Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

TV pública é multada por manipular programa

A emissora pública japonesa NHK manipulou um programa de TV que discutia o papel do falecido imperador Hirohito depois de um pedido do então funcionário do governo Shinzo Abe, hoje primeiro-ministro do país. Abe, na época subchefe de gabinete do governo, encontrou com executivos da NHK e pediu-lhes para serem ‘justos’ no programa, que mostrava a simulação de um julgamento ocorrido em dezembro de 2000, no qual Hirohito foi condenado por crimes contra a humanidade durante a Segunda Guerra Mundial.

A emissora colocou o programa no ar, mas omitiu imagens do veredicto, o que levou um dos organizadores da simulação do julgamento, a ONG Violência contra a Mulher na Guerra – Rede do Japão (VAWW-NET, sigla em inglês), a processá-la pela falta de notificação sobre a decisão. O objetivo da ONG em mostrar o julgamento era convencer o governo a indenizar mulheres forçadas a trabalhar como ‘escravas sexuais’ para o Exército japonês na Segunda Guerra Mundial.

Culpa de quem?

Inicialmente, uma corte distrital havia declarado que a NHK teria direitos de edição sobre seus programas, mas na semana passada o Tribunal Superior de Tóquio determinou que a emissora pagasse US$ 16.400 à VAWW-NET – a ONG havia pedido valor 20 vezes superior. Abe negou ter pressionado a NHK e a emissora alegou que fez as mudanças baseada em seu próprio julgamento.

A NHK não é financiada pelo governo e depende financeiramente das taxas pagas por assinantes. Seu orçamento necessita, entretanto, de aprovação parlamentar, o que levantou suspeitas de que a emissora seja vulnerável às pressões do governo. A NHK afirmou que iria apelar da decisão judicial. Informações de George Nishiyama [Reuters, 29/1/07].