Wednesday, 04 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Última edição da Gazeta deve circular hoje

Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 29 de maio de 2009


 


JORNAL
Cristiane Barbieri


Última edição da ‘Gazeta’ deve circular hoje


‘O último número da ‘Gazeta Mercantil’, jornal de economia fundado em 1920, deve circular hoje. A informação foi passada no início da noite de ontem aos funcionários da publicação por Eduardo Jácome, vice-presidente da editora JB. Na segunda-feira, a CBM (Companhia Brasileira de Multimídia), dona da editora JB e licenciadora da marca ‘Gazeta’, já anunciara que deixaria de editar o jornal em 1º de junho.


Hoje, deverá ser publicado novo anúncio na primeira página do jornal sobre os motivos da rescisão do contrato de licenciamento. Segundo a CBM informara anteriormente, dívidas trabalhistas superiores a R$ 200 milhões estavam inviabilizando o negócio. Para a CBM, esse passivo pertenceria à Gazeta Mercantil S.A., do empresário Luiz Fernando Levy.


Após negociações durante a semana, a CBM e a Gazeta não chegaram a um acordo, segundo a Folha apurou. Os funcionários foram orientados a comparecer hoje ao departamento pessoal para acertar a entrada em férias coletivas a partir do dia 1º. Também haverá negociação com os que optarem pela demissão. A prioridade de pagamento será dada aos que saíram nos últimos meses, cuja rescisão não foi acertada.


Os jornalistas haviam preparado uma edição histórica para ser publicada hoje, com fotos da Redação e as notícias mais relevantes veiculadas pelo jornal. A direção, no entanto, vetou a ideia e resolveu publicar apenas o comunicado.


Haverá hoje no jornal uma estrutura de plantão para o caso de Levy apresentar nova proposta à CBM. O empresário pediu 90 dias de prazo para assumir o jornal, o que teria sido negado pela CBM.


Apesar das dificuldades, o advogado Carlo Frederico Müller, que representa a Problem Solver, fiel depositária da marca ‘Gazeta Mercantil’, diz ter recebido nesta semana consultas de três empresas interessadas em levar adiante a publicação, caso a marca vá a leilão.


Müller também representa 430 ex-funcionários da Gazeta na Justiça Trabalhista, cujo valor das indenizações previstas somam R$ 240 milhões.


Foram esses ex-funcionários que conseguiram que a 26ª Vara do Trabalho determinasse a penhora de ações e cotas societária da Intelig, do empresário Nelson Tanure, controlador da CBM, para o pagamento da dívida trabalhista da Gazeta.


A Intelig foi vendida à TIM por R$ 650 milhões. ‘Se a tentativa da CBM, ao não publicar mais a ‘Gazeta Mercantil’, for se desvincular da dívida, ela é inócua’, diz Müller. ‘Já houve reconhecimento da solidariedade da CBM a essa dívida, e não cabe recurso ao mérito.’


Procurados, a CBM e Levy não deram entrevista.’


 


 


CRIME ORGANIZADO
Clóvis Rossi


O crime, o cinema, a política


‘SÃO PAULO – A mídia brasileira tratou pouco da crise na Guatemala desatada por um vídeo que mais parece coisa de cinema. O trecho principal do vídeo é assim: ‘Boa tarde, me chamo Rodrigo Rosenberg Manzano; se você está vendo ou ouvindo esta mensagem é porque fui assassinado’.


Foi mesmo, mas esse respeitado advogado deixou registrado no vídeo o nome dos assassinos: o presidente da República, Álvaro Colom, sua mulher e um de seus ministros, tudo, segundo Rosenberg, para encobrir irregularidades em um banco público e ligações com o crime organizado.


Colom, como fazem quase todos os governantes, disse que o vídeo era parte de uma conspiração para desestabilizar seu governo.


Seja qual for a verdade, parece evidente que o crime organizado estendeu seus tentáculos à política e ao aparelho de Estado, como já o havia feito antes na Colômbia e, agora, no México.


Anteontem, em uma operação inédita do Exército e da Polícia Federal, foram presos, só no Estado mexicano de Michoacán, 11 prefeitos e mais 17 altos funcionários, inclusive o diretor da academia de polícia local, todos envolvidos com o narcotráfico, que aliás tomou conta do Estado: controla não só o tráfico mas também caça-níqueis, prostituição e pirataria.


O que enlaça os casos da Guatemala e do México é que a entrada do Exército na guerra ao narcotráfico há dois anos está levando os cartéis a deslocarem operações para a América Central -o que mostra que essa polêmica alternativa de repente funciona e, por isso, tem que ser analisada, também no Brasil, sem um rechaço apriorístico.


Afinal, seria supina ingenuidade imaginar que o crime organizado por estas bandas desprezaria a possibilidade de invadir a política, ainda que o faça de maneira menos cinematográfica do que no México, na Guatemala ou na Colômbia.’


 


 


POLÍTICA
Andreza Matais e Adriano Ceolin


Sarney pede desculpas por informação errada sobre auxílio-moradia


‘O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pediu desculpas por ter negado que recebesse auxílio-moradia da Casa, no valor mensal de R$ 3.800, mesmo tendo à disposição a residência oficial desde fevereiro. O senador mora em sua própria casa, mas faz uso do imóvel.


‘Eu nunca pedi auxílio-moradia e, por um equívoco, a partir de 2008, segundo me informaram, realmente estavam depositando na minha conta. Mas eu já mandei dizer que retirassem, porque eu nunca requeri isso e tinha a impressão de que não estava recebendo. Portanto, dei uma informação errada e peço desculpas’, afirmou.


Em carta à Folha, Sarney também pede desculpas por uma ‘declaração inexata’. ‘Há 34 anos senador, nunca o tinha recebido, contudo por um equívoco da administração do Senado, o fizeram incluir nos meus vencimentos, em 2008, sem que eu tivesse solicitado nem tido conhecimento’.


O Senado decidiu ontem validar todos os pagamentos de auxílio-moradia feitos ilegalmente a partir de dezembro de 2002. Só devolverão o dinheiro os quatro senadores que receberam o benefício enquanto detinham, ao mesmo tempo, o direito de usar imóveis funcionais cedidos pela Casa.


Além de Sarney, recebiam o benefício, mesmo tendo imóvel funcional em Brasília, os senadores Cícero Lucena (PSDB-PB), Gilberto Goellner (DEM-MT) e João Pedro (PT-AM).


Na terça-feira, a Folha revelou que o pagamento do benefício é feito ilegalmente desde dezembro de 2002. Isso porque em dezembro daquele ano foi revogado o Ato da Mesa Diretora número 24/1992 que autorizava o pagamento.


Ontem, a Mesa Diretora do Senado -instância formada por sete senadores- decidiu aprovar um novo ato restabelecendo o pagamento regular do auxílio-moradia. Com apenas dois artigos, o texto determina que o ato produza efeitos a partir de dezembro de 2002.


