‘Mais uma publicação da chamada imprensa alternativa brasileira está fechando as portas. A expressão ‘chamada’, aqui, tem um significado especial, pois os ‘alternativos’, em breve, deixarão de ser alternativos pelo simples fato de que deixarão de existir. Desta vez, a vítima é o Pasquim 21, projeto idealizado por Ziraldo e capitaneado por seu irmão, Zélio, que lutaram corajosamente enquanto puderam, mas não resistiram às dificuldades. Em sua última edição, a de número 117, Zélio anunciou que mais um sonho acabou. Em uma carta aos leitores, ele diz que a equipe do Pasquim 21 pretende lançar dois almanaques em julho e mais um em agosto. Além disso, está em gestação um projeto de uma nova revista, mais um sonho como ele próprio admite.
Infelizmente, cada vez mais as portas estão se fechando para todos aqueles que sonham em construir um sistema de comunicação democrático e pluralista no Brasil. Os raros veículos que ainda conseguem se manter em pé vão tombando pelo caminho, um a um. Os que resistem, vão sobrevivendo como podem, graças ao compromisso e à abnegação de suas equipes. Mas nem só de abnegação vive o homem, muito menos a mídia. Principalmente a grande mídia, cada vez mais concentrada, que sempre é socorrida pelos poderes deste país na hora do aperto. E a hora é de aperto, como poucas vezes se viu. O fechamento do projeto de Ziraldo, Zélio e sua equipe é um duro golpe causado, entre outras coisas, pela ausência de uma política pública para incentivar concretamente a democratização dos meios de comunicação no Brasil.
Lamentavelmente, essa democratização é um sonho cada vez mais distante No horizonte. Os grandes grupos de mídia, aqueles que sempre mandaram na comunicação do país, estão sendo socorridos mais uma vez através de uma operação especial de crédito. Já os pequenos e médios… bem… eles são pequenos e médios e seu destino têm sido o limbo ou a incorporação pelos grandes… Não se está falando propriamente de dinheiro, aqui. O que mais chama a atenção é a miopia estratégica que parece afetar aqueles que poderiam estar trabalhando em favor da democratização da comunicação no país. A transformação desse objetivo em realidade não é vista como uma condição necessária para o aprofundamento e a qualificação da democracia brasileira, para a construção de uma verdadeira República.
Mais uma vez, infelizmente, a comunicação está sendo tratada com uma lógica instrumental e pragmática que vê nos grandes grupos de mídia seus principais aliados. Ou, dito de outro modo, a comunicação não está sendo tratada como uma política pública estratégica para o projeto de transformação do Brasil em um nação verdadeiramente democrática, justa e pluralista. O fechamento do Pasquim 21 é mais uma triste comprovação dessa postura.
A Agência Carta Maior faz aqui uma homenagem especial a Ziraldo, a Zelio e a toda equipe do Pasquim 21 pelo brilhante e valioso trabalho que realizaram até aqui, lamentando profundamente a interrupção do projeto. Estamos torcendo pelos novos projetos e, principalmente, por Ziraldo, que está internado no Hospital Pró-Cardíaco no Rio, onde sofreu uma cirurgia essa semana. Por fim, queremos reafirmar o nosso compromisso, anunciado no I Fórum Social Mundial de Porto Alegre, em 2001, com a construção de um sistema verdadeiramente democrático de comunicação e de um outro Brasil.
Certos de que não estamos sozinhos, não desistiremos dessa luta.’
REVISTA O GLOBO
‘O Globo lança Revista O Globo em início de agosto’, copyright Comunique-se, 8/7/04
‘A Revista O Globo, publicação dominical que O Globo lançará na primeira semana de agosto, é uma operação ambiciosa, como define o seu diretor de redação, Rodolfo Fernandes. ‘Mas estão todos entusiasmados’, comenta, em entrevista por e-mail. O projeto foi guardado a sete chaves. Só nesta quarta-feira (07/07) que os editores do jornal que não estão diretamente envolvidos no projeto tomaram conhecimento de cada detalhe.
