, da Record. E Bianca Rinaldi ganhará uma segunda personagem, a vilã Samira, irmã gêmea da boa Maria.


REALISMO FANTÁSTICO


Tem galhofeiro na Globo achando que Aguinaldo Silva, autor de ‘Duas Caras’, quer trabalhar na Record. Só isso explicaria cena em que Juvenal Antena (Antonio Fagundes) levará seis tiros, mas será salvo por Bíblia que carrega no peito.


EGO NEWS


O ‘CQC’, novo humorístico da Band, mostra hoje o cineasta Hector Babenco batendo com uma revista no repórter Oscar Filho. Babenco se irritou ao ser perguntado como se sentiria se dissessem que não existe no Brasil nenhum diretor à altura de Fernando Meirelles.


DEFINIÇÃO


O canal Globosat HD exibirá neste ano 31 shows em alta definição. Os musicais irão ao ar 15 dias após apresentação em versão standard no Multishow.’


 


Inácio Araujo


Após ‘A Pedra’, TV dá chance de rever ‘Lavoura’


‘Minha lembrança de ‘Lavoura Arcaica’ (Canal Brasil, 22h) é muito boa. Havia uma ligação muito forte, física, entre a terra e os homens. As cores do filme eram quentes, assim como os afetos. Mas é como se por baixo, só por baixo de tudo corressem tensões violentas, passionais, que superavam a impressão de academismo que se pudesse sentir em algum momento.


Depois, Luiz Fernando Carvalho fez um ‘A Pedra do Reino’ tão insuportável que tirou a vontade de rever ‘Lavoura’. Hoje é a oportunidade que a TV dá de voltar a um contato com o filme. Dessa maneira que só a TV propicia: pode pegar no meio e largar no meio, voltar, misturar com outro. A vantagem desse modo é que o espectador faz o seu filme.


Sugestão de mistura, bem carne-de-vaca: ‘Melhor É Impossível’ (A&E e People & Arts, 22h). Aqui, em um gênero oposto (comédia em vez de drama), com pessoas desgarradas (o contrário da vida familiar) e poucos atores (mas, como em ‘Lavoura’, muito bons).’


 


Heloisa Lupinacci


Programa traz códigos do vestuário


‘Com o título ‘Dress Code -How to Dress Right (traje – como se vestir de forma correta), o documentário da Eurochannel dá a entender que seguirá o formato ‘Esquadrão da Moda’.


Não é essa a proposta. A cineasta alemã Caterina Klusemann investiga os códigos da moda sem, no entanto, decodificá-los em listas de certo e errado. É um alívio. Dessa vez seremos poupados de ver guarda-roupas condenados ao lixo.


O filme percorre distintas formas de olhar a moda. Há acadêmicos, estilistas, jornalistas, criadores e criaturas -essas, o ponto alto. A figura mais curiosa é um jovem italiano que se veste como um dândi.


Mas entre ele, o visual da chanceler alemã Angela Merkel e os códigos de vestuário de uma ordem de cavaleiros italianos, falta uma costura mais firme. E o espectador pode ficar confuso e desapontado.


Confuso porque vai de uma coisa a outra em um segundo. E desapontado porque quando um assunto está ficando bom, mudamos de turma. Caímos em um banco, onde a oposição entre os ternos do diretor e do estagiário revelam hierarquias.


E quando estamos começando a entender e a gostar do banco, voltamos para a reunião da ordem de cavaleiros italianos. Bom, entre essas idas e vindas, dá para aprender um bocado sobre por que as pessoas se vestem do jeito que se vestem. DRESS CODE – HOW TO DRESS RIGHT?


Quando: amanhã, às 20h30


Onde: no Eurochannel’


 


DOCUMENTÁRIO
Max de Castro


‘Filme é oportunidade histórica de reavaliar a música de Simonal’


‘Não escrevi este texto para defender uma pessoa, um artista ou um membro da minha família.


Estou aqui para fazer justiça a uma obra artística. Ao contrário do que foi dito pelo crítico de música (eu disse MÚSICA) na Ilustrada de 24/3, o documentário ‘Ninguém Sabe o Duro que Dei’, de Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal, não é uma investigação sobre a relação do artista Wilson Simonal com a ditadura militar. É preciso que isso fique claro, porque essa informação errada pode tirar o interesse das pessoas em assistir ao filme e assim arruinar todo o trabalho, pesquisa, cuidado, tempo e dinheiro das pessoas envolvidas nesta produção.


O documentário é sobre a saga de um homem negro, filho de uma empregada doméstica, que sai da pobreza, do nada, para se tornar um dos maiores artistas do Brasil durante os anos 1960.


De uma maneira bem clara, sua história, ascensão e queda são contadas por meio de grandes momentos do cantor no palco e costuradas por depoimentos muito relevantes de pessoas (de diversas áreas) que foram testemunhas e ajudaram a construir o que se convencionou chamar de ‘Cultura Brasileira’. José Bonifácio ‘Boni’ de Oliveira, Pelé, Paulo Moura, Nelson Motta, Ziraldo, Chico Anysio, Sérgio Cabral e Barbara Heliodora, só para citar alguns que participam do filme.


Após se tornar o primeiro popstar negro do país, Simonal, no auge de sua carreira, se envolveu em um caso policial que acabou se transformando num grande tabu da recente história do Brasil e motivação para jogar no ostracismo um artista inegavelmente muito talentoso. Tal episódio é esclarecido pela primeira vez em 37 anos, inclusive pelo depoimento do contador, que foi justamente o pivô da história.


Entre os relatos e as opiniões, a responsabilidade nesses eventos do artista é amplamente discutida. De pano de fundo há um debate muito interessante sobre o racismo, a irritação que a música comercial causa quando é bem-feita e bem-sucedida, as delícias e os excessos da vida burguesa, os deslumbres da fama, a intransigência da imprensa como resposta à truculência da ditadura; por tudo isso e muito mais, o filme vale a pena ser visto.


Registro oficial


Acima de tudo, é uma oportunidade histórica de ver e reavaliar a música de Simonal, que é tão única, charmosa, gostosa e original, já que, até então, não havia nenhum registro oficial disponível de sua arte além de alguns discos.


É uma pena que, mesmo com o espaço enorme que a Folha concedeu mais uma vez a Wilson Simonal (a tão desejada capa da ‘Ilustrada’!!!), o crítico musical não tenha tido ‘calma’ suficiente para analisar a obra em questão. Infelizmente, perdeu-se mais uma grande chance. Talvez ele não se lembre ou não conheça a célebre frase do ‘Zaratustra’, de Nietzsche: ‘Eu posso admirar sem mágoa uma ventura tamanha’.


Max de Castro é músico, compositor, produtor, cantor e filho de Wilson Simonal’


 


Reportagem destacou contador


‘O texto ‘Vida de Som e Fúria’, assinado pelo repórter Luiz Fernando Vianna, foi publicado na segunda-feira passada e tratava do documentário ‘Ninguém Sabe o Duro que Dei’, sobre Wilson Simonal.


A reportagem destacou a localização, pelos diretores do filme, do contador Raphael Viviani, pivô do caso que, em 1971, gerou a suspeita de que o cantor fosse informante do regime militar. Tal suspeita abalou sua carreira.’


 


 


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