Para se resguardar de qualquer questionamento, a Mesa decidiu que irá submeter o novo ato à aprovação em plenário.


A medida visa, sobretudo, evitar que o Ministério Público questione o pagamento feito sem respaldo legal. Segundo a Folha apurou, os gastos do período foram de cerca de R$ 11 milhões. De 2002 para cá, 40 senadores receberam o benefício mensalmente.


Na terça-feira, a Folha teve acesso à lista de 41 senadores que receberam auxílio-moradia no mês de maio. No mesmo dia, Sarney disse em entrevista coletiva que ‘nunca’ ganhou o benefício.


No entendimento da Mesa, os senadores terão de comprovar os gastos com auxílio-moradia. Eles terão de apresentar notas ou recibos de aluguel de imóveis ou estada em hotéis em Brasília. Essa determinação havia no ato da Mesa anterior, mas não vinha sendo respeitada nos últimos seis anos.


O Senado não deixou claro como será a divulgação desses dados. Também não esclareceu como será feito o controle para que o pagamento ilegal não volte a ocorrer.


Contudo, o novo ato não proibirá que senadores com imóvel em Brasília sejam impedidos de receber o benefício. Por essa regra, por exemplo, Sarney pode receber o auxílio-moradia desde que não tenha à disposição imóvel funcional.


Os senadores do Distrito Federal também poderão continuar recebendo o benefício, mesmo residindo na capital.


O duplo pagamento para congressistas que moram juntos também continua. Esse é o caso de parlamentares casados, como o senador Gerson Camata (PMDB-ES) e a deputada Rita Camata (PMDB-ES).’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Do Piauí, pelo celular


‘O rompimento da barragem tomou aos poucos a atenção, ontem, a partir do meio da tarde. Mas só foi ocupar as manchetes com a confirmação da morte da primeira criança. Demoraram também as imagens, chegando antes a sites e canais de notícias em vídeo de celular, do momento do rompimento -e depois em foto de ‘divulgação’ de governo.


No exterior, logo ocupou o topo das buscas de Brasil no Yahoo News, com Associated Press.


PÓS-GUERRA


A ‘melhor foto’ de Sebastião Salgado é lembrada por ele no ‘Guardian’. Em 91 no Kuwait, fechando poço, ‘uma só fagulha e queimaria’


CPI DO PRÉ-SAL


No ‘New York Times’, ‘Inquérito sobre companhia de petróleo pode estragar planos do Brasil’. Em suma, a CPI da Petrobras ‘ameaça complicar os esforços para tirar mais recursos dos campos de petróleo no fundo do mar que podem transformar o país numa potência global de energia’. Ela ‘pode se arrastar’ e, segundo a consultoria Gas Energy, ‘a questão é se o governo vai ter tempo de completar a reforma na lei’.


Por outro lado, no Business News Americas, ‘Analistas dizem que escândalo da Petrobras é puramente político’. Ouvindo consultorias, diz que deve ‘dar em nada’, daí porque ‘o mercado ignora’.


CPI PRIVADA


A coluna ‘Painel’ informou anteontem que, sem a direção da CPI, a oposição decidiu por ‘investigação paralela, tudo centrado em Álvaro Dias’. O blog de Josias de Souza informou que será ‘um time de técnicos especializados na área petrolífera’. E o blog Radar, que serão ‘pessoas contratadas externamente pelos partidos’.


SINOPEC ENTRE NÓS


Ecoando ontem por ‘WSJ’ e outros, o jornal ‘O Estado de S. Paulo’ deu que a Petrobras negocia com a gigante chinesa Sinopec a participação em duas áreas de concessão na Bacia do Pará-Maranhão, ‘considerada a nova fronteira exploratória brasileira’. Se confirmada, seria ‘a estreia dos chineses na exploração de petróleo no Brasil’.


YUAN VS. DÓLAR


Sob o título ‘China, América e o yuan’, a ‘Economist’ sugere que a visita à China do secretário do Tesouro dos EUA, Tim Geithner, é oportunidade para ‘um recomeço na política econômica sino-americana’. Defende que ‘a cooperação tome o lugar da retórica’ nas negociações sobre o dólar e a moeda chinesa.


E em Moscou o ministro Mangabeira Unger declarou à Reuters que o encontro dos Brics, no próximo mês, vai debater o papel dos emergentes nas instituições globais e ‘o domínio do dólar’.


PARAÍSO


O ‘El País’ ressaltou, de seu correspondente Juan Arias, que ‘o Brasil volta a ser o paraíso dos investidores estrangeiros’. Conta que as aplicações no país dobraram em abril, ‘apesar da crise financeira global’.


DERIVATIVO


E o ‘WSJ’ postou ontem a reportagem ‘Brasil quer mais transparência na exposição aos derivativos’, de Alastair Stewart, sobre os esforços de regulação. Cita o choque dos derivativos sobre diversas corporações.


GOVERNO GRANDE


Na capa da nova ‘Economist’, ilustração de Tio Sam e empresário (dir.), mais o alerta de que, para os ‘Negócios na América, é o próximo problema: Governo grande’. Em suma, diz que, ‘em seu zelo para arrumar o capitalismo, o presidente Barack Obama não pode asfixiar o dinamismo da América’. Com edição especial de 14 páginas, a revista reafirma seu credo liberal.


DIREITOS


A ‘Economist’ saudou a Anistia Internacional por enfim defender a liberdade no novo relatório O Estado dos Direitos Humanos no Mundo. Já a BBC Brasil destacou o desrespeito aos indígenas por aqui’


 


 


VENEZUELA
Fabiano Maisonnave


‘Venezuela não virará Cuba’, diz Vargas Llosa


‘A presença do escritor peruano Mario Vargas Llosa e de outros intelectuais e políticos estrangeiros críticos de Hugo Chávez num seminário oposicionista transformou uma praça de Caracas numa espécie de campo de batalha midiático. De um lado da rua, acusações de que a Venezuela está se transformando numa ‘segunda Cuba’. Do outro, gritos de ‘fascistas’ e ‘golpistas’.


Convidados pelo Centro de Desenvolvimento Econômico para a Liberdade (Cedice), Vargas Llosa, seu filho Álvaro, e o ex-chanceler mexicano Jorge Castañeda, entre outros, se revezavam entre palestras e entrevistas recheadas de críticas à ‘escalada autoritária’ do presidente venezuelano.


‘Não queremos que a Venezuela se converta numa sociedade totalitária comunista. Não é ainda porque, se assim fosse, não estaríamos aqui. A Venezuela poderia se converter na segunda Cuba da América Latina, mas não permitiremos’, disse Vargas Llosa, durante palestra no auditório do hotel Caracas Palace.