Algumas colunas do diário vão migrar para a revista, como a de Paulo Coelho, do professor Pasquale, do psicanalista Alberto Goldin, que escreve para o Jornal da Família, de José Hugo Celidônio (gastronomia) e o Agamenon Mendes Pedreira (feita pelos ‘cassetas’ Marcelo Madureita e Hubert). Também vão assinar colunas Elizabeth Orsini, Isabel de Lucca, editora do Rio Show e também responsável pela seção de comportamento da revista, além da escritora gaúcha Martha Medeiros.
O Jornal da Família está com os dias contados. Seu conteúdo estará na Revista Domingo, sem qualquer perda, além das matérias variadas. Serão oito páginas do caderno contra aproximadamente 70 páginas da publicação, que terá formato tablóide.
Uma das seções será Ciência e Vida, comandada por Ana Lúcia Azevedo. Moda terá um tratamento especial e diferente do que é dado no caderno Ela. A área será de responsabilidade da editora Ana Cristina Reis. Já o espaço de comportamento estará sob coordenação de Isabel.
A revista terá uma equipe própria, comandada por Marília Martins, atual editora do Jornal da Família, e terá também a colaboração de todas as editorias de O Globo.’
PLAYBOY
‘‘Playboy’: coelhinhas trabalhadoras’, copyright O Globo, 7/7/04
‘A revista masculina ‘Playboy’ descobriu nas empresas americanas uma mina de coelhinhas. Ontem, a Playboy.com, versão online da publicação, apresentou as ‘Mulheres da Home Depot’ — a empresa é uma conhecida cadeia de lojas de material de construção dos EUA —, mostrando seis das ‘mais sexies funcionárias da rede’. A empresa convocou as potenciais modelos em maio e recebeu 400 respostas. O cachê não foi revelado.
— A ‘Playboy’ é um ícone americano, e adorei ter sido escolhida como modelo — disse ao site CNNMoney Rachel Parks, uma das funcionárias da Home Depot que aparecem no ensaio. — É uma experiência única.
A revista já havia publicado, em 2002 e 2003, os especiais ‘Mulheres da Enron’ e ‘Mulheres da Starbucks’. Em novembro do ano passado, o site inaugurou sua série exclusiva, com as ‘Mulheres da Wal-Mart’, cadeia de supermercados com filiais em vários países, incluindo o Brasil. A idéia da série surgiu depois do colapso da gigante de energia Enron em dezembro de 2001, devido a fraudes contábeis.
Apesar de a Wal-Mart ter criticado o ensaio, dizendo que era de mau gosto, foi o maior sucesso do site, segundo seu editor, John Thomas. Ele não revelou quais serão as próximas empresas da série, mas admite estar considerando um ensaio tendo as lanchonetes como tema.’
ELEIÇÕES / FENAJ
‘Eleições Fenaj: chapa 1 perto da vitória’, copyright Comunique-se, 9/7/04
‘Com uma margem próxima de 70% dos votos válidos, a chapa 1 (Mais Fenaj) deve ser declarada oficialmente, nesta segunda-feira (12/07), vencedora da eleição 2004 da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). A comissão eleitoral nacional acabou adiando a proclamação do resultado oficial, por causa do atraso no repasse das atas por alguns estados.
De forma extra-oficial, a chapa de situação, encabeçada pelo catarinense Sérgio Murillo de Andrade, conseguiu mais votos do que a oposição e derrotou a candidatura liderada pelo mineiro radicado em Brasília Beto Almeida. Até o final da tarde desta sexta-feira (09/07), a comissão eleitoral aguardava a chegada das atas, com a apuração final, de Pernambuco, Ceará e Londrina (PR). Os votos das três regiões não são capazes de reverter o quadro.
A disputa pelo comando da Fenaj ainda pode parar na Justiça, dependendo da análise da comissão eleitoral sobre o pedido de impugnação de candidatura feito no início da semana pela chapa derrotada.
