Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Um panorama da compra de votos

Assoprar brasas reaviva as chamas, reacende a fogueira e reaquece as discussões, que muito podem render a se levar em conta os resultados apresentados no Jornal Nacional, na quarta-feira (7/2), da pesquisa do Ibope, encomendada pela Transparência Brasil e pela União Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle sobre a compra de votos nas eleições de 2006. [Ver aqui a íntegra do relatório.]

Para aqueles que chegaram a delinear um mapa da divisão do país entre vermelhos (petistas) e azuis (tucanos) com base na propensão assistencialista (Bolsa Família) do voto em Lula, os números da pesquisa parecem apontar para outra direção – ao menos demonstram que as coisas são mais complexas do que supõem (ou querem) os articulistas (e/ou opinionistas). Admite-se que ‘foram mais de 8,3 milhões de casos [de oferta de vantagens em troca do voto] – 5% nas regiões Norte e Centro-Oeste, 10% no Nordeste, 6% no Sudeste e 12% no Sul’.

Dados ‘provocadores’

Parece que todos votam mesmo por algum ‘interesse’ – assistencialista, no caso dos menos afortunados, ou particular, para aqueles que aceitam trocar o seu voto por alguma vantagem. E a pesquisa ‘derruba mitos’, já que assinala que ‘a maioria dos que recebem oferta de compra de votos não é pobre: ganha entre dois e dez salários mínimos (33%) e estudou entre a quinta série e o ensino superior (30%)’. Além do mais, o Sul do país registrou o maior número de casos de oferta de dinheiro vivo: 4% do eleitorado nacional.

Os dados da pesquisa estão aí – provocadores e disponíveis para novas análises (menos reducionistas). Resta saber se tal discussão ficará apenas no âmbito dos sítios da internet ou se a mídia vai aceitar a ‘provocação’ e debruçar-se sobre a questão, reavaliando suas posições e aprofundando o assunto. Mais que uma divisão sócio-eleitoral nos parâmetros propostos, o país sofre de muitas outras fraturas.

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Funcionário Público, Jaú, SP