O escritor peruano fora detido por uma hora e meia, na véspera, ao chegar a Venezuela, e advertido de que, por ser estrangeiro, não deveria fazer comentários políticos durante sua estada no país. Até o fechamento desta edição, porém, o governo venezuelano não havia tomado nenhuma medida de retaliação.


Já Castañeda criticou os países do Mercosul por não analisarem minuciosamente a cláusula democrática do bloco no processo de entrada da Venezuela, já aprovada pelos Congressos da Argentina e do Uruguai e atualmente em tramitação no Senado brasileiro.


‘Há razões legítimas para duvidar que a Venezuela esteja cumprindo todas as regras estipuladas na cláusula democrática do Mercosul’, disse.


O ex-chanceler de Vicente Fox disse que não concorda com o argumento de que a entrada da Venezuela melhorará a situação democrática. ‘Essa tese foi derrubada pela então Comunidade Econômica Europeia com a Espanha franquista (1936-1976). Eles disseram: ‘A Espanha não é bem-vinda até que [o ditador Francisco] Franco desapareça.’


Em protesto contra a presença de Castañeda e outros, o governo Chávez organizou um protesto com algumas centenas de pessoas na praça Altamira, um dos redutos históricos da oposição e separada do hotel por uma avenida.


‘Somos contrários a que venham se fechar num hotel para construir uma teoria destinada a oprimir os povos da América Latina’, disse à Folha Maria Rosa Jímenez, 28, presidente do Instituto Nacional da Juventude do governo Chávez.


A entrada do hotel foi forrada de panfletos com os rosto e a ‘biografia’ dos convidados estrangeiros. Vargas Llosa, por exemplo, era descrito como ‘ideólogo do fascismo na América Latina (…) Peão do império norte-americano, se esconde sob o manto da CIA’.


‘Alô, Presidente’ de 4 dias


O Ministério da Cultura montou ali uma barraca de distribuição gratuita de livros e CDs produzidos pelo Estado. Entre o material produzido, estavam o livro ‘O Lado Obscuro do Império’ e um documentário sobre a colaboração entre Havana e Caracas.


O protesto teve a presença dos ministros da Cultura da Venezuela, Héctor Soto, que chamou Vargas Llosa de ‘ex-intelectual’ e de Cuba, Abel Prieto..


No início da tarde, os dois participaram à distância do ‘Alô, Presidente’, programa encabeçado por Hugo Chávez, que está fazendo uma maratônica transmissão de quatro dias (com interrupções) para comemorar dez anos de existência.


Chávez, que estava no Estado de Zulia (oeste), chegou a convidar os presentes no seminário a participar do programa. ‘Eu fico de lado e deixo que vocês falem. Eu me sento no público.. Os convidados especiais da direita e os convidados socialistas’, disse. A proposta, porém, não foi levada a sério pelo seminário do Cedice. ‘Teriam de dar o mesmo espaço a nós, mas eu não tenho quatro dias’, brincou Castañeda.’


 


 


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Promotoria acusa presidente de TV opositora


‘O presidente do canal oposicionista Globovisión, Guillermo Zuloaga, foi acusado formalmente pelo Ministério Público ontem, pela ocultação de 24 veículos para promover especulação de preços.


Os automóveis haviam sido confiscados na semana passada, durante uma operação policial numa propriedade de Zuloaga, em Caracas.


De acordo com as investigações, o acusado, sócio de duas concessionárias Toyota, não havia colocado os veículos à venda para se beneficiar da escassez de automóveis no mercado venezuelano.


Zuloaga nega as acusações e alega que é vítima de perseguição política por causa da linha editorial da Globovisión, que é contrária a Hugo Chávez.


Ontem, durante o programa ‘Alô, Presidente’, o presidente da Venezuela chamou seu crítico de ‘mafioso’ e pediu ao Tribunal Supremo de Justiça uma punição severa contra o canal.


‘Estão aí para isso. Senão, renunciem e que gente com coragem assuma’, declarou Chávez.


No dia 10 de maio, também no ‘Alô, Presidente’, o venezuelano prometera retirar a licença da emissora, com a declaração: ‘isso [Globovisión] vai acabar ou deixo de me chamar Hugo Chávez Frías’.’


 


 


ARGENTINA


Folha de S. Paulo


Cristina perdoa dívidas da mídia em troca de anúncios


‘Em confronto aberto com o maior grupo de mídia do país, o governo da Argentina começou nesta semana a fechar acordos com meios de comunicação para trocar dívidas tributárias por espaços de publicidade.


Ao aderir aos convênios, as empresas se comprometem a ceder espaço de forma gratuita ao governo por até cinco anos. Os primeiros meios a aderir foram dois jornais e um canal de TV locais e duas grandes emissoras de TV aberta: Telefé e América.


Com eleições no país em menos de um mês, a Receita argentina informou ontem que o cancelamento de dívidas começará a valer só depois do pleito, para ‘evitar suspeitas eleitorais’.


Além dos convênios, que, segundo o governo, beneficiarão até 500 empresas, a presidente Cristina Kirchner enviará projeto ao Congresso para reduzir a cobrança de imposto sobre preços de capa de revistas e jornais -a alíquota hoje é de 10,5%.


Cristina e o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) mantêm uma relação conturbada com a imprensa, com críticas ao que chamam ‘monopólios midiáticos’. Em março, o governo lançou projeto de lei para alterar a regulação do setor, iniciativa que atinge interesses do grupo Clarín, maior conglomerado de mídia no país.


Entre outros pontos, a proposta autoriza a entrada de empresas de serviços públicos no mercado de TV a cabo, dominado pelo Clarín.’


 


 


TV PAGA


Folha de S. Paulo


Anatel ameaça reprimir cobrança de ponto extra


‘O presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Ronaldo Sardenberg, disse ontem que a agência vai reprimir a cobrança abusiva do ponto extra por parte das empresas de TV por assinatura. Em abril, a Anatel proibiu a cobrança.


Mas ele lembrou que, como há liminar suspendendo a proibição, a Anatel só poderá agir quando a Justiça se pronunciar.’


 


 


BOLHA
Folha de S. Paulo


Time Warner torna AOL empresa independente


‘A Time Warner disse ontem que vai tornar a AOL uma empresa independente até o final do ano, encerrando o negócio feito em janeiro de 2001 de US$ 124 bilhões, um dos maiores da história e que nunca consumou as expectativas sobre a sua viabilidade, se tornando um dos marcos da bolha da internet.


‘A separação será o melhor resultado tanto para a Time Warner como para a AOL’, disse o presidente-executivo Jeffrey Bewkes. ‘O desmembramento vai oferecer às duas empresas maior flexibilidade operacional e estratégica.’


A Time Warner é dona hoje de 95% da AOL e vai comprar do Google os 5% restantes por um valor que não foi revelado (em 2005, essa participação foi adquirida por US$ 1 bilhão). Com o desmembramento, a AOL terá comando independente e suas ações serão negociadas em Bolsa de Valores.


