Desde o começo de novembro crescem as especulações em torno dos nomes que formarão o ministério de Dilma Rousseff. Especialmente em se tratando das pastas estratégicas, ambicionadas pela projeção que possuem no cenário brasileiro e por estarem constantemente na mira da mídia: Fazenda, Planejamento, Saúde, Agricultura, Trabalho…
Outras pastas, como Cultura, Turismo, Esporte e Educação, não despertam, talvez, muita atenção. Mas são tão ou mais estratégicas para os rumos do país. No caso do MEC, a imprensa fez até agora apenas algumas alusões. Ou será mantido o atual ministro, Fernando Haddad, cujo trabalho foi também decisivo na boa avaliação que o governo Lula obteve nos últimos anos, ou seria substituído pelo ex-tucano Gabriel Chalita, ex-secretário da Educação de São Paulo na gestão de Geraldo Alckmin e agora deputado federal (PSB). Esta segunda hipótese soa como brincadeira no Hopi Hari.
A revista Veja desta semana (ed. nº 2190) chega a afirmar que Chalita já pediu para ser indicado para o cargo. No site do Estadão, a repórter Eugênia Lopes comenta:
‘Chalita sonha, porém, com a pasta da Educação. Mas esta deverá ser mantida com um petista. Um dos nomes cotados é o do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que foi derrotado na corrida pelo governo de São Paulo e ficará sem mandato.’
Sem lugar para improvisações
Numa entrevista em 05/10, à Folha de S.Paulo, que já o denominou de ‘neoaliado’ do PT, Chalita desconversou:
O sr. é candidato a assumir o Ministério da Educação?
Gabriel Chalita – Sou candidato a fazer a lei de responsabilidade da educação, que é uma lei que estabelece sanções a quem não cumpre metas. O que falta no Brasil é continuidade. Temos bons projetos.
Mas o sr. sonha em assumir a pasta?
G.C. – Não. Não penso nisso. E acho que nem ela [Dilma Rousseff] pensa nisso. Seria indelicado começar a pensar no governo sem estar eleita.
A palavra ‘continuidade’ foi uma deixa. E ao dizer que era indelicado pensar naquele momento em ser ministro da Educação, Chalita afirmava nas entrelinhas, como quem nada quer, que seria oportuno relembrar essa questão após as eleições…
O Ministério da Educação é fundamental para o Brasil. Não há lugar, ali, para improvisações ou mensagens de autoajuda. Nem é cargo honorário. Na etapa política que começa em 2011, seria desastroso entregar o MEC a quem, há não muito tempo, em junho de 2009, usou seu programa na TV Canção Nova para fazer campanha antecipada a favor de um quase presidenciável José Serra.
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Doutor em Educação pela USP e escritor – www.perisse.com.br