Thursday, 14 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Adriana Del Ré

‘É sempre saudável se discutir o real papel da televisão brasileira. Afinal, estamos nos referindo a um meio de comunicação dos mais influentes no País. O jornalista Inimá Simões acredita que o público, de uma maneira geral, seja desinformado em relação à história da nossa TV. Ele gostaria de ver também a sociedade mais mobilizada, debatendo assuntos relacionados a esse universo. Nessa batalha, ele tenta cumprir sua parte e assume esses pontos como os principais de seu livro A Nossa TV Brasileira – Por um Controle Social da Televisão (Ed. Senac São Paulo, 144 págs., R$ 26), que integra a Série Ponto Futuro.

Para Simões, que trabalha na TV Câmara, a tevê brasileira, hoje, passa por um ‘descontrole’, como se descesse uma ladeira. Chega mesmo a compará-la a um pit bull. Quando pequeno, é inofensivo, mas deixaram o bichinho crescer, num esquema do tomá-lá-dá-cá (no caso, entre ditadura e TV: o primeiro oferecendo toda infra-estrutura e o segundo, em troca, retrata um Brasil maravilhoso). E quando se dão conta, já é tarde e o bicho está grande demais para ser dominado.

Resta, então, a busca de mecanismos que vão levar ‘o Brasil a estabelecer meios para enquadrar a televisão num sistema de respeito às leis, e não deixar que ela permaneça, como é hoje, um mundo à parte dos controles sociais’, defende o autor. O conceito de controle social funciona como contraponto a outros controles tradicionais que tangem arte, informação ou comunicação, como o controle autoritário (cujo melhor exemplo é a censura) e o controle exercido pelas forças do mercado.

Segundo escreve o jornalista Eugênio Bucci no texto de apresentação do livro, o controle social nada mais é que o aprofundamento do controle democrático dos meios de comunicação. Acontece de várias formas e diferentes países, ‘por meio de leis e organismos republicanos’. Simões lembra que nos EUA e países europeus, canais que passam da dose em sua programação são severamente multados. Para ele, o mesmo deveria acontecer com abusos cometidos na televisão brasileira. Das duas uma: ou sair do ar ou ser multado. Para tanto, é preciso haver alterações na legislação e conscientização da opinião pública. ‘Quando um deputado percebe que a sociedade está mobilizada em torno de alguma questão, ele vota a favor. Eles têm bom faro para isso’, afirma. ‘A idéia é justamente que o livro contribua para que essa discussão chegue a todos.’

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Em A Nossa TV Brasileira, o autor constrói também um panorama da história da TV, acompanhando cronologicamente desde que a televisão surge discreta e submersa, em 1950, até se tornar um meio de comunicação poderoso (cenário onde a Globo reina absoluta). Ele destaca o dia da inauguração oficial da televisão no Brasil, em 18 de setembro de 1950, data em que foram ao ar as primeiras imagens da TV Tupi de São Paulo, dos Diários e Emissoras Associados, liderado por Assis Chateaubriand. Em discurso, Chateaubriand não fez nenhuma menção ao veículo como estimulador da arte, cultura e informação.

Já naquela época, o conceito do anunciante antecedia a concepção de mercado, público e audiência. ‘As tevês querem faturar, elas têm de mostrar audiência para ter publicidade’, avalia. Mesmo assim, o autor acredita que a TV produz coisas de qualidade, como novelas, minisséries e programas infantis, como os da Cultura. ‘Hoje, nossa televisão está enfraquecida pelo Plano Real e pela indefinição em relação ao modelo digital de TV. Talvez daqui a uns 20, 30 anos, ela chegue a um equilíbrio.’’



REDE TV!
Keila Jimenez

‘RedeTV! prepara grade de 2005’, copyright O Estado de S. Paulo, 6/11/04

‘Futebol internacional, produção de novas séries e mais espaço para a turma do Pânico. Esses são os planos da Rede TV! para 2005. Completando este mês 5 anos no ar, a emissora já prepara suas apostas para o próximo ano.

‘O canal conseguiu tornar-se competitivo, disputa hoje o terceiro lugar e, em alguns horários, até o segundo’, fala a diretora de Programação do canal, Mônica Pimentel. ‘Não posso dizer que a programação está do jeito que queríamos, mas 2004 foi um ano promissor. As últimas contratações e ajustes deram resultado.’

Entre os planos da emissora está a renovação de contratos importantes, como os dos campeonatos europeus de futebol (Liga dos Campeões da UEFA) e o dos jogos da NBA (liga profissional de basquete americano). Essas partidas chegam a colocar a rede em segundo lugar no Ibope durante os seus horários de exibição.

Clodovil e Luciana Gimenez continuam firmes e fortes como estrelas da casa em 2005, assim também como a trupe do Pânico. Esta, por sinal, deve ganhar mais uma hora no ar e, quem sabe, mais um programa semanal noturno na rede.

‘A idéia é fortalecer o domingo da Rede TV!, que tem como alicerce o Pânico’, explica Mônica.

Esse fortalecimento representa o fim dos programas de televendas no canal nos fins de semana, dando mais lugar a filmes, sitcoms e programas como Late Show.

Mônica também garante que o investimento em dramaturgia nacional, que começou este ano com o seriado Vila Maluca, segue adiante em 2005.

João Kleber e Luciana Gimenez estão na fila dos que querem um sitcom próprio na nova programação. Uma nova série infantil também deve começar a ser produzida em breve. E por falar em João Kleber, ele continua com seus programas no canal no próximo ano, assim também como o Repórter Cidadão, que, apesar das ameaças, não sai do ar tão cedo.

Entre-linhas

Vai ao ar hoje, às 21h30, na Globo News, a entrevista inédita que Chico Pinheiro gravou com Edu Lobo para o Espaço Aberto, na antevéspera de o compositor ser hospitalizado em razão de um aneurisma cerebral. O canal aguardou que o cantor decidisse se queria gravar outra conversa ou se ele preferia que a entrevista não fosse ao ar. E ele concordou que aquela gravação, anterior à internação, fosse exibida.

Marlene Mattos, que acabou de deixar a Band, é o alvo da turma do Pânico na TV!. No programa de amanhã, pela RedeTV!, eles levam o clone de Marlene para procurar emprego nos lugares mais estranhos.

A DirecTV deixará aberto até segunda-feira de manhã, gratuitamente, para os seus assinantes, os sinais dos dez canais do pacote HBO. A iniciativa comemora a estréia da 5.ª fase da série Família Soprano, amanhã, às 22h.

A estréia de O Aprendiz, anteontem, na Record, rendeu 9 pontos de média audiência na Grande São Paulo. No horário, às 21 horas, a emissora exibia filmes e obtinha entre 5 e 7 pontos de ibope.

E por falar em O Aprendiz, Roberto Justus não é tão incisivo quanto Donald Trump. Mesmo com suas frases de impacto que, aliás, são uma piada: ‘São Paulo é uma selva. E é bom que seja mesmo, porque estou atrás de uma fera.’

Amanhã, a partir das 14 horas, a Band suspende sua programação e promove uma maratona para arrecadar fundos em prol de instituições que cuidam de crianças com câncer.’