Na época do negócio, a AOL aparecia como o símbolo da nova mídia (a internet) assumindo o controle da antiga, representada pela proprietária da revista ‘Time’, do estúdio de cinema Warner Brothers e de canais de TV como CNN e HBO. Mas a integração entre os dois meios não conseguiu se concretizar da forma esperada, com a AOL perdendo cada vez mais espaço no mercado de internet.


O auge da AOL foi em 2002, quando tinha 27 milhões de assinantes do seu serviço de acesso à internet por linha telefônica, que era a sua principal fonte de receita. Mas ela foi perdendo espaço com o avanço dos serviços de banda larga e tinha 6,3 milhões de assinantes no primeiro trimestre deste ano.


Desde a concretização da fusão, a AOL criou uma série de reveses para a Time Warner: processos por acionistas, uma investigação dos órgãos reguladores e queda nas vendas. O valor da empresa caiu tanto que a Time Warner deixou de usar o AOL em seu nome.


Com agências internacionais’


 


 


INTERNET
Reuters


Microsoft lançará novo buscador contra o Google


‘A Microsoft está reformulando seu serviço de buscas a fim de combater o domínio do Google no setor de buscas e na publicidade on-line.


A maior produtora mundial de software, que continua conversando com o Yahoo sobre uma possível parceria, há muito tenta ganhar força no lucrativo mercado de buscas na web.


O serviço vinha sendo testado internamente há meses sob o nome de ‘Kumo’. Rebatizado para ‘Bing’, estreará oficialmente na próxima quarta-feira. Seu endereço eletrônico será www.bing.com.


Segundo a revista ‘Advertising Age’, a Microsoft planeja uma campanha publicitária de até US$ 100 milhões para promover o Bing. A companhia não confirmou valores.


‘Teremos o que defino como um grande orçamento -grande a ponto de me levar a engolir seco quando o aprovei’, disse Steve Ballmer, o presidente-executivo da Microsoft, que revelou o Bing em uma conferência de tecnologia na Califórnia.


A Microsoft tem muito terreno a recuperar. Em abril, o Google respondeu por 64,2% das buscas de internet realizadas nos EUA, meio ponto percentual acima do total do mês anterior. O Yahoo ocupava um distante segundo posto, com 20,4% das buscas, e a Microsoft vinha em terceiro, com 8,2%.


Ballmer não prometeu reversão rápida desses números. ‘Meu cronograma é de muitos anos’, declarou.’


 


 


CONGONHAS
Folha de S. Paulo


Fechada rádio pirata suspeita de afetar voos


‘A Polícia Civil disse ter fechado ontem uma rádio pirata suspeita de interferir nas comunicações do aeroporto de Congonhas.


Anteontem, de acordo com a Aeronáutica, dois aviões da TAM desviaram suas rotas para Campinas por interferência nas comunicações.


Segundo o tenente-coronel Frederico José Moretti da Silveira, chefe do Serviço Regional de Proteção ao Voo de São Paulo, órgão da Aeronáutica, os pousos ficaram suspensos em Congonhas das 20h30 às 20h45 de anteontem.


Cinco aviões ficaram dando voltas sobre a cidade até o restabelecimento das comunicações.


Dois desses voos -o 3135, que chegava de Vitória (ES), e o 3764, de Londrina (PR)- optaram por pousar no aeroporto de Viracopos, em Campinas. Os demais esperaram a comunicação ser restabelecida para poderem pousar.


A rádio fechada na tarde de ontem operava em Cidade Líder (zona leste). O estúdio funcionava numa casa distante 150 metros da antena de transmissão.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Pesquisa decide futuro de ‘Força-Tarefa’


‘A Globo vai realizar em julho pesquisas com telespectadores para avaliar o seriado ‘Força-Tarefa’, que encerra sua primeira temporada em junho.


A emissora já confirma a segunda temporada do programa, em 2010, porque considera uma série policial bem-sucedida e essencial em sua grade, mas quer evitar inverossimilhanças e afinar o formato.


Para reduzir erros na abordagem do universo policial (como questões burocráticas e até posicionamentos em invasões), principal crítica feita ao programa, a Globo produzirá a segunda temporada com mais antecedência. Os roteiros começam a ser escritos em agosto, e as gravações, em janeiro, mais de três meses antes da estreia..


Neste ano, as gravações começaram pouco mais de um mês antes da exibição. ‘A gente quer evitar ter de acertar durante o voo. Nesta temporada, houve muito ajuste de texto para acertar limites entre ficção e realidade’, afirma José Alvarenga, diretor-geral da série.


As pesquisas servirão para detectar os ‘pontos fortes e fracos’ na visão do telespectador.


‘A gente ainda está tentando descobrir o formato’, diz Alvarenga. Já foram testados episódios com predominância de drama, e outros, de ação. ‘Mulheres gostam mais de seriado dramático, mas adolescentes e homens preferem ação’, afirma o diretor. ‘Força-Tarefa’ vem dando 21 pontos no Ibope. A meta são 24.


LÍNGUA 1


Tem causado desconforto no SBT o microblog de Ariel Jacobowitz, diretor do ‘Hebe’. Ele tem usado o Twitter para alfinetar concorrentes e até para criticar a própria emissora.


LÍNGUA 2


No último dia 13, Jacobowitz reclamou do horário do ‘Hebe’. ‘Me vejo em uma luta semanal para criar o hábito nas pessoas de que ‘Hebe’ é exibido às 20h! Tem muita gente que pensa que é às 22h’, escreveu, lamentando que no atual horário o público prefere a novela da Globo. ‘Televisão é hábito’, ensina a Silvio Santos.


LÍNGUA 3


No microblog, Jacobowitz escreveu que o ‘Tira Onda’, do Multishow, ‘é beeem chatinho’ e que ‘daria uma bela mudada no ‘Altas Horas’.


CONFIDENCIAL


O bispo Edir Macedo, dono da Record, se reuniu com diretores da emissora nesta semana em um hotel de São Paulo.


TUDO LEVE


A exemplo da Record, a Globo suavizou na classificação indicativa de suas próximas minissérie e novela das oito. Autoclassificou ‘Som & Fúria’ e ‘Viver a Vida’ como impróprias apenas para menores de 12 anos (20h). A Record fez o mesmo com ‘Poder Paralelo’, que vem sofrendo cortes.


COINCIDÊNCIA


Desde que Ana Maria Braga deixou de usar ponto eletrônico, no final do ano passado, o número de gafes cometidas pela apresentadora no ‘Mais Você’ aumentou muito. Com o ponto, diretores a corrigiam.. Isso não é mais possível.’


