Nos últimos anos, os Ministérios Públicos – tanto os estaduais, quanto o federal – ganharam grande destaque no noticiário policial. Isso porque, em muitos casos, a atuação do órgão foi essencial para esclarecer dúvidas da sociedade sobre crimes de diversas ordens, desde homicídios até casos de evasão de divisas e crimes contra o patrimônio público. Com o fortalecimento dos Ministérios Públicos, a verdade é que ficou mais fácil o jornalista trabalhar, pois mesmo sem o sigilo de justiça, fatos que outrora eram guardados a sete chaves pelas mais diversas autoridades começaram a vazar para a imprensa.
Mas até que ponto esses ‘vazamentos’ são bons?
Bem, se não prejudicarem a imagem dos acusados, a apuração dos fatos e se não forem informações precipitadas, não há problema algum. Como experiência própria, cito o caso da morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel. Por duas vezes, primeiro o DHPP e, em seguida, a delegada Elisabete Sato, concluíram a morte do prefeito em janeiro de 2002, como crime comum. No entanto, muitas dúvidas não foram esclarecidas, principalmente a relação entre a Prefeitura andreense e as empresas de ônibus.
Terras inexistentes
Não se trata de apontar culpados, mas a atuação do Ministério Público sobre o caso foi de extrema importância. Ouviu testemunhas e tentou responder muitas lacunas deixadas pela investigação policial. Destaque para o trabalho dos promotores Roberto Wider Filho e Amaro José Tomé Filho. Se depender de mim e deles, o caso não ficará esquecido.
Documentos conseguidos por este repórter mostram um estranho fato. Há terras no Amazonas em nome das empresas de ônibus do ABC. Terras inexistentes ou que deveriam servir de assentamento rural pelo Incra. Esse é apenas um fato que mostra que a relação Ministérios Públicos x Imprensa pode ser ótima, desde que não haja contrariedades à lei, privilégios de um órgão de imprensa em detrimento de outros, e a necessidade da transparência.
Por isso, os Ministérios Públicos devem, sim, ter poder de investigação criminal e a imprensa, liberdade para divulgar essa investigação.
Deve-se rever o segredo de Justiça, mas esse é um assunto para outra oportunidade.
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Repórter da rádio CBN