Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Uma pausa para os acertos

Quando não há reclamações de leitores suficientes para dar mote a uma coluna, o ombudsman do Washington Post [8/2/04] aproveita seu espaço para comentar sobre pontos positivos do diário. Os últimos dias foram um exemplo de como o Post, sendo um jornal grande com muitos recursos de reportagem, desempenha um papel importante em sua cidade e em todo o país. As matérias citadas tiveram repercussão em outros meios e também foram assunto de comentários de leitores.

No sábado (31), matéria de David Nakamura revelou que a água de parte da população da capital americana estava com níveis de contaminação de chumbo acima do permitido pela norma federal, e que o prefeito e muitos vereadores não estavam a par disso. Na quinta-feira, o mesmo repórter noticiou que o gerente da autoridade de saneamento que tentava chamar atenção para o problema havia sido demitido.

No mesmo dia 31, reportagem de capa de Amy Goldstein denunciou que uma nova lei de saúde custaria US$ 534 bilhões aos cofres públicos, e não US$ 400 bilhões, como se propagandeou quando de sua aprovação pelo congresso, em novembro. Ainda nesse dia, outra matéria dava conta de que o pré-candidato democrata à presidência John Kerry, que critica fortemente os grupos de interesse corporativos que atuam em Washington, foi o senador que mais conseguiu financiamento de campanha com lobistas profissionais nos últimos 15 anos.

‘Para fazer jus aos meus fiéis reclamantes’, escreve Getler, houve sim, neste dia, um destaque de primeira página que gerou queixas. Trata-se da história uma mulher da região de Washington, que, com menos de 50 quilos, participará de um campeonato de comer asas de frango fritas. ‘Talvez eu esteja sofrendo de fadiga de críticas, mas achei que foi engraçado e bem feito’, comenta, respondendo a quem achou que essa matéria roubou espaço de assuntos mais importantes.

No domingo, dia 1o, o Post conseguiu um furo, reportando que o presidente Bush aceitaria uma sindicância independente para averiguar a qualidade do trabalho de inteligência que ele usou para afirmar que Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa. No mesmo dia, o jornal trouxe um belo perfil do aiatolá Ali Sistani, clérigo xiita que pode ser personagem decisivo no futuro do Iraque. Para completar, o repórter Glenn Kessler, na terça-feira (dia 2), reportou que o secretário de estado Colin Powell disse que não sabe se recomendaria a guerra contra o Iraque se soubesse que ali não havia armas proibidas.

‘Isto posto, foi uma boa semana para dar um tempo e fazer uma análise diferente’, conclui o ombudsman.