 


 


CULTURA
Marcio Aith


Patrocínio sob ameaça


‘Se aprovado nos termos propostos pelo Ministério da Cultura, o projeto de mudanças na atual lei federal de incentivos culturais, a Lei Rouanet, vai reduzir o apetite de empresas privadas em investir em cultura.


É o que revelam entrevistas à Folha e um documento enviado ao governo por institutos ligados a grandes companhias que hoje patrocinam cultura em troca de benefícios do Imposto de Renda.


A mudança foi proposta em março passado pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira, e ainda está em discussão. Um de seus objetivos é ‘democratizar’ e ‘regionalizar’ a produção cultural no Brasil, reduzindo, nas palavras do próprio ministro, o ‘poder absurdo’ das empresas na escolha dos filmes, peças, exposições e festivais que são patrocinados com a alavanca da renúncia fiscal.


A principal mudança proposta pelo MinC diz respeito ao critério de aprovação dos projetos a serem patrocinados. Hoje tal aprovação tem uma rotina quase automática -o MinC tem pouco espaço para vetá-los ou adaptá-los às prioridades oficiais.


O projeto autoriza a criação de requisitos adicionais de aprovação, com os quais o governo pretende elevar o patrocínio cultural nas regiões Norte e Nordeste e restringir ao máximo o número de projetos com 100% de abatimento do IR.


Além disso, o ministério pretende criar uma forma de usar a renúncia fiscal para alavancar o Fundo Nacional de Cultura, ligado à pasta e que hoje opera apenas com dinheiro do próprio orçamento.


Pela metade


Ao todo, a Folha ouviu 15 empresas. Onze disseram que seus investimentos em cultura tendem a cair se o projeto restringir benefícios fiscais ou obrigá-las a mudar o foco de seus investimentos.


Quatro dizem que vão manter seu volume de patrocínio. Apenas uma diz que vai elevar os investimentos em cultura. Seus nomes só são indicados nos casos em que as empresas assim o permitiram.


‘Se esse projeto for aprovado tal como proposto, cortaríamos pela metade nossos investimentos gerais na área’, disse Selma Caetano, consultora cultural do Grupo Carrefour. ‘O projeto parte da ideia, equivocada, de que o governo sabe mais onde colocar o dinheiro do que o setor privado.’


Segundo Selma, o Carrefour faz intensa programação cultural na região da zona sul de São Paulo, onde fica o instituto cultural da empresa e onde quase não existem espaços culturais.


‘Sob o pretexto de direcioná-lo, o governo vai perder não só o dinheiro alocado para impostos como também a contrapartida das empresas, que não têm nada a ver com impostos.’


Na mesma linha falou Tanyse Marconato, coordenadora de marketing da seguradora Porto Seguro. ‘Nossos investimentos certamente diminuiriam. Como pode o governo conhecer melhor a estratégia da nossa empresa?’


Para Eduardo Saron, superintendente do Itaú Cultural, é preciso obter mais recursos, e não dividir o pouco que se tem. ‘Entendo como legítima a necessidade de elevar o orçamento oficial do Ministério da Cultura e do Fundo Nacional de Cultura. Nesse aspecto, o MinC está correto. Mas isso deveria ser feito com a ampliação do perfil das empresas patrocinadoras, e não dessa forma. Do jeito proposto, existe, sim, o risco de desincentivo.’


Casa Civil


Há alguns dias, um grupo de institutos ligados a empresas co-assinou um documento, encaminhado à Casa Civil, propondo correção de rumo à proposta de alteração da lei.


O objetivo é convencer o Planalto a suavizar o projeto do Ministério da Cultura. Entre os institutos culturais que assinaram o documento estão os ligados a empresas como CSN, Gerdau, Usiminas, CSN, Oi, Itaú, CPFL e Acesita.


‘Os que subscrevem essa proposta compartilham do entendimento sobre a importância do fortalecimento do Fundo Nacional de Cultura. Porém, para tanto, julgam essencial ampliar as formas de obtenção de recursos, ao invés de se promover a divisão do pouco que se tem’, informa o documento.


Segundo as empresas, ‘na medida em que o projeto em questão tem como um de seus objetivos o incremento orçamentário do FNC, é fundamental declarar suas novas fontes de receita.’


Três empresas que assinam o documento falaram à Folha. Segundo elas, o projeto precisa, sim, ser alterado e democratizado. Mas as mudanças são propostas em um momento ruim, em meio à crise econômica, por meio de mecanismos frágeis que deverão colocar em segundo plano, na lista de prioridades das empresas, o investimento cultural.


Em nota, a Gerdau preferiu não falar sobre o projeto do governo. Preferiu comentar apenas o aprimoramento da lei como um todo. ‘A visão da Gerdau é que o resultado final será positivo para a cultura e para os seus investidores. Dessa forma, a empresa não vislumbra dificuldades futuras na utilização de incentivos fiscais em programas culturais.’


Maior patrocinadora cultural do país, a Petrobras, que não assina a lista, disse não estar em condições de anunciar a elevação ou a diminuição dos investimentos em cultura porque ainda está analisando a proposta do governo..’


 


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‘Não há política cultural só com renúncia’


‘O secretário de incentivo e fomento à cultura do MinC, Roberto Nascimento, disse que o projeto oficial para alterar a Lei Rouanet tem o propósito de elevar, e não diminuir, o patrocínio cultural. ‘Mas queremos elevar a proporção de recursos próprios das empresas. Não se faz política cultural apenas com renúncia fiscal.’


Segundo ele, se existe hoje algum desincentivo ao patrocínio cultural, ele é produto da crise econômica. ‘Essa discussão não ocorre isoladamente. Ocorre em uma crise. As empresas têm sido obrigadas a rever seu nível de investimento, porque a crise lhes impactou o capital de giro’, disse ele.


‘Houve uma retração de 7% dos projetos no último trimestre de 2008 e no primeiro trimestre deste ano, comparados aos mesmos trimestres de 2007 e do ano passado.’


Nascimento disse ainda desconhecer ‘a base’ de empresas entrevistadas pela Folha. E duvida de que essa base represente o setor privado como um todo. ‘O motivo é simples: temos hoje uma baixíssima participação de empresas no patrocínio à cultura. Tem muita empresa que nunca contribuiu.’


Segundo ele, a renúncia fiscal deve ser preservada, mas não deve ser o mecanismo central de cultura. ‘Ela não é a forma mais adequada para fazer política pública para a cultura’, afirmou.


Nascimento disse que o Ministério da Cultura vem conseguindo alinhar os projetos das grandes patrocinadoras privadas à política do governo.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 29 de maio de 2009


 


TRANSPARÊNCIA
Fausto Macedo


Conselho manda procuradorias abrir dados


‘O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) decidiu ontem instituir o Portal da Transparência nas procuradorias de todo o País. Em votação unânime, o plenário aprovou proposta de resolução que obriga o próprio conselho e todas as unidades do Ministério Público – da União e nos Estados – a revelarem em seus sites os dados públicos, exceto os resguardados por sigilo legal ou constitucional, relacionados à instituição.


