Há alguns anos era possível contar nos dedos o número de jornais que exigiam que o leitor se registrasse em seu sítio para ter acesso às notícias online. Esta situação mudou, e muito. Hoje, nos EUA, a maior parte dos jornais de grande circulação se utiliza do registro de internautas.
Leitores dos expressivos New York Times, Chicago Tribune e Los Angeles Times são orientados a preencher um formulário nos sítios dos jornais para que possam ler seu conteúdo. Há poucas semanas, o Washington Post juntou-se à turma.
Para ter acesso aos sítios, o público tem que estar disposto a liberar dados pessoais como idade, código postal, sexo e, muitas vezes, informações sobre renda e interesses. Segundo Rob Runett, diretor de comunicações eletrônicas da Associação de Jornais da América (NAA, na sigla em inglês), esta é uma tendência que está sendo seguida também pelos jornais de menor porte.
O objetivo do registro é, segundo Joanna Glasner [Wired News, 1o/3/04], basicamente ganhar dinheiro. Os jornais querem lucrar com seus sítios, mas como a maioria dos leitores não estaria disposta a pagar para entrar neles, têm que arranjar outras maneiras para faturar. A solução encontrada foi vender espaços para anúncios publicitários. Para convencer os anunciantes a investir em publicidade online, esses jornais precisam do maior número possível de dados dos seus leitores. Assim, os anunciantes podem saber quem são, e qual a receptividade, dos consumidores que lêem aquele sítio. Com isso, descobrem se vale ou não a pena fazer aquele investimento. Parece complicado, mas é um processo bem simples.
E quanto aos leitores? Os dados são apenas ‘uma pequena troca pela informação que disponibilizamos’, afirma Mike Coleman, gerente sênior de mídia digital no Arizona Republic. Além disso, para evitar reclamações dos internautas, muitos jornais têm formulários pequenos e rápidos de responder. Privacidade é outra preocupação. De acordo com o NAA, os sítios devem revelar ao público o que pretendem fazer com os dados fornecidos em sua política de privacidade.
Esta é uma grande jogada dos jornais para aumentar sua receita, mas o excesso de confiança nos dados fornecidos pelos leitores tem se mostrado imprudente. Não há a mínima garantia de que as informações deixadas nos sítios em troca de acesso liberado são verdadeiras. Em uma rápida olhada no banco de dados de alguns jornais, afirma Runett, do NAA, é fácil encontrar nomes como ‘Mickey Mouse’, por exemplo.