A previsão era de que o resultado oficial fosse declarado ainda quinta-feira (08/07), quando foi encerrada a votação em todo o país. A demora na apuração também se deve à decisão da comissão eleitoral local de anular a eleição no município do Rio.
Segundo a comissão eleitoral nacional, a capital fluminense registrou uma série de irregularidades na votação. Pra se ter uma idéia dos problemas, algumas urnas apresentaram número maior de votos do que aquilo que havia sido registrado. Com isso, foram anulados os cerca de 280 votos computados no segundo maior colégio eleitoral do país.
Tapetão
O resultado, porém, ainda depende de manifestação definitiva da comissão eleitoral. A oposição acusa os adversários de utilizarem recursos públicos e a própria estrutura da Câmara dos Deputados para promover a campanha eleitoral. A chapa vencedora tem até segunda-feira (12/07) para apresentar sua defesa à comissão eleitoral nacional. O colegiado decidiu na última quarta-feira acatar, de forma preliminar, o pedido de impugnação de candidatura feito pela chapa 2 (Uma Outra Fenaj é Possível).
A base da denúncia está na distribuição, via Correios, de material eleitoral com o carimbo de ‘porte pago pela Câmara dos Deputados’. Segundo a chapa 2, houve ‘transgressão eleitoral, uso impróprio de recursos públicos em campanha sindical, interferência inaceitável de estruturas do poder público em pleito sindical e grosseira violação da ética dos jornalistas e do funcionalismo público’.
A chapa 1 alega que o jornal de campanha foi distribuído por iniciativa própria de deputados que apóiam a candidatura e que não houve uso da máquina administrativa. A ‘Mais Fenaj’ irá sustentar a defesa em dois pontos: na falta de sustentação da acusação e na intempestividade do pedido de impugnação.
‘Eles não nos acusam no pedido, apenas pedem a apuração dos responsáveis. Como eles admitem não saber quem são os responsáveis, não caberia pedir a impugnação da nossa candidatura. Além disso, o pedido deveria ter sido feito três dias depois do vencimento do prazo para registro de chapa’, alega Maria José Braga, candidata à primeira-tesouraria e representante da chapa junto à comissão eleitoral nacional.
O candidato derrotado, Beto Almeida, ainda acredita na reversão do resultado da eleição. ‘Se aquilo for tolerado, será um marco negativo na história política e sindical do país’, diz. Os representantes da chapa se reuniriam na noite desta sexta-feira para decidir as próximas providências a serem tomadas. Segundo ele, o grupo analisa a possibilidade de recorrer à Justiça, caso a comissão eleitoral rejeite o pedido de impugnação.
A chapa da situação promete tomar o mesmo caminho, caso o recurso apresentado pelos adversários seja aceito e prejudique a posse da nova diretoria. A posse da diretoria, que reúne alguns nomes da atual, está prevista para o dia 08 de agosto, durante o encerramento do XXXI Congresso Nacional dos Jornalistas, em João Pessoa.
Quorum baixo
Apesar do clima quente entre as duas chapas, a eleição da Fenaj não empolgou a categoria. Dos 13.328 jornalistas aptos a votar (já excluídos os cariocas) compareceram às urnas, cerca de 5 mil votaram. Desde 1989 não havia disputa entre duas chapas pelo comando da entidade. Caso não tivesse sido atingido o quorum mínimo de 30% dos votantes, a comissão eleitoral teria de convocar nova eleição. Em todo o estado de São Paulo, de longe o maior colégio eleitoral do país, pouco mais de 650 jornalistas votaram.
No Rio a eleição foi anulada. Alberto Elias Jacob, diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio, explicou que houve uma diferença entre o número de jornalistas que votaram em algumas urnas itinerantes, de acordo com o mapa eleitoral, e o número de votos. ‘No sindicato, não houve irregularidade. Cotabilizamos 66 votos para a Chapa 1, 72 para a Chapa 2 e três em branco. Foram exatamente 141 votos’.
Jacob conta que a decisão de anular a eleição no Rio partiu das duas chapas, que, juntas, entenderam que só os votos apurados no sindicato não correspondiam à vontade dos eleitores.’