As procuradorias terão 120 dias para regulamentar o desenvolvimento do portal por ato administrativo. A norma foi sugerida pelo conselheiro Cláudio Barros.


O conselho vai encaminhar cópia da resolução à Câmara e ao Senado. O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que preside o conselho, destacou a ‘necessidade da mais ampla divulgação dos atos da administração de cada unidade do Ministério Público, em cumprimento aos princípios da publicidade e da eficiência previstos na Constituição’.


O conselho decidiu de acordo com o artigo 5.º da Constituição, que garante o direito de acesso à informação. O portal deve disponibilizar informações relativas a receitas e despesas, orçamento anual e repasses mensais, gastos com membros e servidores ativos e inativos, custo com diárias e cartões corporativos, convênios firmados, relação de contratos e licitações em andamento e adequação à Lei de Responsabilidade Fiscal.


A página também conterá dados sobre despesa líquida com pessoal em cada quadrimestre, gastos mensais com investimento e custeio, relação dos nomes de servidores de provimento efetivo, com funções gratificadas ou comissionadas, terceirizados e quais funções que desempenham, além de funcionários cedidos de outros órgãos da administração pública, indicando a origem.


Serão preservados dados referentes a gastos relativos aos servidores, protegidos pela inviolabilidade e pelo sigilo das informações de caráter pessoal, especialmente o número do cadastro de pessoa física e detalhes da folha de pagamento, vencimentos, salários, gratificações, descontos e contribuições.


Cada unidade do Ministério Público poderá manter, sob caráter de sigilo, os dados relacionados a operações especiais ou a investigações que esteja procedendo, reservando-se o direito de não identificar eventuais beneficiários de pagamentos e restringindo acesso a estes dados.’


 


 


SATIAGRAHA
Fausto Macedo


PF abre novo inquérito contra Protógenes


‘Protógenes Queiroz, mentor da Operação Satiagraha, vai responder a novo inquérito na Polícia Federal. Réu em ação criminal por violação de sigilo funcional e fraude processual, o delegado que prendeu o banqueiro Daniel Dantas, do Grupo Opportunity, agora é alvo de investigação determinada pela Justiça sobre seu suposto envolvimento em ações de espionagem – missões clandestinas abastecidas com interceptações telefônicas e filmagens ilegais e monitoramento de autoridades do governo, magistrados, políticos, advogados e jornalistas.


A PF suspeita que entre os alvos de Protógenes estavam a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e seu antecessor, o ex-deputado José Dirceu.


O inquérito foi ordenado pelo juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Criminal Federal de São Paulo, que já abriu processo contra Protógenes por delitos que teria praticado no curso da Satiagraha. O juiz acolheu denúncia da Procuradoria da República.


A PF vai escalar um delegado nível especial para conduzir o inquérito que poderá culminar no indiciamento do mentor da Satiagraha por prevaricação, usurpação de função pública e grampos ilegais. O ponto de partida para a devassa na carreira de Protógenes são seus próprios arquivos secretos – dois pen drives recolhidos pela PF, em novembro, armazenavam dados acerca de movimentos de Dilma e José Dirceu. Há citações a Mangabeira Unger, ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, e diálogos interceptados de parlamentares – um senador e deputados.


A PF considera estranho que Protógenes tenha produzido documentos reservados e ocultou-os, não submetendo a papelada nem a seus superiores. Não se sabe o que ele pretendia com a manutenção desses registros.


A intensa vigilância não tinha respaldo legal – segundo a PF, ele atuava à margem da fiscalização do Ministério Público e sem respaldo judicial.


Protógenes será intimado para depor sobre seu arquivo pessoal com dados de autoridades com prerrogativa de foro – que só poderiam sofrer investigação mediante expresso consentimento do Supremo Tribunal Federal. A PF localizou arquivos também com assessores do delegado. ‘Em poder de investigados foram apreendidos fragmentos indicativos de monitoramento, relatórios de vigilância e gravação de áudio e vídeo relacionados com advogados de investigados na operação (Satiagraha), jornalistas, ministros, senador, deputados, dentre outros’, assinalou o juiz.


Para Mazloum, ‘a gravidade está na ausência de referencial a justificar tais monitoramentos, total falta de norte da origem, a natureza espúria do material encontrado em poder de agentes públicos’. ‘Qual a finalidade? A que e a quem serviria o material?’


Protógenes não retornou contato da reportagem.’


 


 


VENEZUELA
Efe e AFP


Em Caracas, escritor ataca regime


‘Um dia depois de ser retido brevemente no aeroporto de Caracas, o escritor peruano Mário Vargas Llosa fez um discurso na capital venezuelana na qual acusou o presidente Hugo Chávez de estar transformando a Venezuela numa ‘ditadura comunista’.


‘Não há dúvida que o processo em curso aproxima a Venezuela de uma ditadura comunista’, disse Vargas Llosa, num fórum sobre liberdade e democracia. ‘A ameaça de um apagão no campo das liberdades de imprensa e expressão cresceu muitíssimo, mas ainda há alguns espaços livres e precisamos aproveitá-los se quisermos que a Venezuela não se converta em uma segunda Cuba.’


Durante o encontro, o escritor e outras personalidades prestaram apoio à TV opositora Globovisión, que vem sendo ameaçada por Chávez. À tarde, a promotoria venezuelana anunciou que processará o dono da Globovisión, Guillermo Zuloaga (que também tem uma distribuidora da Toyota), por irregularidades na compra de 24 automóveis de luxo.


Vargas Llosa costuma criticar Chávez em artigos escritos para o jornal italiano La Stampa e reproduzidos pelo Estado. Ao chegar a Caracas, na quarta-feira, ele foi advertido por um funcionário da alfândega que, ‘como estrangeiro, não tem direito de fazer declarações políticas na Venezuela’.


Ontem, num episódio especial de seu programa Alô, Presidente! (mais informações nesta página), Chávez negou que Vargas Llosa tenha sido retido no aeroporto e convidou os integrantes do fórum sobre liberdade para debater, no ar,com ‘revolucionários’.


O presidente também exigiu que ministros e autoridades do órgão de regulamentação do setor de telecomunicações ‘tomem atitudes’ contra as TVs e rádios opositoras – ou peçam demissão. ‘Que renunciem para ser substituídos por gente de coragem’, disse Chávez. ‘Se eles não fizerem o que precisa ser feito, terei de agir.’’


 


 


The Guardian


Chávez faz maratona na TV


‘Não ha nada que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, goste mais de fazer do que discursar por horas e horas para o povo de seu pais. E foi exatamente isso que ele fez ontem e fará hoje, amanhã e domingo. A verborragia de Chávez faz parte de uma espécie de maratona para comemorar os dez anos de seu programa semanal de radio e TV, Alô, Presidente.


