O levantamento abaixo foi feito em 07.09, dia seguinte ao atentado sofrido pelo candidato à presidência, Jair Bolsonaro. Jornais e revistas internacionais contam uma história que vai além da facada em Juiz de Fora
“O candidato presidencial de extrema-direita do Brasil, Jair Bolsonaro, foi esfaqueado, com as tensões aumentando antes da eleição mais imprevisível do país em décadas.” (The Wall Street Journal)
“O deputado lidera a eleição mais polarizada do país.” (Financial Times)
“O dano político do ataque sofrido pelo candidato que domina as pesquisas é incalculável.” (Le Monde)
“Nenhuma eleição desde o retorno do Brasil à democracia há 30 anos é tão difícil de prever. Muitos políticos e empresários estão sob suspeita de corrupção, muitos na cadeia. Isso abalou a confiança dos eleitores.” (Der Spiegel)
“A violência política está aumentando no Brasil. Em março, Marielle Franco, vereadora da cidade do Rio de Janeiro pelo Partido Socialista e Liberdade, de esquerda, foi assassinada junto com seu motorista Anderson Gomes em um crime ainda não resolvido.” (The Guardian)
“Dias depois (de Marielle Franco), os ônibus de campanha contratados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram executados no sul do Brasil.” (The New York Times)
“O ataque ocorre justamente depois de um dos dias mais desagradáveis de uma campanha em que (o candidato) já estava injetando ódio e pedindo violência.” (El País)
“A democracia está caindo em desgraça com muitos brasileiros fartos de políticos corruptos e crescente violência. Alguns veem em Bolsonaro uma maneira de implementar a ordem e a disciplina da ditadura militar brasileira, que terminou em 1985 depois de duas décadas.” (Washington Post)
“A retórica franca de Bolsonaro e sua defesa da lei e da ordem atraíram muitos que culparam a esquerda pela corrupção e pela crise econômica. Em 2011, ele disse à revista Playboy que seria ‘incapaz de amar um filho gay’ e que preferiria ver o filho ‘morrer em um acidente’.” (BBC)
“Apesar de ser congressista desde 1991, Bolsonaro está concorrendo como um forasteiro pronto para derrubar o establishment reprimindo a corrupção na política e reduzindo o crime, em parte dando à polícia uma mão mais livre para atirar e matar.” (Time)
“Deputado por quase três décadas, é uma figura controversa que já elogiou publicamente a junta militar no Brasil e lamentou no passado que não matou mais pessoas durante a ditadura.” (Le Figaro)
“Sua defesa da ditadura militar (1964-1985) e uma retórica com nuances racistas, misóginas o tornam o candidato com maior índice de rejeição.” (El Tiempo)
“O ultradireitista é um dos candidatos mais polêmicos da atual disputa eleitoral por defender a ditadura militar no Brasil (1964-1985). Gerou vários protestos por suas insistentes declarações sexistas e homofóbicas. Enfrenta processos judiciais por discriminação e incitamento ao estupro. O Sr. Bolsonaro defende um regime repressivo que legou uma década econômica perdida nos anos 80 e um país em que 40% das crianças de 7 a 14 anos não estão na escola.” (El Espectador)
“O que explica a aparente amnésia do eleitorado? O ponto de partida é a ira pública sobre a combinação da pior recessão do mundo, o colapso concomitante nos serviços públicos (dramatizado pelo incêndio desta semana no Museu Nacional) e a corrupção generalizada revelada pela Lava-Jato, que foi muito além do PT.” (The Economist)
“A democracia está caindo em desgraça com muitos brasileiros fartos de políticos corruptos e crescente violência.” (The Wall Street Journal)
“‘Acho que um evento como esse não seria provável se não estivéssemos vendo um grau de radicalização no diálogo público no Brasil’, disse Cláudio Couto, professor de ciência política da Fundação Getúlio Vargas, uma universidade em São Paulo.” (The Washington Post)
“Para alguns analistas, isso poderia tirar Bolsonaro da corrida eleitoral. E, portanto, a figura do social democrata Geraldo Alckmin, um dos preferidos pelos financistas por acreditar que esse candidato terá força suficiente para “levar a cabo as reformas necessárias no Brasil, teria um forte impulso”. Outros, no entanto, disseram o contrário: “Ele poderá ganhar votos depois dessa forte exposição na mídia”, disse o economista Álvaro Bandeira. E a ascensão do mercado de ações e a queda do dólar poderiam realmente indicar que os mercados aprovam Bolsonaro como o adversário do trabalhista Ciro Gomes e do petista Fernando Haddad.” (Clarín)
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Flávio Arantes é jornalista, com passagem por alguns dos principais veículos no Brasil, como Folha de S.Paulo e Grupo Globo. Atualmente, reside em Bogotá, Colômbia.