‘Não ha programa como esse’, disse o líder venezuelano durante o ‘show’ de ontem, transmitido diretamente de uma usina elétrica. Segundo o presidente, cada capitulo será diferente e as transmissões só serão interrompidas por intervalos – ‘assim como uma novela’, brincou Chávez.


A duração dos programas, porem, não foi estabelecida. Normalmente, cada edição dura de quatro a seis horas. Em um domingo de 2007, Chávez bateu todos os recordes e chegou a falar initerruptamente por oito horas.


Alguns dos opositores do presidente não gostaram da suposta overdose de Chávez e despejaram criticas sobre a ideia do líder venezuelano. ‘Quatro dias de circo’, afirmou o jornal El Nacional, que aproveitou a maratona de Chávez para questionar: ‘Quando ele vai trabalhar?’


As atrações do Alô, Presidente são quase sempre uma surpresa para os espectadores. Chávez já cantou, abraçou celebridades de Hollywood e anunciou nacionalizações nas horas em que esteve no ar. As declarações do presidente são sempre acompanhadas por anedotas de sua infância, ataques ferozes aos seus inimigos e intermináveis discussões sobre as politicas interna e externa da Venezuela.


O líder cubano Fidel Castro, um dos mentores de Chávez, parabenizou o amigo pelo sucesso do programa. ‘Nunca uma ideia revolucionaria fez uso de um meio de comunicação com tanta eficiência’, escreveu Fidel – também um mestre dos longos discursos. Em uma de suas colunas.


As aparições semanais de Chávez na mídia venezuelana tiveram inicio em 23 de maio de 1999. Inicialmente, o programa era exibido apenas pelo radio. Um ano depois foi levado ao ar também pela TV estatal, tornando-se uma das armas mais fortes do presidente contra o que ele chama de ‘imprensa parcial e golpista’.


Chávez chegou ate a acusar os meios de comunicação de seu pais de ‘terrorismo midiático’. O presidente conseguiu expandir gradualmente a imprensa estatal – especialmente a TV. Quando Chávez assumiu o Palácio de Miraflores, o governo controlava um canal de TV. Hoje, o Estado possui cinco emissoras.’


 


 


EUA
O Estado de S. Paulo


Obama quer rever regra sobre sigilo de dados


‘O presidente dos EUA, Barack Obama, ordenou ontem que dois estudos sejam feitos para determinar se o governo está exagerando nas restrições ao acesso a informações. A análise dirá se há ou não excesso na proibição da divulgação de dados oficiais.A ação é parte da tentativa de Obama de dar mais transparência a seu governo.’


 


 


JORNAL
Marili Ribeiro


‘Gazeta Mercantil’ pode circular hoje pela última vez


‘O jornal Gazeta Mercantil pode estar circulando hoje pela última vez em sua história de quase 90 anos. Em comunicado, a Companhia Brasileira de Multimídia (CBM), que responde pela atual edição, comercialização e distribuição do jornal, informa que a edição de hoje é a última sob a responsabilidade da empresa. Não está descartada, no entanto, a hipótese de um acerto entre a CBM, do empresário Nelson Tanure, e o dono do título, Luiz Fernando Levy.


Em reunião ontem com funcionários do jornal, Eduardo Giacome, representante da CBM, informou que aguarda até hoje uma posição de Levy. Nas negociações entre os advogados de ambas as partes, que se prolongam desde quarta-feira, não se chegou a qualquer acerto ontem. Mas Giacome disse aos funcionários que a CBM teria proposto a Levy um período de transição de 90 dias, para que ele voltasse a assumir a empresa. Anteriormente, a própria CBM havia ventilado que estaria disposta a bancar o jornal por mais 45 dias.


No encontro de ontem, Giacome também informou que antes de dar início ao processo de realocação dos funcionários do jornal nas outras empresas do grupo CBM, como havia sido prometido, serão concedidas férias de 30 dias a partir de segunda-feira. O jornal tem hoje menos de 90 pessoas, entre jornalistas e funcionários de outros departamentos. A CBM edita também o Jornal do Brasil e é dona da Editora Peixes.


Os jornalistas chegaram a preparar uma edição histórica de despedida que circularia hoje. Mas a iniciativa foi abortada. A diretoria da empresa resolveu fazer apenas um comunicado informando o fim da gestão do grupo de Tanure à frente do jornal. A publicação completará 90 anos em 2010 e vive um período de dificuldades desde a década de 90, em razão de pesado endividamento e de passivos trabalhistas.


A associação entre Levy e Tanure, dono do grupo Docas Investimentos, ao qual pertence a CBM, foi celebrada em 2003, por meio de um contrato de arrendamento do título. É esse contrato que Tanure agora quer rescindir. A principal razão alegada para a rescisão tem sido a cobrança de credores da Gazeta, que têm conseguido bloquear receitas de outras empresas de seu grupo. Caso, por exemplo, do recente pedido da Justiça Trabalhista de São Paulo de penhora de ações e cotas societárias da empresa Intelig Telecomunicações, que foram compradas pela operadora de telefonia TIM por um valor estimado em R$ 650 milhões. A Justiça quer as ações como parte do pagamento da dívida trabalhista de cerca de R$ 200 milhões contabilizada nos processos contra a Gazeta Mercantil.


A juíza Maria Aparecida Vieira Lavorini,da 26.ª Vara do Trabalho, está juntando o máximo de informações sobre Nelson Tanure e suas empresas, enquanto aguarda a penhora dos R$ 200 milhões em ações da Intelig. A penhora depende da entrega de uma carta precatória à Intelig, no Rio de Janeiro, o que deve ocorrer na segunda-feira. A partir do recebimento do comunicado, o empresário terá cinco dias corridos para tentar o embargo da decisão. A juíza questiona os motivos por que levarão a TIM a adquirir as ações, sabendo da situação e do endividamento trabalhista do grupo de Tanure.


COLABOROU PAULO JUSTUS’


 


 


CONGONHAS
O Estado de S. Paulo


Anatel fecha rádio que atrapalhou voos em SP


‘Fiscais da Agência Nacional de Telecomunicações fecharam na noite de ontem uma rádio clandestina que provocou interferência na comunicação entre a torre do Aeroporto de Congonhas e três aviões da TAM, entre 20 horas e 21h30. Os equipamentos estavam na Serra da Cantareira, em lugar de difícil acesso. A rádio pirata operava na frequência 99,7 Mhz.’


 


 


INTERNET
Efe


Broadway se rende às redes sociais


‘Espetáculos da Broadway como Billy Elliot, a nova versão de West Side Story e Shrek, o Musical, estão entre as montagens que descobriram as redes sociais da internet como excelente canal de divulgação. Todos enviam mensagens publicitárias diariamente para redes como Facebook, MySpace ou Twitter. Num momento em que a crise chega também à indústria de entretenimento, descobrir novas formas de anúncio pode ser fundamental. ‘As redes sociais de internet estão em todos os planos publicitários’, diz à Agência EFE Tom Lorenzo, diretor da empresa responsável pela publicidade de vários musicais na Broadway.’


 


 


FOTOGRAFIA
Camila Molina


Uma seleção do acervo em preto e branco da Pinacoteca


‘O acervo de fotografia da Pinacoteca do Estado reúne cerca de 600 imagens (centradas na produção brasileira) e desde o ano 2000 ele vem crescendo cada vez mais graças a doações dos mais importantes fotógrafos do Brasil. Jogando luz em 65 fotos de destaque da coleção, o museu apresenta no piso térreo a mostra Um Acervo em Preto e Branco que, tal como diz o título, é uma exposição das criações desprovidas de cores. O curador de fotografia da Pinacoteca, Diógenes Moura, selecionou para a mostra trabalhos emblemáticos da coleção, feitos por Boris Kossoy, Claudia Andujar, Carlos Moreira, Cristiano Mascaro, Fernando Lemos, German Lorca e Thomaz Farkas.


‘A exposição é uma conversa entre amigos e surpreendeu-me a relação que há entre os fotógrafos pelas suas imagens’, diz Moura. Faz-se, portanto, um percurso livre entre as criações, que dialogam sutilmente pelos temas que apresentam ou pela aparição de São Paulo em grande parte delas (apenas o português radicado no Brasil, Fernando Lemos, está representado pelos retratos de tom surrealista que fez em Lisboa no início dos anos 50). ‘É um encontro muito feliz’, diz ainda o curador, chamando a atenção para a leveza das criações, puras pela característica de serem preto e branco. A coleção fotográfica da Pinacoteca, afirma Moura, reúne, na verdade, uma maioria de imagens coloridas, mas é, como reforça, representativa sim da fotografia brasileira, principalmente, a realizada a partir da década de 1940.


Entre os destaques da mostra – cuja imagem mais antiga, de 1947, é de German Lorca -, está a série Bom Retiro e Luz – O Roteiro, feita entre 1975/76 por Cristiano Mascaro especialmente para a Pinacoteca (leia mais abaixo). ‘A série, a primeira criada a pedido do museu, tem 23 imagens, mas selecionei 12’, diz o curador. Outro, ainda, é o Álbum de 60 Anos de Fotografia de Thomaz Farkas, com imagens emblemáticas de toda a carreira do fotógrafo.


Serviço


Um Acervo em Preto e Branco: Fotografias. Pinacoteca. Pça. da Luz, 2, 3324-1000. 10/18h (fecha 2.ª). R$ 4 (sáb. grátis). Até 9/8′


 


 


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Olhares de um eterno caminhante


‘Para Cristiano Mascaro não importa fazer o retrato literal da realidade: as cidades – seu tema preferido, dentro dele, a metrópole São Paulo – se traduzem em imagens em preto e branco feitas a partir de recortes de lugares que ele fotografa com sua câmera. ‘É a expressão plástica da cidade que me move a fotografá-la, não quero descrevê-la’, diz o fotógrafo, que acaba de inaugurar na Nara Roesler sua primeira exposição comercial em uma galeria brasileira. A mostra Fotografar Como Caminhar reúne 23 imagens inéditas, cerca de metade delas, bem recentes, feitas entre 2008 e 2009, e fotografias mais antigas, da década de 1980 em diante, que Mascaro encontrou em seu amplo arquivo. ‘Revendo meu depósito encontrei imagens que por uma ou outra razão haviam ficado de lado, muitas delas nem mesmo tinham sido ampliadas’, conta.


É uma pureza de formas, na atmosfera do clássico preto e branco – inspirado nas visões de desde criança de uma São Paulo cinzenta e dos filmes da Nouvelle Vague e do Cinema Novo – que sempre chama a atenção nas fotografias contemplativas de Cristiano Mascaro. Indo atrás não de uma poética, mas de uma luminosidade que ele consegue destacar dos lugares do mundo, a grande força do trabalho do fotógrafo, hoje, com 64 anos, sempre foi e é a de colocar tão bem em suas imagens a sobreposição da geometria da cidade com sua face humana, tal uma citação que ele faz do escritor Italo Calvino. Por isso não é certo dizer que ele é estritamente um formalista, tampouco um prisioneiro da ‘ditadura da luz’, como reforça.


Da herança de suas aulas na década de 1960 na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, Mascaro voltou seu olhar para o traço arquitetônico, para as cidades, unindo a isso seu lado ‘caminhante’ que capta os ‘cenários’ que o emocionam. ‘Em 1975, quando a Aracy Amaral, então diretora da Pinacoteca, me convidou a realizar para o museu a série Bom Retiro e Luz, ela me disse para não fazer um trabalho estetizante e isso me marcou muito’, reforça o fotógrafo, nascido em Catanduva.


Assim, é mais uma vez do olhar especial de Mascaro sobre tantas cidades de que trata essa exposição na Galeria Nara Roesler, com curadoria de Agnaldo Farias. É claro que São Paulo se torna a grande estrela, mas há ainda fotografias feitas no Rio (no Jardim Botânico), em Salvador e Maceió, por exemplo e, como novidade, já que Mascaro sempre exibe fotos de cidades brasileiras, imagens realizadas em Tóquio, Roma e Lisboa.


Serviço


Cristiano Mascaro. Galeria Nara Roesler. Avenida Europa, 655, tel. 3063-2344. 10 h/19 h; sáb., 11 h/15 h (fecha dom. e 2.ª). Até 20/6′


 


 


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Mamonas na MTV


‘MTV e Record fecharam um acordo envolvendo um documentário sobre a trajetória dos Mamonas Assassinas. Dirigido por Cláudio Kahns, Mamonas, o Doc tem como parceira de produção a Record Entretenimento, empresa que cuida da criação e licenciamento de produtos do canal.


Mamonas, o Doc ainda não tem data de estreia na TV. A MTV não sabe se exibirá o documentário em setembro ou no início do ano que vem, próximo ao lançamento do DVD do documentário.


A produção conta a trajetória da banda da Brasília amarela (que morreu em 1996, em um acidente aéreo) com base em entrevistas com amigos dos integrantes e material de arquivo. Foram quase três anos de pesquisa e de muita negociação , principalmente com as emissoras concorrentes, que não queriam liberar as imagens do grupo em seus programas. Boa parte do documentário é composta por imagens do arquivo pessoal dos Mamonas.


Paralelamente ao documentário, a Record Entretenimento prepara um filme sobre a vida do grupo. Mamonas, o Doc poderá ser exibido na Record, mas só depois de ir ao ar na MTV.’


 


 


 


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